03/08/2011 17:41:15 (#423) - Escalada do Dedo de deus pela via Teixeira - 99 anos após a conquista
Depois da minha longa temporada em Salinas, onde escalei 9 vias no Pico Maior e Capacete, no dia 28 à noite, o Pedro, Aline e eu fechamos nossas contas, jogamos todas as tralhas no porta malas, nos despedimos do Sérgio e da Rô e pegamos estrada rumo a Teresópolis, onde chegamos 1h30 depois.
Em terê ficamos hospedados no Camping 5a. da barra, onde é possível ficar em um trailer (confortável e barato) e, no dia seguinte, acordamos cedo, colocamos tudo no carro e fomos até as lanchonetes na estrada de acesso à Teresópolis onde deixamos o carro e começamos a caminhada rumo ao Dedo de deus.
Eu havia escalado o Dedo esse ano com o Victor há exatos 1 mês - pelas vias face Leste com Maria Cebola e Diedro Salomith - e, dessa vez, voltei para subí-lo pela via da sua conquista, em 1912, chamada Teixeira 3° III+ A1, nome de um dos conquistadores do início do século XX.
O início da subida é pela estrada, em uma pirambeira no meio da mata onde, após 40 minutos, chega-se aos primeiros lances com cabo de aço. De lá mais uns 40 - 50 minutos alternando mais trilha e mais cabos de aço até a base da via.
Na base nos equipamos e logo comecei a guiar a primeira enfiada da via, sendo seguido pela Aline e pelo Pedro, que logo guiou a 2a., e mais chata enfiada, uma chaminé super apertada, sendo logo seguido por nós dois. De lá continuei pela enfiada mais curta, feita toda em artificial puxando pelas costuras - e com as mãos sangrando por causa de muitos ralados na chaminé - onde dei seg para que também subissem.
De lá mais uma chaminé guiada pelo Pedro (que "adora" chaminés), só que essa bem mais tranquila que a primeira, e da 4a. parada segui direto até a base da escada que leva ao cume do dedo.
Logo que a Aline e o Pedro subiram seguimos pela escada até o cume, onde encontramos outros 4 escaladores que haviam subido pela face Leste, tiramos algumas fotos, comemos um lanche e, depois de ficar olhando de longe o Garrafão, Caledônia, 3 Picos e, de perto, o Dedo de Nsa Sra, Escalavrado, etc. começamos a descida de volta, feita pela mesma via.
A descida foi tranquila e, logo que chegamos no carro, aproveitamos para um bom pastel na lanchonete e depois seguimos caminho de volta para São Paulo.
O retorno foi bem cansativo, principalmente por causa de trânsito na saída do Rio de Janeiro e, depois de outras longas horas, passei o volante para o Pedro (quando saímos da Dutra para a Dom Pedro), sendo que só acordei quando já estávamos chegando na casa da sua mãe, em Itatiba, onde passamos a noite.
No dia seguinte acordamos sem muita pressa, tomamos café da manhã e, pouco antes do almoço, a Aline e eu pegamos estrada de volta pra São Paulo para um merecido descanso.
Essa subida do dedo foi bem interessante. Além de ser a via original da conquista, havíamos assistido o filme Caminho Teixeira, que ilustra a conquista, no dia anterior enquanto ainda estávamos em Salinas. Além disso foi, para todos nós, uma via inédita.
Algumas das imagens podem ser vistas no link Escalada dedo de deus - via Teixeira.
Enviado por Tacio Philip às 17:41:15 de 03/08/2011
28/07/2011 13:44:41 (#422) - Escalada da via Devaneios do Repouso no Capacete, Salinas - PE 3 Picos
Depois de passarmos quase toda a tarde de 3a. feira, em Nova Friburgo, brigando para conseguir um local onde pudessemos acessar internet com nossos computadores e também brigando para encontrar uma copiadora que tivesse o "trabalho" de fazer algumas cópias de croquis, no começo da noite jantamos uma pizza e por volta das 22h30 buscamos a Aline na rodoviária e seguimos de volta para o abrigo.
Ontem, dia 27, acordamos cedo, fizemos nosso café da manhã e logo saímos rumo ao Capacete. Depois de deixarmos o carro, seguimos por trilha e antes das 10h estávamos na base de uma via que eu tinha começado a escalar por engano em 2009, achando que era a CERJ, e agora achava que era a Devaneios, via que pretendíamos escalar.
O Pedro entrou guiando a 1a. e tensa enfiada em aderência e cristais e fez uma parada na 3a. proteção, a uns 30 metros do chão, pois tinhamos receio de a corda não dar até a 1a. parada de verdade já que o croqui mostrava o 1o. grampo como a 1a. parada. Subimos então a Aline e eu e então eu segui por onde acreditava ser a via. Aos poucos passei ao lado da laca onde eu havia abandonado um cordelete para rapelar há 2 anos atras (ele ainda esta lá), coloquei uma proteção e continuei esticando a corda até um diedro onde pude proteger melhor.
De lá montei para esquerda do diedro, em uma linha bem obvia, e segui mais uns metros até onde poderia haver uma parada, mas não tinha. Lá olhei para todos os lados, subi um pouco, desci um pouco, dei uma volta e nada de achar sequer um grampo "P". Em uma das olhadas percebi uma coisa: estava, mais uma vez, na via errada! A Devaneios começava por uma lingua de pedra bem paralela a nós, a direita.
Sem ter o que fazer além de descer abandonei mais um cordelete em um bico de pedra (me lembrando dos rapéis patagônicos), rapelei de volta ao P onde estavam o Pedro e a Aline e de lá rapelamos de volta ao chão.
Desanimados com o erro e a perda de tempo cogitamos entrar na CERJ ou voltar para o abrigo, mas ai o Pedro foi até a P1 da Devaneios do Repouso - D3 5o. VI (A0/VIIb) E3 350m - e disse que ele guiaria aquela enfiada. Sem perder tempo decidimos escalá-la e logo que ele chegou na P2 (começamos a via direto da P1, entrando por uma linha horizontal) a Aline e eu seguimos para cima.
Logo na saída da P2 vem o crux da via, um lindo diedro que começa em um lance bem forte de 7b (que eu fiz em artificial móvel) e depois segue mais tranquila como 6o. grau até a parada.
A saída da P4 foi uma saída tensa, o Pedro saiu guiando e, em um erro de interpretação do croqui, seguiu em diagonal por uma fenda para direita em vez de linha reta para cima. Depois de notarmos o erro teve que desescalar e ai sim entrar no lance correto da via, onde tem uma chapa completamente camuflada na rocha (da mesma cor, só de perto é possível vê-lo).
Depois disso veio uma enfiada razoavelmente tranquila, toda em móvel, até a P5, de onde dei seg para que a Aline e o Pedro também subisse. De lá, novamente com o Pedro guiando, ele praticamente esticou a corda até a P6, passando pelo lance em livre mais difícil da via (um 6o. complicado e um pouco exposto) e na sequência segui guiando a próxima enfiada, quase totalemente em móvel e com o Sol já desaparecido no horizonte. Fui seguindo o que parecia mais óbvio e algumas marcas na rocha até que, quando eu achava que já estava fora da via, encontrei o P da parada 7, de onde dei seg para a Aline e o Pedro que chegaram com as últimas luzes do dia, se não tivesse encontrado essa parada provavelmente teríamos nos metido em um pouco mais de roubada.
Já com headlamp na cabeça o Pedro seguiu pela última enfiada, sendo seguido por mim e pela Aline, e de lá seguimos caminhando para o cume, onde chegamos às 18h45! No cume uma pausa para lanche, tentar assinar o livro (só tentar porque a caneta não funcionava), fazer algumas fotos e depois descer. Rapelamos mais uma vez pela Sergio Jacob e às 20h estávamos na base do Capacete seguindo a trilha para o carro, onde chegamos às 21h.
No abrigo fizemos o jantar e logo fomos dormir. Hoje acordamos ainda cansados e não fomos escalar, só demos uma saída de carro em uma tentativa frustrada de subir o Caledônia por um caminho para 4x4 (caminho fácil, mas com muitas árvores fechando a estrada). Daqui a pouco arrumaremos as coisas e seguiremos para Teresópolis, onde passaremos a noite.
Veja no link Escalada Devaneios do Repouso - Salinas algumas fotos.
Enviado por Tacio Philip às 13:44:41 de 28/07/2011
26/07/2011 17:25:48 (#421) - Pausa em Nova Friburgo entre escaladas e mais escaladas em Salinas (PE 3 Picos)
Depois de vários e vários dias de escaladas com o Pedro no Parque Estadual 3 Picos, passaram-se também alguns dias de descanso, um dia de descanso obrigatório por causa de chuva e ontem um outro dia de "meio" descanso, já que fiz alguns boulders com o Sérgio Tartari e Ramiro (um Argentino que estava por aqui).
Hoje estamos em Nova Friburgo onde, finalmente, depois de muita procura, conseguimos achar uma internet wireless para acessarmos e atualizarmos nossos sites (na praça de alimentação do shopping Cadima - grátis no 1o. acesso, só precisa se cadastrar). Agora ficaremos enrolando um bom tempo pela cidade e, por volta das 22h15, a Aline chega para escalar conosco amanhã e 5a. feira. Se tudo correr bem ainda escalaremos mais alguma coisa antes do nosso retorno para São Paulo, no Sábado.
Agora vou dar uma volta pela cidade, procurar local para tirar cópias de croquis, comer e sei lá mais o que. Amanhã mais e mais escaladas nas montanhas do PE 3 Picos, conhecido pelos escaladores como Salinas!
E aproveite para ver aqui no meu site os relatos e fotografias das escaladas em Salinas.
Enviado por Tacio Philip às 17:25:48 de 26/07/2011
25/07/2011 16:03:57 (#420) - Escalada da via Abracadabra do Pico Maior de Friburgo, Salinas - PE 3 Picos
Depois de um dia de descanso obrigatório por causa da chuva, ontem, dia 24, o Pedro e eu subimos mais uma vez para o Pico Maior de Friburgo.
Mesmo com o clima não muito amigável, seguimos a longa trilha que leva à base da via Abracadaba D3 6o. VI+ (A0/VIIb) E3 300m, na face Noroeste do Pico Maior de Friburgo. Na base nos equipamos, deixamos os tênis e uma das águas na base e logo o Pedro começou a escalada da 1a. enfiada da via. Na sequência o segui e sem perder tempo segui pela 2a. enfiada, um lindo diedro que ora é escalado como chaminé, ora escalado em opisição ou com entalamento de mão, realmente muito bonito.
Da 2a. parada dei seg para o Pedro e antes dele começar a 3a. e longa enfiada aproveitei para vestir o anorak. Eu já estava com 2 calças e com uma blusa mas o frio e o vento começava a nos castigar.
Da 3a. parada segui por uma enfiada bem curta, por uma canaleta e depois uma travessia até a 4a. parada e de lá o Pedro seguiu pelo crux da via, um começo em lances de aderência e depois um lance cotado em 7b ou A0, sendo que o fizemos em artificial.
Subi para a 5a. parada e de lá continuei pela última enfiada até o final da via, bem próximo ao final da via Cidade dos Ventos. Um pouco abrigados do vento, mas mesmo assim com bastante frio, fizemos um lanche, guardamos o que não precisaríamos e começamos a descida pela Cidade até a base da parede. Lá enquanto o Pedro enrolava as cordas fui na base da Abracadabra resgatar nossos tênis e depois seguimos pela trilha de volta ao carro e depois ao abrigo.
No abrigo preparamos o jantar, tomamos um banho e logo fomos dormir. A ideia hoje era ter ido para as Torres de Bonsucesso mas eu sequer ouvi o despertador tocar às 4h50 e 5h da manhã. Agora estamos aqui no abrigo e na hora do almoço tentaremos atualizar os nossos sites com as novidades.
Veja no link Escalada Abracadabra - Salinas algumas fotos.
Enviado por Tacio Philip às 16:03:57 de 25/07/2011
23/07/2011 16:02:28 (#419) - Escalada da via No Mundo da Lua no Pontão do Sol do Pico Maior de Friburgo, Salinas - PE 3 Picos
Ontem, depois de termos tido um dia de descanso depois da escalada da via Arco da Velha, no dia 20, no Pico Maior de Friburgo, resolvemos escalar alguma via no Pontão do Sol.
Acordamos cedo, pouco antes das 7h, tomamos nosso café da manhã e seguimos de carro até o Mascarin, ponto mais alto onde se chega de carro. De lá seguimos caminhando para a base do Pontão do Sol (cerca de 1h de caminhada) e resolvemos entrar na via Segredo do Sol D3 6o VIIa E3 280m. Como o acesso a base dessa via é um pouco chato, decidimos fazer uma variante que sai do mesmo platô das vias Sol Celeste e No Mundo da Lua.
O começo dessa variante é bem tranquila, começa por uma travessia horizontal, passa por um grampo P (provavelmente usado para acessar a base da trilha para a via) e continua seguindo sempre em diagonal, quase horizontal, para a esquerda. Eu fui seguindo e, pelo croqui, eu deveria seguir para cima assim que eu chegasse em uma fenda, e assim o fiz. Logo que cheguei em uma fenda consegui colocar uma proteção meio duvidosa e comecei a ir para cima. Pouco tempo depois a fenda acaba, segui por alguns abaulados e logo mais uma fenda rasa e aberta, onde mal consegui colocar outra peça (e que não sei se seguraria uma queda).
O caminho foi piorando e depois de algum tempo vi na minha direita a 1a. parada e um outro grampo P da via Sol Celeste e, pouco para minha esquerda, acima, um outro grampo P, onde achei que fosse a 1a. parada da via.
Continuei a escalada por alguns outros lances tensos e logo estava no grampo P. De lá dei seg para o Pedro que logo se juntou a mim e depois saiu escalando para cima à procura das próximas proteções da via.
Mas o que aconteceu é que estávamos no lugar errado! A travessia devia ter sido feita continuando por baixo até uma fenda com mato ao lado, não a fenda que eu havia escalado. Com isso, mesmo tendo intensionalmente esse P há 60m da base das vias, eu havia escalado uma enfiada de 5o. E4, ou seja, muito exposta! E, para piorar, achando que estávamos na parada certa o Pedro subiu uns 10m em lance totalmente exposto, sem uma proteção sequer, até termos certeza que estávamos no lugar errado e ter que desescalar um bom trecho e fazer uma travessia até um dos grampos da Sol Celeste.
Vendo que estávamos errados conseguimos ver onde a via Segredo do Sol realmente estava (a uns 15m a nossa esquerda estava a canaleta da sua 2a. enfiada) e tentei inclusive fazer uma travessia até ela, caminho que desisti na metade pela exposição e incerteza se eu chegaria mesmo até a fissura.
De volta à parada decidimos descer e entrar em algo mais light, o nosso psicológico já tinha sido afetado e continuar nessa via seria apenas stress, não curtição. De volta ao chão fizemos então um lanche e entramos na via No Mundo da Lua D2 4o. V+ E3 300m, uma linda via que começa com lances em aderência e segue por 6 longas enfiadas até o topo do Pontão do Sol, com lances de todos os tipos, desde aderências, agarrões, cristais, fendas etc etc etc.
Essa subida foi rápida e logo chegamos em sua parada final, onde fizemos uma foto e começamos a descer (o clima estava mudando rapidamente e núvens começavam a nos rodear). A escida foi tranquila até o 4o. rapel quando, ao puxar a corda, ela se enroscou em uma laca e tive que escalar até lá para liberá-la (e era em um lance fora da via e razoavelmente exposto). Tirando isso o resto foi tranquilo e 2 rapéis depois estavamos no chão fazendo outro lanche e descendo a trilha até o carro.
De volta ao carro mais 20 min de quase-trilha até o abrigo e em seguida o merecido jantar, banho e cama.
Hoje acordamos cedo - como sempre - e logo o Pedro sugeriu descansarmos um pouco mais e só escalar algo light de tarde, eu, como também estou sentindo o cansaço de tantos dias escalando, logo topei. Poucos minutos depois o Pedro levantou e disse que tínhamos outro motivo para não escalar: estava chovendo!
Hoje choveu o dia todo - uma garôa fina que vai e volta - e ficamos no abrigo ajudando o Sérgio na produção de cerveja artesanal, fomos almoçar aqui perto e depois mais um tempo enrolando, vendo filme, mexendo no computador etc. Agora dependemos da melhora do clima para ir para a próxima via, vamos ver se amanhã acordamos com tempo seco.
Veja no link Escalada Pontão do Sol - Salinas algumas fotos.
Enviado por Tacio Philip às 16:02:28 de 23/07/2011
21/07/2011 14:32:48 (#418) - Escalada da via Arco da Velha no Pico Maior de Friburgo, Salinas - PE 3 Picos
Ontem, dia 20 de Julho, o Pedro e eu madrugamos por volta das 3h15, sem muita pressa fizemos o café da manhã, acabamos de arrumar as coisas e antes das 5h estávamos seguindo de carro até o Mascarin onde, às 5h10, começamos a caminhada rumo ao Pico Maior de Friburgo - dica: o lance final da estrada, logo após a porteira, está péssima até para veículos 4x4.
Ainda no escuro, iluminando o caminho com as headlamps, subimos devagar apreciando o mar de núvens e céu que começava se iluminar até que, às 6h30, junto com os primeiros raios de Sol, chegamos na base da via Arco da Velha D4 6o. VIIa E3 700m.
Na base nos equipamos e, às 6h57, comecei a guiar a primeira enfiada da via. Ela começa em movimentos bem tranquilos, quase uma caminhada, e nas enfiadas seguintes, sempre alternadas entre o Pedro e eu, vai ganhando altura e dificuldade.
Para chegar na 4a. parada o Pedro fez uma travessia e, de lá, a via segue por 5 enfiadas espetaculares, bem verticais, na parede principal do Pico Maior sempre com a presença de grandes abaulados - inclusive uma delas é o primeiro crux, uma enfiada de 6o. grau protegida em móvel (pequenos nuts) por uma parede levemente negativa.
De lá continuamos a escalada e, depois de se perder um pouco, o Pedro chegou em uma parada da Decadance, via que eu havia feito há 2 anos. Lá nos "achamos" e, de volta à Arco, me preparei para entrar no crux da via, uma enfiada de 7a.
O começo da enfiada é uma travessia vertical para direita com duas chapas e logo ela começa a seguir em linha reta para cima em uma longa sequência, e desprotegida, de minusculos regletes e cristais. Aos poucos fui subindo, a última proteção foi ficando para baixo, próximo do platô, até que consegui subir o pé no "cristal chave" do lance, onde basta se equilibrar sem apoios para as mãos, subir esticando a perna e costurar em uma chapeleta. Mas, quando estava nesse movimento, há uns 30 cm da chapeleta, me desequilibrei e voei. Só deu tempo de gritar: "QUEDA!" e depois sentir minhas costas e cabeça batendo na parede de cabeça para baixo bem abaixo do platô (felizmente não aterrisei no platô e estava, como sempre, de capacete!). Pelos cálculos do Pedro eu voei pelo menos uns 10 metros!
Pendurado pela corda o Pedro perguntou se eu estava bem - eu estava, não havia machucado, mas estava muito adrenado - e então pedi que me descesse um pouco para que eu fosse até a parada. Lá alguns minutos descansando, esperando a adrenalina abaixar e, novamente, lá vou eu para o lance da via. Uma coisa que me animou foi uma frase do Pedro: "normalmente é assim, você cai na primeira vez e na segunda não cai mais". E, com isso na cabeça, voltei para o lance, agora já sabendo onde estavam as minusculas agarras, e fiz o lance.
De lá dei uma roubadinha puxando na costura, depois em umas arvorezinhas e venci então o lance vertical da parede, entrando em uma fenda aberta onde consegui proteger com alguns friends. Seguindo foi uma travessia para a direita e, já na parada, dei seg para que o Pedro se juntasse a mim e seguisse guiando a próxima e última enfiada da via, uma canaleta também muito tensa.
No final da 14a. parada a via emenda nas vias Leste ou Decadance, então preferi seguir pela chaminé da Decadance, indo até a última parada da Leste, onde logo chegou o Pedro e seguiu para o cume, onde cheguei ãs 15h37.
No cume algumas fotos e às 16h começamos a descida para a cabeça da via Cidade dos Ventos. De lá uns 5 rapéis e estávamos de volta ao chão observando o pôr-do-Sol - e aproveitamos para resgatar a corda de um pessoal que havia ficado presa em um grampo.
Agora, tendo deixado o mundo vertical e de volta ao chão, seguimos pela trilha até próximo da base do Capacete - onde os dois escaladores, de Brasília e Recife aguardavam pela corda - e seguimos, mais uma vez, a trilha de descida que nos levou de volta ao carro.
Mais 20 min de estrada e chegamos no abrigo, na hora exata que o Sérgio servia umas pizzas então entramos no rodízio (junto com algumas cervejas artesanais que ele está fabricando!). Pouco tempo depois, com o sono e cansaço batendo forte, tomei um banho e, antes das 21h estava na cama.
Hoje acordei tarde e fiquei baixando as fotos da câmera e comecei a escrever o relato. Daqui a pouco desceremos para fazer compras, almoçar, e, se acharmos, acessar internet. Amanhã devemos escalar algo mais light mas logo entraremos em outras vias fortes, já temos uma lista de vias aguardando nossa escalada.
Veja no link Escalada Arco da Velha - Salinas algumas fotos.
Enviado por Tacio Philip às 14:32:48 de 21/07/2011
19/07/2011 14:23:05 (#417) - Escalada da via Trapos e Trapanos no Capacete, Salinas - PE 3 Picos
Na 2a. feira, dia 18 de Julho, o Pedro e eu acordamos cedo, tomamos café e por volta das 7h15 começamos a caminhada, mais uma vez, rumo ao Capacete. Como era nossa 4a. subida e o clima colaborava, a subida foi rápida e, por volta das 9h30, eu começava a guiar a primeira enfiada da via Trapos e Trapanos D3 6o. VIIa E3 450m.
As 4 primeiras enfiadas da via são em rocha positiva mas com pouquíssimas e minúsculas agarras, com muitos lances em aderência, o que deixou a escalada um pouco tensa. E, se não bastasse isso, depois vem a enfiada mais tensa da via, um VI grau em uma fenda e quase totalmente em móvel (foi uma das enfiadas mais tensas que já guiei, principalmente quando segui por um caminho pior na via).
Vencida a enfiada o Pedro seguiu guiando a próxima, o verdadeiro crux da via, em um lance no final da enfiada cotado em 7a. Eu, estando de segundo, e já me desestressando da enfiada anterior, fui mais tranquilo e não tive problemas e passei bem o crux e me juntei ao Pedro na parada.
De lá a via segue tranquila em lances de no máximo 4o. grau até o cume, onde chegamos por volta das 14h15 para, mais uma vez, assinar o livro de cume, fazer um lanche, algumas fotos e depois rapelar pela Sérgio Jacob e descer a trilha de volta ao abrigo, onde chegamos por volta das 17h.
Depois de um merecido banho e jantar capotei na cama antes das 21h e hoje acordei 8h, tarde para o padrão aqui. Hoje é dia de descanso, colocar as coisas em ordem e amanhã, mais uma vez, subir para as montanhas para escalar. O nível das vias já está ficando bem interessante e temos bons planos em mente.
Veja no link Escaladas no Capacete - Salinas algumas fotos.
Enviado por Tacio Philip às 14:23:05 de 19/07/2011
18/07/2011 14:20:49 (#416) - Escalada das vias Fata Morgana e Sérgio Jacob no Capacete, Salinas - PE 3 Picos
Depois de um dia de descanso passeando em Nova Friburgo (RJ), dia no qual não achamos um um cyber café aberto e a conexão 3G do Pedro estava pior que as antigas conexões discadas com modem 28.8kbps, voltamos para o abrigo no final da tarde, preparamos nosso jantar e antes das 21h estávamos na cama.
No dia seguinte, Domingo, 17 de Julho, acordamos mais cedo que o usual, dessa vez às 6h e às 6h30 tive coragem de sair da cama. O Pedro e eu tomamos nosso café da manhã, preparamos o lanche para o dia, acabamos de arrumar as coisas e por volta das 7h30 começamos a caminhada mais uma veza rumo ao Capacete.
A caminhada foi mais tranquila que nos dias anteriores por ser mais cedo e, com isso, a temperatura ainda estar mais amena. Às 9h30 já estava guiando a primeira enfiada da via CERJ (que havíamos escalado 2 dias atras) e da segunda o Pedro seguiu para a via Fata Morgana D3 5o. V+ E3 280m.
A via é muito bonita e correu tudo bem. Fomos alternando as guiadas até que, por volta das 13h, chegamos ao seu final, junto com o final da via CERJ. De lá uma caminhada para assinar o livro de cume mais uma vez e rapelar de volta ao chão pela via Sérgio Jacob.
Na base do Capacete mais um lanche, mais um pouco de água então fomos escalar a via que costumo usar para o rapel, a Sérgio Jacob D2 5o. V E3 150m. Apesar de não ser muito popular essa via vale a pena. Ela começa em uma sequência bem vertical com grandes cristais e depois passa para lances com pequenos abaulados e aderências.
A escalada foi bem rápida e, assim que chegamos a sua última parada, preparamos mais uma vez os rapéis (3 rapéis com corda dupla) que nos levaram de volta ao chão onde as mochilas nos aguardavam.
Agora acabamos de jantar, as mochilas já estão prontas para amanhã (mais uma vez Capacete) e estou indor dormir, afinal já é tarde (19h50!) e amanhã acordaremos bem cedo mais uma vez.
Veja no link Escaladas no Capacete - Salinas algumas fotos.
Enviado por Tacio Philip às 14:20:49 de 18/07/2011
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