Depois de passarmos quase toda a tarde de 3a. feira, em Nova Friburgo, brigando para conseguir um local onde pudessemos acessar internet com nossos computadores e também brigando para encontrar uma copiadora que tivesse o "trabalho" de fazer algumas cópias de croquis, no começo da noite jantamos uma pizza e por volta das 22h30 buscamos a Aline na rodoviária e seguimos de volta para o abrigo.
Ontem, dia 27, acordamos cedo, fizemos nosso café da manhã e logo saímos rumo ao Capacete. Depois de deixarmos o carro, seguimos por trilha e antes das 10h estávamos na base de uma via que eu tinha começado a escalar por engano em 2009, achando que era a CERJ, e agora achava que era a Devaneios, via que pretendíamos escalar.
O Pedro entrou guiando a 1a. e tensa enfiada em aderência e cristais e fez uma parada na 3a. proteção, a uns 30 metros do chão, pois tinhamos receio de a corda não dar até a 1a. parada de verdade já que o croqui mostrava o 1o. grampo como a 1a. parada. Subimos então a Aline e eu e então eu segui por onde acreditava ser a via. Aos poucos passei ao lado da laca onde eu havia abandonado um cordelete para rapelar há 2 anos atras (ele ainda esta lá), coloquei uma proteção e continuei esticando a corda até um diedro onde pude proteger melhor.
De lá montei para esquerda do diedro, em uma linha bem obvia, e segui mais uns metros até onde poderia haver uma parada, mas não tinha. Lá olhei para todos os lados, subi um pouco, desci um pouco, dei uma volta e nada de achar sequer um grampo "P". Em uma das olhadas percebi uma coisa: estava, mais uma vez, na via errada! A Devaneios começava por uma lingua de pedra bem paralela a nós, a direita.
Sem ter o que fazer além de descer abandonei mais um cordelete em um bico de pedra (me lembrando dos rapéis patagônicos), rapelei de volta ao P onde estavam o Pedro e a Aline e de lá rapelamos de volta ao chão.
Desanimados com o erro e a perda de tempo cogitamos entrar na CERJ ou voltar para o abrigo, mas ai o Pedro foi até a P1 da Devaneios do Repouso - D3 5o. VI (A0/VIIb) E3 350m - e disse que ele guiaria aquela enfiada. Sem perder tempo decidimos escalá-la e logo que ele chegou na P2 (começamos a via direto da P1, entrando por uma linha horizontal) a Aline e eu seguimos para cima.
Logo na saída da P2 vem o crux da via, um lindo diedro que começa em um lance bem forte de 7b (que eu fiz em artificial móvel) e depois segue mais tranquila como 6o. grau até a parada.
A saída da P4 foi uma saída tensa, o Pedro saiu guiando e, em um erro de interpretação do croqui, seguiu em diagonal por uma fenda para direita em vez de linha reta para cima. Depois de notarmos o erro teve que desescalar e ai sim entrar no lance correto da via, onde tem uma chapa completamente camuflada na rocha (da mesma cor, só de perto é possível vê-lo).
Depois disso veio uma enfiada razoavelmente tranquila, toda em móvel, até a P5, de onde dei seg para que a Aline e o Pedro também subisse. De lá, novamente com o Pedro guiando, ele praticamente esticou a corda até a P6, passando pelo lance em livre mais difícil da via (um 6o. complicado e um pouco exposto) e na sequência segui guiando a próxima enfiada, quase totalemente em móvel e com o Sol já desaparecido no horizonte. Fui seguindo o que parecia mais óbvio e algumas marcas na rocha até que, quando eu achava que já estava fora da via, encontrei o P da parada 7, de onde dei seg para a Aline e o Pedro que chegaram com as últimas luzes do dia, se não tivesse encontrado essa parada provavelmente teríamos nos metido em um pouco mais de roubada.
Já com headlamp na cabeça o Pedro seguiu pela última enfiada, sendo seguido por mim e pela Aline, e de lá seguimos caminhando para o cume, onde chegamos às 18h45! No cume uma pausa para lanche, tentar assinar o livro (só tentar porque a caneta não funcionava), fazer algumas fotos e depois descer. Rapelamos mais uma vez pela Sergio Jacob e às 20h estávamos na base do Capacete seguindo a trilha para o carro, onde chegamos às 21h.
No abrigo fizemos o jantar e logo fomos dormir. Hoje acordamos ainda cansados e não fomos escalar, só demos uma saída de carro em uma tentativa frustrada de subir o Caledônia por um caminho para 4x4 (caminho fácil, mas com muitas árvores fechando a estrada). Daqui a pouco arrumaremos as coisas e seguiremos para Teresópolis, onde passaremos a noite.
Veja no link Escalada Devaneios do Repouso - Salinas algumas fotos.
- enviado por Tacio Philip às 13:44:41 de 28/07/2011.
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