Já faz alguns anos que o Leandro e eu comentamos sobre fazer a travessia da Serra Fina em apenas 1 dia. O tempo foi passando, fomos amadurecendo a ideia, fui recuperando o condicionamento físico e principalmente psicológico e, aproveitando dois dias de folga do Leandro, essa semana pegamos estrada para colocar o plano em prática.
Depois de nos encontrarmos na 90 graus na 2ª feira, apenas para bater o martelo e conversar sobre o que levar, no começo da noite de 3ª feira busquei o Leandro no aeroporto e pegamos estrada. A viagem foi tranquila com pausa para jantar no "restaurante comandante" (prática comum) e, por volta das 22h30, estacionávamos o carro no bosque da estrada que leva à Toca do Lobo, no final onde é possível chegar de carro (agora o trecho final tem uma erosão gigante e acho que nem 4x4 passa mais).
Chegando lá colocamos o carro em um lugar plano, acabamos de preparar as coisas para a manhã seguinte e logo estávamos deitando no porta-malas para uma boa, mas curta, noite de sono.
Na 4ª feira, dia 23 de Setembro, o despertador tocou às 5h10, enrolamos uns poucos minutos e, com o céu começando a clarear, fizemos nosso café da manhã, colocamos as mochilas nas costas e, às 5h51, começamos a caminhada.
Saindo do carro antes da Toca do Lobo
Com a chegada da Primavera e, com ela, dias mais longos, na hora que começamos a caminhar já estava bem claro (inclusive devíamos ter saído antes). Fomos seguindo a estrada de terra, já ganhando altitude e, cerca de 20 minutos e 1,5 km depois, estávamos na Toca do Lobo, local onde oficialmente começa a trilha da travessia e primeiro ponto de água, onde aproveitamos para preencher nossos reservatórios.
De lá, a trilha começa com uma boa pirambeira, até alcançar a crista da serra, de onde podíamos ver o Sol alcançando o cume de algumas montanhas, entre elas, bem próximo de nós, o Pico da Gomeira, para o qual eu abri uma nova trilha, a partir da Garganta do Embaú, no começo do mês.
Continuamos a árdua subida em um bom ritmo, mas sem deixar de fazer algumas pausas para fotografias. Ao meu ver, a subida do Alto do Capim Amarelo é o "crux" (lance mais difícil nos termos da escalada) da travessia, com um longo e inclinado desnível de mais de 1000 m logo no começo do dia. Mesmo assim, aproveitando o frescor da manhã, subimos em um ritmo muito bom e, 2h20 depois da saída do carro, estávamos nos 2500 m de altitude de seu cume.
Cume do Alto do Capim Amarelo
No cume uma pausa um pouco mais longa para fotos, vídeo e, principalmente, descanso antes de encarar a continuação, que segue uma outra pirambeira, só que agora para baixo.
Fomos descendo a trilha, tomando cuidado para não nos perder logo na saída do cume (lá tem algumas trilhas falsas que enganam) e logo estávamos no colo seguindo rumo ao Morro do Melano, um complexo com diversos cumes que antecede a Pedra da Mina e com um visual espetacular para todos os lados.
A caminho da Pedra da Mina
Durante a caminhada sempre ficávamos de olho no relógio e fazíamos breves pausas para alimentação mais regulares, evitando assim esgotar o corpo durante a caminhada. Com a chegada na base da Pedra da Mina, em um dos riachos que a rodeia, fizemos uma pausa um pouco mais longa, trocamos a água dos camel por uma nova mais gelada e refrescante e então saímos rumo à subida final da montanha.
Água na base da Pedra da Mina
Subida final da Pedra da Mina
A subida final da Pedra da Mina é bem inclinada, mas ainda tínhamos bastante energia e estávamos empolgado com o tempo que tínhamos levado até lá, o que fez com que não demorássemos muito tempo até alcançar os seus 2798 m de altitude 5h57 depois de iniciarmos a caminhada.
Cume da Pedra da Mina
No cume, com uma visão 360º espetacular das montanhas ao nosso redor (nunca tinha pego a atmosfera tão limpa), mais uma pausa para lanche, água, fotos, vídeos, assinar o seu livro de cume e então, mais uma vez, seguimos nosso caminho, que ainda seria bem longo. Até esse trecho tínhamos percorrido aproximadamente 1/3 da quilometragem da travessia e metade do desnível total.
Atravessando o cume da Pedra da Mina
Mesmo fazendo várias pausas para fotos seguimos nosso caminho e logo estávamos novamente na base da Pedra da Mina, só que agora do seu lado oposto, no Vale do Ruah. Neste labirinto de Capim Elefante tomamos cuidado para não sair de uma boa trilha que encontramos e fomos seguindo, em um bom ritmo, até atravessá-lo e pararmos, por volta das 13h, no último ponto de água, onde completamos nossos reservatórios antes de sair crista acima.
Última água no vale do Ruah
A essa hora o cansaço já começava a pegar mais forte mas, mesmo assim, seguíamos em um bom ritmo, chegando por volta das 14h40 no Cupim de Boi, onde fizemos mais uma boa pausa para comer e descansar antes de encarar a última subida mais inclinada do dia, a que leva ao cume do Pico dos 3 Estados.
Cume do Cupim de Boi
Do alto dos 2542 m do Cupim de Boi descemos bastante até o colo e logo seguimos para cima, pela trilha inclinada dos 3 Estados. Apesar de lembrar como essa subida era cansativa, não nos abatemos, abaixamos a cabeça e fomos subindo, chegando ao cume perto das 15h50 praticamente sem parar, em um ritmo mais lento só que constante.
Cume do Pico dos 3 Estados
Depois de mais uma pausa e com uma espetacular vista para Itatiaia e do caminho que tínhamos passado (o que rendeu mais fotos e vídeos) seguimos nosso caminho, novamente para baixo, até chegar na última (finalmente) subida do dia, a que nos levou ao topo do cume Leste do Alto dos Ivos. Chegamos ao seu cume já com as últimas luzes do dia, por volta das 17h20, e notadamente cansados.
Vista do cume do Pico dos 3 Estados
Sabendo que ainda faltava um bom trecho seguimos nosso caminho, agora descendo cada vez mais, ora passando por trechos mais fechados, ora por trechos mais abertos. Com a descida íamos notando também a mudança na vegetação, que deixava de ser campo de altitude para ser uma mata mais verde e fechada.
Cume Leste do Alto dos Ivos
Com o final da luz fizemos mais uma pausa para pegar as headlamps, nos alimentar e novamente voltamos a caminhar, sempre para baixo e desligando o cérebro, só deixando as pernas se moverem e indo andando, andando, andando até que chegamos ao final da trilha mais fechada, onde há a bifurcação que, para esquerda, nos levaria ao Sítio do Pierre (saída tradicional) ou, para a direita, em um caminho que eu ainda não conhecia, nos levaria direto à Garganta do Registro. Como não podia deixar de ser, fomos pelo desconhecido.
Apesar de seguirmos uma antiga estrada, a trilha não é muito aberta, atravessando alguns trechos com mais mato, o que atrapalhava um pouco a progressão. Fomos seguindo, estranhando que estávamos ganhando um pouco de altitude (ainda estávamos acima dos 2000 metros), fizemos só uma pausa rápida em um dos pontos de água que passamos e então, depois de pelo menos 1 h nessa "estrada", chegamos a um mirante de onde podíamos ver, bem abaixo de nós, a nossa meta do dia (a uns 300 m de desnível abaixo).
De lá, a trilha seguiu pela "trilha das bromélias", uma trilha bem inclinada que nos levou até o Hotel São Gotardo. Mais alguns minutos de caminhada, finalmente atravessávamos o portão e saíamos na Garganta do Registro, bem cansados mas realizados, 14h38 depois de iniciarmos a caminhada. Ao total percorremos 31,6 km com um desnível acumulado de 3051 m de subida e 2886 m de descida.
Final da travessia da Serra Fina na Garganta do Registro
Ainda, para completar a travessia, a Patrícia, com quem eu tinha combinado o resgate, não estava lá. Com as banquinhas fechadas fomos então até a lanchonete para comer e beber água enquanto tentávamos ligar para ela e falar onde estávamos (eu já suspeitava que ela poderia estar na saída do Sítio do Pierre, onde as pessoas costumam sair da travessia). Sem conseguir contato e com a noite avançando, o jeito foi conseguir uma carona em um caminhão que nos levaria até Itamonte, de onde veríamos o que fazer para chegar onde havíamos deixado o carro. Entretanto, na descida, ao chegar a área na saída do Sítio do Pierre, vi um Uno, que provavelmente seria dela e, como caminhão parando para checarmos, vimos que realmente era!
Mesmo estando puto da vida (principalmente pelo cansaço - já eram quase 22h), dava pra entender que não é muito comum alguém sair da travessia na Garganta e, naquela hora, o importante era termos nos encontrado e, com isso, nosso retorno para o carro estava garantido.
Com tudo resolvido seguimos nosso caminho e, perto das 23h, a Patrícia nos deixava no carro, de onde seguimos para a estrada para um merecido jantar de resto de comida em um restaurante antes de descermos a serra para nos hospedar em Cruzeiro
Leandro e eu no final da travessia
Inclusive, quem precisar de transporte na Serra Fina e região, acesse o perfil no FB da Patrícia e entre em contato com ela - não esqueça de dizer que achou o contato comigo. Mesmo com o desencontro, não a culpo e ela cumpriu bem o tratado (e agora vai ficar mais esperta quando alguém falar que vai sair na Garganta e não no Pierre :-P).
No dia seguinte, depois de uma boa noite de sono em uma cama, acordamos, tomamos nosso café da manhã, demos uma andada pelo centro de Cruzeiro e então seguimos nosso caminho, parando na Dutra para almoço e depois na Dutra Máquinas, já em São Paulo, para olhar ferramentas (o Leandro só conhecia o site, não a loja física).
De lá, na metade da tarde deixei o Leandro em sua casa e logo depois chegava na minha, destruído de cansaço mas realizado de ter feito a Serra Fina em apenas um dia.
E essa travessia praticamente fecha a temporada 2015 de montanhismo (e com estilo). Essa foi, com certeza, uma das caminhadas mais difíceis que fiz e foi a mais longa com maior desnível em apenas um dia. É a típica caminhada onde você percebe que "chutou" seus limites e zona de conforto um pouco mais para longe, te deixando pronto para planejar e encarar "roubadas" maiores! Valeu pela parceria Leandro!
Playlist com todos os vídeos da travessia
Algumas das muitas fotos feitas durante este longo e cansativo dia podem ser vistas aqui no meu site no link Travessia Serra Fina em um dia.
Enviado por Tacio Philip às 18:10:53 de 25/09/2015
Depois da abertura da nova trilha para o Pico da Gomeira via Garganta do Embaú, no começo de Setembro precisei dar uns dias de descanso para meu corpo antes de me enfiar em mais uma "roubada".
Como o Iron Maiden havia acabado de lançar o álbum The Book of Souls e, uma das suas músicas, logo que lançada, se tornou épica: a Empire of the Clouds, com seus 18 minutos de duração e com trechos em piano, uma das coisas que a Lorena e eu fizemos, durante o longo feriado de independência e descanso na região de Capivari, foi tirá-la de ouvido, no teclado. Pode-se dizer que levamos quase 2 dias desenferrujando os ouvidos e mãos até conseguir chegar a algo razoável, que acabou rendendo, no 3º dia "brincando" no teclado (dia 8) ao vídeo que publiquei no meu canal do youtube (me acompanhe para vídeos dos mais diversos temas, confira!).
Iron Maiden - Empire of the Clouds (cover on keyboard/piano)
Ainda trabalhando nos vídeos, na mesma semana coloquei no ar também uma vídeo dica sobre Photoshop, uma das aulas que fazem parte do meu Vídeo Curso Photoshop para Fotógrafos. O restante da semana e o final de semana seguinte continuaram tranquilos, nada além do cotidiano em São Paulo, Capivari e, na 2ª feira, dia 14, um belo pedal com o Alessandro na região de Itu/Salto/Indaiatuba, dando um total de mais de 72 km e, em uma das descidas, chegando a 77,5 km/h (quando será que vou ultrapassar a "barreira" dos 80?).
Dica Photoshop: tratamento de imagem (Levels, Curves, USM, Resize, Save as) - fotografia de show
Nesta mesma semana mais um vídeo no ar, agora uma das aulas do meu Vídeo Curso Macrofotografia e Close-up que eu lancei no começo do ano e mais um pedal, esse por São Paulo, para buscar algumas lentes fotográficas que eu havia negociado.
Vídeo aula macrofotografia - ring flash e twin flash
Durante a semana chegar coloquei também mais uma vídeo aula no ar, agora do meu Vídeo Curso HP Prime e, chegando o final de semana, a Lorena e eu não fizemos nada demais além dela conhecer o novo morador de casa (gatinho filhote da Belinha que nasceu dia 17) e, no Domingo, fazermos um passeio com o Alessandro, Fernanda e Isa em Piracicaba para um bom peixe à margem do rio.
Vídeo aula HP Prime: como resolver sistemas lineares [hpclub]
Na 2ª feira, dia 21, mais um pedal com o Alessandro, este mais light com 48 km em um bate-volta Itu-Cabreúva e depois retorno para São Paulo antes de começar a arrumar as coisas para o dia seguinte, que terá uma postagem à parte, e serviu praticamente para fechar com chave de ouro a "temporada 2015 de montanhismo". Postagem sobre isso em breve!
E lembrando, como ando empolgado com vídeos, não deixe de seguir o meu canal do youtube (temas relacionados à montanhismo, escalada, ciclismo, fotografia, photoshop, calculadoras hp e o que mais der na cabeça)!
Enviado por Tacio Philip às 21:39:12 de 24/09/2015
Esta é uma obra de ficção, todos os nomes são fictícios (inclusive o da montanha) e caso tenha alguma relação com a realidade é pura coincidência. Inclusive, caso essa coincidência ocorra, essa trilha já existia, os tracks para GPS já eram encontrados para download e muita gente sobe esse caminho...
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Há alguns anos, o Parofes e eu, conversamos sobre um pico isolado que podia ser visto da Rodovia Dutra, entre o complexo do Marins-Itaguaré e a Serra Fina, bem acima de Cruzeiro, alto e provavelmente com mais de 2000 m de altitude. Pouco tempo passou e logo descobrimos seu nome: Pico da Gomeira.
O tempo foi passando, a ideia amadurecendo, a busca de informações na internet não trouxe nenhuma dica de acesso então a logística começou a ser planejada usando carta topográfica e Google Earth até que, somente no ano passado, junto com o Mateus, fizemos a primeira investida nesta montanha (veja aqui o relato). Foi nesta viagem que percebi claramente que precisaria de mais que 1 dia para alcançar seu cume.
Mais um ano se passou, a ideia não saia da minha cabeça (principalmente por ter passado pela região e o observado, de longe, diversas vezes na temporada) até que, essa semana, resolvi encarar novamente o desafio.
Tendo me calejado na abertura de trilhas com a Travessia Davi-Parofes (Serrinha - Pico do Gigante - Pico do Ovo - 3 Picos de Itatiaia - parte baixa PNI) e a Trilha da Panela (subida do Pico 3 Estados via Paiolinho), duas trilhas inéditas que exigiram muito vara mato, inclusive ter que varar muito bambu, a hora de fechar as aberturas de trilha em 2015 tinha chegado.
No carro preparando o cafe antes da subida do Pico da Gomeira
Assim, depois de um Agosto cheio de trabalho e precisando descansar o cérebro e cansar os músculos, na 2ª feira à noite, dia 31, peguei estrada rumo Cruzeiro e logo estacionava o carro em um posto próximo à Garganta do Embaú, onde fica um mirante e monumento em homenagem aos soldados que lutaram na região em 1932.
A noite no porta-malas-cama foi bem tranquila e, dia 1º de Setembro, depois do meu café-da-manhã-pré-montanha (miojo), às 6h da manhã comecei a caminhada. A ideia seria o mesmo caminho do planejamento inicial por onde o Mateus e eu tínhamos tentado no ano passado, apenas com alguns ajustes finos no planejamento do trajeto a seguir e, agora, com dois dias disponíveis para a "roubada".
Na estrada seguindo para o Pico da Gomeira
Logo cheguei na Garganta do Embaú, divisa MG-SP e, pela trilha que sobe para algumas torres, comecei a subida. Os primeiros metros são bem abertos e logo depois é só encarar uma pirambeira em pasto até um primeiro cume bem acima. Com 13,5 kg na mochila essa subida foi penosa mas logo acabou, tendo aproveitado as pausas para respirar para fotografias do Sol que começava a iluminar as montanhas ao meu redor.
Pausa depois de 1h de trilha para o Pico da Gomeira
Deste primeiro "cuminho" a trilha segue um sobe-desce leve, passando por outros pequenos cumes e depois seguindo a curva de nível por trilhas de vaca até que, em pouco menos de 2 h de caminhada desde a saída do carro, eu chegava no novo ponto por onde eu pretendia entrar na mata e começar a seguir o verdadeiro rumo para o Pico da Gomeira.
Durante a subida do pasto para o Pico da Gomeira
No início da mata fiz uma pausa mais longa para comer algo, me reidratar, mais fotos, vídeo e logo troquei o pasto aberto por uma mata fechada. O começo segue razoavelmente aberto mas isso durou pouco, trazendo para mim os "lindos e maravilhosos" bambus (veja este vídeo se quer saber o que penso sobre bambus). Sem perder muito tempo ativei o modo "Brain-Off" e segui em frente, sempre para cima, até chegar ao primeiro cume da crista do Gomeira.
No começo da trilha para o Pico da Gomeira
Tentando parar o mínimo possível (eu sabia que o dia seria beeeeem longo) fui seguindo a crista em diversos sobe/desce, passando por alguns cumes, alguns colos, sempre muito bem acompanhado por mata fechada e bambus até que, depois de ver o cume da montanha apenas duas vezes no caminho, cheguei no que parecia ser o colo antes da subida final da montanha, isso já por volta das 13 h. Neste momento tinha andado cerca de 7 horas e faltava "apenas" 1 km (em linha reta) até o cume, o que provavelmente levaria mais umas 7 h de caminhada já que eu estava me aproximando uns 150 metros a cada hora!
Primeira vista do Pico da Gomeira na trilha
Continuei subindo mantendo o cérebro desligado, os músculos trabalhando, pensando que quanto mais eu subisse, mais próximo estaria no dia seguinte e na esperança de encontrar algum ponto bom para bivacar (dormir ao relento, sem barraca). O final da tarde chegou e, pelo GPS (onde eu tinha apenas o ponto estimado do cume pela carta topo), a montanha ainda estava longe (leia-se uns 500 metros). Mesmo assim continuei a subida em alguns trechos que pareciam ser uma antiga trilha e em outros por onde tinha sido a estrada que levava ao cume do Gomeira (sim, existiu uma estrada lá que ia até o cume, não sei quando, mas hoje a natureza pediu novamente seu lugar e voltou a ser uma mata fechada, eu percebia sua existência mais pelas bordas que um dia foram cortadas para se ter um trecho plano - se você tiver infos sobre quando existiu, quando foi construída, quando foi abandonada, me fale!). Inclusive, ainda nas últimas luzes do dia passei pelo primeiro vestígio totalmente humano: um cabo de aço que segurava dois pontes mais acima.
Descansando durante subida do Pico da Gomeira - falta 1km
Já no escuro continuei a subida até que, quando desceu a neblina, perdi totalmente a navegação visual e percebi que o GPS estava começando a me levar em direção errada. Voltei um pouco, pelo GPS estava há uns 50 metros do cume, mas sem condições de prosseguir então no primeiro trecho mais plano e aberto tirei a mochila das costas e comecei a aplainar o que seria meu acampamento, isso já eram 20 h e eu estava andando há "apenas" 14 h, totalmente exausto.
Exausto depois de 14h de caminhada subindo pro Pico da Gomeira
No meu local de bivac preparei uma sopa para me aquecer do frio que começava a chegar, em seguida meu prato principal e logo troquei de roupa e entrei no liner (um pré saco de dormir), saco de dormir (para poupar peso levei um para +15ºC) e saco impermeável. Algumas mensagens trocadas pelo celular até que, às 21 h, desmaiei de cansaço, tendo uma boa noite de sono até às 1 h da madrugada, quando acordei com uma noite clara pensando: "será que já vai clarear?" mas vi que ainda teria mais um bom tempo para descansar.
O restante da noite não foi tão bom. Consegui dormir mas acordei algumas vezes a cada 2 h mais ou menos até que, chegando perto da manhã e com diversas gotas caindo das árvores sobre mim (não choveu mas teve uma boa neblina e vento), despertei de vez por volta das 5h30. Nessa hora também chegou o frio que me deixou um pouco abaixo de um bom nível de conforto para que fosse possível dormir.
Arrumando as coisas pro ataque final ao cume do Pico da Gomeira
Continuei encolhido, tentando me aquecer enquanto esperava o Sol nascer, perto das 7h me animei a preparar meu café da manhã e, aos poucos, a temperatura foi subindo, as nuvens se dispersando, arrumei minhas coisas e às 8h05, novamente com a mochila nas costas, pude analisar melhor o local e ver que de noite estava realmente indo para o pior lugar, eu tinha dormido bem em uma curva da antiga estrada. De lá, agora literalmente podendo ver para onde ir, segui meu caminho e, 15 minutos depois, chegava, finalmente, ao cume do Pico da Gomeira com seus 2064 m de altitude.
Cume do Pico da Gomeira
No cume uma longa pausa para muitas fotos, alguns vídeos, mandar mensagens no celular e explorar suas antigas construções - com destaque para uma torre que dá pra subir e ter um visual mais panorâmico e a antiga casinha, totalmente abandonada e com suas paredes que se tornaram um "livro de cume" de registro de pessoas que lá estiveram (a subida mais recente que consegui entender foi em 2008).
Recado pro pessoal na torre do Pico da Gomeira
Passei quase uma hora desfrutando aquele lugar até que, às 9h15, segui meu rumo para baixo, voltando exatamente pelo mesmo caminho que tinha aberto na subida (e mesmo assim, em alguns trechos, me perdia e tinha que recorrer ao GPS para ter certeza da direção a seguir). Aproveitei também a descida para marcar melhor o caminho para futuros visitantes desta linda montanha, deixando os trechos ambíguos melhor sinalizados, abrindo melhor o caminho a seguir e fechando os caminhos errados (se houver apenas uma trilha bem definida o impacto ao local será muito menor que cada pessoa tentando abrir seu próprio caminho).
Descendo do Pico da Gomeira onde existiu uma estrada
Descendo do Pico da Gomeira em mata de bambu
A descida foi tranquila, o desânimo que tinha me pego no final da subida no dia anterior tinha despencado do cume e, sem muita pressa, fui descendo, descendo, descendo até que, às 12h55, cheguei na saída da mata, de onde em diante seria apenas seguir o pasto.
Fiz uma longa pausa para mais vídeos, mais fotos, comer, beber e então, feliz pelo trabalho concluído, às 13h15 segui meu caminho. Mas o perrengue não tinha acabado: como ainda era "cedo" segui mais pela crista dos morros em vez de descer para as trilhas de vaca e seguir o caminho que tinha usado na ida. No final sai na mesma casinha e torre bem no final da trilha mas acabei seguindo por um caminho bem pior (serviu pra ter certeza que o caminho da ida realmente era o melhor).
No final da trilha do Pico da Gomeira
Cheguei na Garganta do Embaú às 14h15 peguei um pouco de água para o retorno e, sem muita pressa fiz algumas fotos, vídeos e então fui retornando para o carro, que me esperava a uns 700 metros de lá. Parei no caminho ainda no monumento em homenagem aos combatentes de 1932 e, chegando no posto, um pessoal me olhava passar, afinal eu parecia um mendigo com mais uma calça totalmente rasgada na trilha - Fabricantes de calça para atividade outdoor, quando vocês vão me apoiar? Esse ano, em cada trilha aberta, perdi uma!
Às 14h45, com bastante fome, finalmente cheguei no carro para a merecida troca de roupa e na sequência parar no restaurante do posto para o merecido almoço, um sirva-se à vontade muito bom - única consideração foi meu suco de acerola, que a atendente deixou, sem querer, a tampinha do liquidificador cair dentro e então ele veio com pedaços triturados de plástico - mas foi trocado assim que eu falei pra ela que tinha plástico no suco.
De lá estrada, fazendo só uma pausa novamente na Garganta para lavar as botas e outra na descida da serra para fotografar o Gomeira e então segui meu caminho para São Paulo.
Apesar do perrengue e cansaço essa montanha valeu muito a pena. Mais um projeto antigo que finalmente foi concretizado. Mas chega disso por esse ano. Agora, com a chegada do final da temporada de montanha, acho que vou me dedicar mais às trilhas já abertas e brincar um pouco de acelerar o ritmo, fazendo algo mais "light", como a ideia de fazer a Serra Fina em apenas um dia ;-)
As fotos dessa viagem podem ser vistas no link Pico da Gomeira, quem quiser repetir a montanha o track pra GPS já está disponível no wikiloc e abaixo um playlist com todos os vídeos. E caso você saiba mais da história das construções no cume não deixe de me escrever!
Playlist Pico da Gomeira
Enviado por Tacio Philip às 19:19:40 de 03/09/2015
Aproveitando um final de semana cultural em São Paulo, no Sábado, junto com a Lorena e minha mãe fomos na sp arte-foto, uma feira que reúne diversas galerias de arte que vendem fotografias no Brasil, realizada no ridículo shopping JK (onde aproveitamos para rir olhando vitrines com relógio sendo vendido a R$ 1.140.000,00 e colar a R$ 2.510.000,00 - sim, tem esse monte de zero mesmo). O Domingo foi aproveitado pra descanso e, só no período da noite, antes de seguir pra Capivari, a Lorena e eu passamos no Shopping Morumbi pra ver a exposição na National Geographic (essa sim vale a pena). De lá estrada, com pressa, pra chegar em Capivari a tempo do sorvete (chegamos na sorveteria 21h55, 5 minutos antes de fechar!).
Na 2ª feira, enquanto a Lorena seguia para a academia e trabalho eu seguia pra Itu, onde me encontrei com o Ale às 7h30. O pedal, que teve pouco mais de 50 km, como sempre foi muito bom e seu ponto alto foi a ciclovia que atravessa a cidade de Salto. É uma ciclovia totalmente útil, realmente atravessa a cidade, vimos outros ciclistas a utilizando e ela é mais técnica que alguns single tracks que encontramos por ai (com faixa estreita, subidas, descidas, travessia de cruzamentos com valetas, curvas fechadas e árvores na lateral). Típica ciclovia que as pessoas que pedalam não veem problema nenhum em usar mas alvo de politiqueiros que nunca tiraram as rodinhas e só querem reclamar do que trás segurança para os outros.
Na 3ª, já de volta em São Paulo, no período da noite começou a 24ª turma do meu Curso Básico de Escalada em Rocha. Esta turma, novamente fechada com 4 alunos (tenho limitado a este tamanho para facilitar minha logística e o formato ficar melhor para os alunos), teve em sua primeira aula uma introdução ao histórico do montanhismo/escalada, tipos de escalada e os alunos aprenderam a fazer os principais nós e conheceram os equipamentos usados para uma escalada segura.
No dia seguinte, dia 26, segui logo no começo da tarde para minha última aula do meu Curso de Introdução à Macrofotografia no SESC Jundiaí. Mesmo com as aulas sendo sempre no período da noite, eu seguia pra Jundiaí cedo para fugir do trânsito/rodízio e aproveitava o tempo livre no terraço do SESC lendo algum livro (nessas 4 idas li "A Ilusão Espetacular" de Arlindo Machado). Este curso reuniu um grupo com mais de 20 pessoas (inclusive deu "overbook" nas inscrições) interessadas em aprender um pouco sobre as técnicas da macrofotografia e close-up. E quem tiver perdido tem a oportunidade de conhecer mais sobre esse tipo de fotografia no meu Vídeo Curso Macrofotografia e Close-up, acesse e confira!
Na 5ª, novamente em São Paulo, foi a vez da 2ª aula do Curso de Escalada. Nesta aula os alunos revisaram nós e aprenderam como funciona a logística da escalada e como usar os equipamentos e nós que aprenderam (além de conversarmos sobre croquis, ética, planejamento etc.).
No dia seguinte fiquei mais tranquilo (depois de uma semana super cheia) e, no Sábado, depois de buscar 2 dos alunos no metrô, seguimos para a aula prática em Pedra Bela. Chegando lá logo encontramos o restante do pessoal e, como era esperado, o local estava cheio (com outras pessoas escalando e cursos - inclusive com uma turma com 12 alunos que lotava as vias mais "didáticas" da parede). Mesmo assim a aula foi muito bem aproveitada em uma via mais à esquerda, com os alunos fazendo todos os procedimentos do curso, inclusive guiando, indo até o topo da parede). Saindo de lá a pausa "obrigatória" no açaí e depois estrada de volta pra São Paulo.
Ontem foi dia de passeio em São Paulo, indo na casa da minha vó com minha mãe e hoje, no período da noite, pego estrada pra uma segunda investida em uma montanha que não consegui abrir a trilha no ano passado. Vamos ver se os bambus estão mais calmos este ano.
Enviado por Tacio Philip às 12:38:44 de 31/08/2015
No dia 15 de Agosto, depois de fazer uma Saída fotográfica para o Parque Augusta, no começo da noite a Lorena e eu acabamos de arrumar nossas coisas, passamos no mercado para comprar alguns lanches e pegamos estrada rumo Itatiaia.
Apesar dos sinais de cansaço e sono se pronunciando, a viagem foi bem e prefiro viajar com sono de noite/madrugada, que madrugar e dirigir. Assim, por volta das 2h, estacionávamos o carro em uma área aberta bem no começo da estrada que sobe da Garganta do Registro para o parque. Lá, sem perder muito tempo, rebatemos o banco de trás, colocamos as mochilas no banco da frente, abrimos os isolantes e sacos de dormir e mergulhamos no sono.
No dia seguinte, 16 de Agosto, dia que a Lorena e eu completávamos 1 ano de namoro, sendo que nos conhecemos no PNI, o despertador tocou às 6h30 mas o sono e preguiça não deram a coragem suficiente para sairmos dos sacos de dormir, o que fizemos só depois das 7h30, enquanto ouvíamos diversos carros subindo para o parque. Sem muita pressa fizemos nosso café da manhã, comemos, ajeitamos as coisas e começamos a subir, parando apenas na ponte para a clássica foto da Serra Fina.
Continuamos subindo e, às 9h40, com o carro já estacionado ao lado do antigo, totalmente abandonado, degradado e vazio Alsene, começamos a caminhada sentido travessia Serra Negra. Fomos descendo pela trilha da travessia até que, poucos minutos depois, pegamos o desvio que leva até a Pedra Furada. No caminho íamos olhando ao redor, tentando já identificar a Pedra Grande de Itatiaia e um cume sem nome, que também pretendíamos subir.
Cume da Pedra Furada
Fomos seguindo a trilha e, assim que chegamos ao colo da Furada, seguimos pela trilha que a contorna pela direita, atingindo o seu cume às 10h40, exatamente 1h após termos iniciado a caminhada. No cume diversas fotos, vídeo e então, uns 15 minutos depois, durante a descida, sugeri irmos até o cume secundário da Furada. Afinal, ir pra montanha e não varar um pouco de mato e se enfiar em roubada, não tem graça.
Fomos atravessando esse colo por onde era menos pior e então, às 11h20, chegamos ao seu cume, marcando 2540 m de altitude no GPS. Lá, mais algumas fotos e, vendo o caminho que seguiríamos para a Pedra Grande, decidimos que seria melhor descer pela crista oposta, direto para a trilha, em vez de retornar para a trilha da subida final da Furada. A descida foi mais tranquila que atravessar o colo e logo estávamos na trilha demarcada, que seguimos apenas alguns metros antes de sair para "descer" para o cume da Pedra Grande (o seu cume estava bem abaixo de nós).
Fomos seguindo pelo melhor caminho, em diversos trechos achamos bastante marca de mato pisado recentemente (talvez da Claudia que tinha me passado um track, afinal batia perfeitamente no GPS) e cada vez descíamos mais, até chegar em uma cerca, em um pequeno vale próximo a um riacho, onde paramos para um já tardio lanche.
Cume da Pedra Grande de Itatiaia
De lá atravessamos um pequeno bosque e então, depois de muito descer, começamos a subida final da Pedra Grande, seguindo pela sua crista, passando por um primeiro cume antes de chegar ao cume principal, com 2295 m de altitude, às 12h55.
No cume uma longa pausa pra fotos, mais vídeos e curtir um visual diferente do PNI com a imponente Serra Negra bem a nossa frente, o bairro Serra Negra abaixo e bem ao fundo o maciço de Agulhas, Sino e Altar.
Ficamos uns 20 minutos no cume e, como ainda faltava muito pra subir na descida da Pedra Grande (o carro estava mais alto do que onde estávamos) seguimos nosso caminho, voltando agora por uma trilha mais aberta que contorna a crista da Pedra Grande até o bosque em sua base.
Cume da Pedra Grande de Itatiaia
De lá mais uns poucos minutos até a cerca e então, como pretendíamos subir o cume sem nome que estava na nossa esquerda, em vez de voltar pelo cume da direita, que era por onde tínhamos descido, seguimos margeando a cerca até o riacho, onde fizemos mais uma pausa para lanche, e depois continuamos margeando a encosta antes do ataque final para cima, pela crista que nos levaria ao cume desejado.
A subida final é cansativa, bem inclinada, mas tínhamos um avanço bem rápido (inclusive com tempo para subir em um grande boulder isolado no caminho). Aos poucos fomos chegando ao final e a inclinação começava a diminuir e, subindo pela crista, íamos ora pelo lado direito, ora pelo esquerdo de uma antiga cerca (e nessas horas sempre penso em quem subiu lá carregando arame farpado e montou a cerca).
Cume sem nome perto da Pedra Furada
Às 14h55 chegamos ao cume sem nome, a 2503 m de altitude (o riacho abaixo tinha ficado a 2300 m). Neste cume, que fica em frente a Pedra Furada, do lado oposto da trilha que a sobe, ficamos um tempo descansando, fazendo mais algumas fotos, vídeo e então seguimos nosso caminho em direção à trilha da Pedra Furada, logo abaixo de nós.
Na descida encontramos uma ruína (talvez de um depósito para ferramentas ou algo assim, parecia ser apenas um quarto) e, ouvindo um barulho de radio próximo de nós, como eu acho que na trilha tinha visto um cara que não é nada "Santo" nem é a capital do Chile (um cara que segue para áreas "intangíveis" do parque mas não perderia oportunidade de me ferrar se me visse em alguma dessas que considera "particular"), ficamos um tempo sentados, esperando o som do rádio sumir, antes de seguir nosso caminho, chegando na trilha às 15h20.
De lá, felizes por termos conseguido realizar o planejado (repetir o cume da Pedra Furada, subir a Pedra Grande e o cume sem nome) seguimos nosso caminho de volta ao carro, fechando ao total 12,5 km de caminhada com 734 m de desnível acumulado.
Antes de descer demos ainda uma volta por dentro do Alsene (abandonado e cada vez mais degradado) e então começamos nossa descida para a sagrada pausa para compras na Garganta do Registro. De lá, com milho verde comido, tendo experimentado alguns queijos e com garrafas de mel e cocada no porta-malas, seguimos nosso caminho rumo Itamonte, passando em Passa-Quatro (onde o restaurante da Dona Filhinha estava fechado), seguindo então para o merecido jantar e hospedagem em Cruzeiro onde, no dia seguinte, ainda aproveitamos para passear e fotografar a estação abandonada da cidade (veja neste link o relato e fotos).
Como sempre, voltar ao PNI é sempre agradável e, nesta vez, teve ainda o gostinho especial de estar comemorando 1 ano de namoro com a Lorena (nos conhecemos lá). Além disso, ir para a montanha e subir cumes pouco explorados e inéditos para mim é muito mais agradável que subir os congestionados Agulhas Negras e Prateleiras, sempre lotados de agências de ecoturismo.
E, como sempre, fiz diversas fotos que podem ser vistas aqui no site no link Pedra Grande e Furada PNI.
Enviado por Tacio Philip às 21:04:29 de 21/08/2015
Esse quase mês que passou desde minha publicação anterior foi mais voltado à cultura/trabalho que diversão (bem que posso chamar essas saídas culturais e meu trabalho com fotografia também de diversão) ;-)
No Sábado, dia 25 de Julho, depois de algumas fotografias com alguns alunos, no período da manhã, pela região da Sé e Liberdade, guiei uma grande turma para uma saída fotográfica para a Vila Itororó. Este local era uma área urbana ocupada com diversas casas e cortiços e agora foi desapropriada e é administrada pela prefeitura de São Paulo e secretaria de cultura, um local realmente interessante para quem gosta de fotografia urbana/arquitetura. Algumas fotos que fiz durante esta saída estão no link Igrejas e Vila Itororó.
Durante a semana, passando alguns dias no interior, a Lorena e eu fomos também passear por Piracicaba e aproveitei pra fotografar a Igreja de São Judas e o Cemitério da Saudade, ambos muito fotogênicos e que renderam as fotos que estão no link Igreja e Cemitério Piracicaba.
No final de semana seguinte, já começo de Agosto, foi a vez de ir, no Sábado, com a Lorena, na exposição do Kandinsky no CCBB que, apesar de boa, na verdade devia se chamar exposição de artistas russos com algumas obras do Kandinsky perdidas no meio. Para quem esperava realmente uma "exposição do Kandinsky", foi decepcionante (mas mesmo assim valeu a pena já que não pegamos fila alguma na entrada - bem diferente de quem chegou pouco depois de nós) :-) Nesse dia aproveitamos também para andar um pouco pelo centro e, subindo para a Paulista, passamos no Parque Augusta para conhecer.
O Parque Augusta na verdade não é um parque, é um terreno particular com muitas árvores e uma área já desmatada onde era um estacionamento. Os proprietários dizem que construirão prédios na área já desmatada e deixarão o "parque" aberto para o público enquanto os hipsters do local querem que o terreno seja desapropriado para ser um oficialmente um parque (nessa horas eu penso, quando convertem uma faixa de veículos para ônibus eles reclamam, agora, pela "coletividade" eles querem que um terreno particular seja desapropriado), deixa pra lá. De qualquer maneira o local é bem legal e rende fotografias. Fiz algumas neste dia e depois voltei lá, no dia 15 de Julho, com um grupo para uma saída fotográfica oficial. Algumas fotos deste local estão aqui no meu site no link Parque Augusta.
No Domingo, dia 2, foi a vez de ir com a Lorena e minha mãe na exposição do Juan Miró no Instituto Tomie Ohtake, uma grande e ótima exposição sobre este artista surrealista (que pra mim é bastante abstrato em suas imagens, mesmo as dando algum sentido).
A semana começou e, na 4ª feira, dei a 1ª aula do Curso de introdução à macrofotografia no SESC Jundiaí. Este curso terá duração de 4 aulas, ontem foi a 3ª e, já na primeira teve "overbook", com a turma lotada e algumas pessoas na fila de espera (que no final também puderam participar). E, neste novo curso, como o público é muito variado (principalmente no quesito de equipamento fotográfico), além de falar um pouco de equipamentos para macro (que é obrigatório em um curso de macro) dei um grande enfoque no olhar macro e em como aproveitar o máximo que o seu equipamento permite. E, pelo retorno dos alunos (que continuaram indo nas aulas seguintes), acho que gostaram (assim como eu estou gostando muito deste curso). Vamos ver se o coloco em outras unidades SESC em breve ;-)
Já chegando na metade do mês, dia 9, enquanto a Lorena trabalhava em uma cão-minhada eu fui pedalar um pouco pela região. Dessa vez optei ir para Tietê, dando 36 km até seu centro na ida (onde infelizmente a sorveteria da praça ainda estava fechada). A volta, por um caminho um pouco mais curto, deu 30 km, completando uma ótima manhã de pedal com 66 km e mais de 1000 m de desnível acumulado, deu para queimar as pernas.
No final de semana que se passou a Lorena e eu subimos também a Pedra Grande de Itatiaia, Pedra Furada e outros cumes sem nome (veja aqui o relato dessa viagem) e passeamos também na cidade de Cruzeiro, onde aproveitei para fotografar a antiga estação de trem da cidade, hoje abandonada e perfeita para ser fotografada. Só a estação abandonada em si com a Serra Fina ao fundo já rende boas fotos mas, além disso, tem galpões, trens e trilhos por onde dá pra andar e fotografar tranquilamente (e não fomos expulsos, mesmo tendo sido vistos por lá, então acho que não é proibido). As fotos estão no link Estação Cruzeiro de trem.
O restante dos dias foram intercalados com trabalho "normal" e alguns poucos dias de treino (mês que vem será diferente). Na semana que vem terá a última aula do curso do SESC e a 24ª turma do meu Curso Básico de Escalada em Rocha, ainda com vagas disponíveis, aproveite! Depois deste mês cheio, pretendo ter um "mês sabático" em Setembro, talvez apenas com um curso de macrofotografia, mas vai depender da procura e assumo que estou mais focado em terminar um outro projeto de montanha na mantiqueira do que montar turma de curso.
Enviado por Tacio Philip às 11:37:33 de 20/08/2015
Há quase 10 anos, em uma das primeiras vezes que subi/desci a trilha que leva direto à Pedra da Mina via Paiolinho (Fazenda Serra Fina), notei uma bifurcação onde havia uma panela pendurada nas árvores e me questionei para onde ia essa trilha. E, mais que isso, olhando o local da bifurcação na carta topográfica (e anos mais tarde no google earth), me animava a possibilidade dela levar até o Pico dos Três Estados. Este ano chegou a hora de analisar essa hipótese e fazer acontecer.
Com a chegada da temporada de montanhismo/escalada e animado por já ter conseguido fazer bastante coisas este ano, chegou a hora de colocar em prática as ideias para a "Trilha da Panela". Assim, com o auxílio da carta topográfica e google earth, comecei a planejar o que poderia vir a ser um caminho da bifurcação até o Pico 3 Estados, 10ª montanha mais alta do Brasil de acordo com o Anuário Estatístico do IBGE, onde eu já estive 2 vezes.
Além do planejamento, tive também que recrutar alguns amigos para a dura empreitada. A primeira investida, em Junho, foi feita com o Jonas e Alcides e chegamos perto, muito perto de completar a trilha, mas tivemos que desistir por falta de tempo e água, a 2 horas do cume. O relato completo pode ser visto no link Trilha da Panela - Investida I.
Agora, para essa 2ª investida, com o Jonas e o Alcides fugindo da roubada, foi a vez de recrutar o Leandro e o Peter (e também o Bruno, que infelizmente acabou não conseguindo se encontrar conosco por causa das condições escorregadias da estrada que leva à Fazenda Serra Fina) para encarar a trilha e tentar concluir o projeto. Sendo assim, na 3ª feira busquei o Peter no metrô às 18h, o Leandro no seu trabalho às 18h20 e seguimos estrada rumo à Passa-Quatro.
A estrada foi tranquila, com apenas uma pausa para almoço na região de Roseira e no começo da noite estávamos passando por Passa-Quatro e começando a subir a estrada que leva ao bairro do Paiolinho (e fazenda Serra Fina). O começo foi tranquilo mas, devido a umidade, logo o carro começou a sofrer em algumas subidas, tendo que ir no embalo em algumas, de marcha-a-ré em outras ou não subir de vez, o que aconteceu a 250 m da fazenda (nessas horas eu sinto falta do Defender). Sem conseguir subir a rampa final, depois de várias tentativas, resolvemos bivacar por ali mesmo e no dia seguinte, quem sabe, tentar subir o restante com o carro.
No dia seguinte, 4ª feira dia 22 de Julho, acordamos às 6h, arrumamos as coisas e às 7h, horário que era para o Bruno já ter chegado, deixamos o carro e começamos a caminhar. Poucos minutos e estávamos assinando o livro na entrada da fazenda e seguindo nosso caminho trilha acima, pela trilha aberta que leva à Pedra da Mina.
No começo da trilha da Panela - pausa pra café da manhã
Alguns minutos de caminhada se passaram então fizemos nossa pausa pra café-da-manhã no 1º riacho da trilha. De lá, agora alimentados, seguimos mais um pouco pela trilha bem aberta e logo estávamos na bifurcação da panela, onde me surpreendi por não encontrar a antiga panela vermelha e furada mas sim, uma nova panela, também furada, em uma outra árvore (será que roubaram a panela antiga? Ela estava lá mês passado).
Bifurcação da trilha da panela
Na bifurcação mais uma breve pausa para fotos e vídeo e então saímos pela bifurcação que sempre chamava minha atenção. Neste trecho ainda há uma boa trilha, razoavelmente aberta, que leva até uma grande cachoeira, provavelmente visitada mais pelo pessoal da região já que nunca tinha ouvido falar sobre ela. Lá chegando, mais uma pausa curta, o Leandro quase mergulha em uma poça dágua (já adiantando o quanto nos molharíamos mais em frente) e logo começamos a subir, do outro lado do rio, a nova Trilha da Panela.
Mesmo com alguns trechos com o mato começando a crescer (principalmente bambus), a trilha estava bem aberta e visível, não causando nenhum problema para ser seguida e com uma progressão muito mais rápida que na investida anterior. Fomos seguindo e, às 10h, estávamos no que mês passado chamamos de "Cachoeira Verde", por estar no Rio Verde e com um grande poço que justifica seu nome. Lá aproveitamos para uma pausa um pouco mais longa, para comer algo antes de seguir nosso caminho.
Cachoeira do rio verde na Trilha da Panela
A partir desse momento a "trilha" é o próprio rio acima. Fomos seguindo, zig-zagueando o sobe pedra, desce pedra, contorna pedra, às vezes com água até as coxas até que, quase 2 horas depois, chegamos a uma outra grande cachoeira, onde deixamos o rio e seguimos a trilha que vai aos poucos subindo, mas acompanhando o rio ao nosso lado.
Meia hora se passou e chegamos então à crista de onde se vê a crista que sobe para o Pico 3 Estados, do outro lado de um profundo vale, com outras duas cachoeiras ao fundo (uma das ideias iniciais era atravessar este vale mas, na investida anterior, vimos que seria complicado de atravessar e seguimos o plano "B", seguir a crista que levava ao cume ao lado do 3 Estados).
A partir desse trecho a trilha fica bem mais inclinada e segue forte para cima. Fomos subindo e, às 13h30, chegamos no local onde havia bivacado mês passado (são pouquíssimos locais, na trilha inteira, onde é possível bivacar). Lá, animados por chegar na "hora do almoço" (em vez de chegar às 18h, como no mês passado), mais uma pausa para lanche e descanso até voltar a caminhar, como sempre, morro acima.
Descansando no local do bivac anterior na Trilha da Panela
De lá a trilha não segue mais tão aberta como antes mas ainda está razoavelmente visível e, nos trechos piores, onde tem os mares de bambus, continuava bem aberta e marcada. Fomos subindo e descendo os vários pequenos cumes do caminho até que, por volta das 16h, estávamos a uns 50 metros do local onde o Jonas e eu havíamos chegado na tentativa anterior.
Sem seguir muito para a direita, como o Jonas e eu fizemos mês passado, desta vez olhamos para o lado oposto e vimos o que parecia ser uma crista rochosa. Sabendo que o caminho direto seria muito fechado até o cume (fato observado anteriormente), decidimos então seguir para a crista na esperança de encontrar lajes de pedra que nos levasse ao topo.
Com o cansaço já batendo forte fomos seguindo, no começo atravessando muitos trechos fechados de capim elefante, até chegar nas rochas, onde tivemos uma vista animadora: muitas lajes seguindo para cima.
Com o Leandro na frente fomos subindo, priorizando sempre os trechos rochosos que, mesmo bem inclinados em alguns trechos, eram muito mais rápidos de seguir que a selva de capim elefante ao nosso redor (e que cortava nossa progressão entre algumas lajes).
Com o tempo chegando ao limite, e o clima não colaborando muito, fomos seguindo os trecos de rocha, vara-mato, rocha, vara-mato até que o trecho mais inclinado passou e as coisas começaram a ficar mais fáceis. De lá mais alguns minutos e então chegamos, finalmente, ao cume ao lado do Pico Três Estados, por onde passa a travessia da Serra Fina. Foi muito animador ver um vestígio humano (um totem) e saber que tínhamos conseguido o planejado.
Cume do Pico 3 Estados com chuva depois da Trilha da Panela
De lá, com as últimas luzes do dia, seguimos pela trilha super aberta da Serra Fina até o cume do Pico Três Estados, onde chegamos às 18h. Cansados mas muito felizes por concluir a trilha, arrumamos nosso local de bivac em uma das clareiras do cume, preparamos nosso jantar e finalmente entramos nos sacos de dormir para uma boa noite de sono.
A noite foi bem tranquila, quente, seca e conseguimos dormir muito bem. Às 6h o despertador do celular tocou e, junto com ele, chegou uma forte neblina, que logo virou uma garôa, e molhava de verdade. Como se tivéssemos levado um chute no saco com alguém dizendo: "vai, não queriam roubada?" tomamos café da manhã, começamos a arrumar as coisas e, já molhados e com as mochilas molhadas nas costas, começamos nosso caminho de volta, também pela Trilha da Panela (na noite anterior até cogitamos voltar pela Pedra da Mina, mas isso esticaria em muito a caminhada e achamos melhor voltar por onde tínhamos ido).
Cume do 3 Estados antes da descida da Trilha da Panela
Às 7h começamos a descida pela trilha da Serra Fina e logo chegamos ao cume de onde "despenca" a recém aberta Trilha da Panela. Navegando por equipamentos (leia-se usando o GPS bastante porque a neblina não nos deixava ver muito o caminho a seguir) começamos a descida tentando seguir exatamente o mesmo caminho que tínhamos subido (ninguém queria ter que varar outro mar de capim elefante nem de bambus).
Mesmo com o clima ruim, deixando muitas lajes escorregadias, a descida foi mais rápida que a subida e, quanto mais descíamos, melhor o clima ficava. Aos poucos atravessamos os 4 pequenos cumes da crista e então descemos até o ponto de onde se vê as cachoeiras e sai da crista. Lá uma pausa para lanche e, 30 minutos depois, já estávamos de volta ao Rio Verde, de onde seguiríamos, mais uma vez, pelo seu leito.
Com o clima molhado o nível do rio tinha subido um pouco e o fluxo estava mais forte (nunca tente essa trilha se tiver previsão de chuva forte, não há como escapar do rio) e acabamos levando um bom tempo (cerca de 2 horas) até chegar na Cachoeira do Poço Verde, onde fizemos mais uma pausa pausa para lanche.
Sabendo que o final da trilha estava cada vez mais próximo seguimos trilha acima e chegamos então até a grande cachoeira, de onde a trilha melhoraria mais ainda. Mais alguns longos minutos de caminhada, animados por saber que cada vez o caminho ficaria melhor, chegamos então à bifurcação da Panela, cansados mas com a missão cumprida e, principalmente, sem ninguém se machucar (pelo menos seriamente), já que o relevo era bem complicado.
De volta à Panela depois da abertura da Trilha da Panela
Depois de uma breve pausa para comemorar e fazer um vídeo final seguimos nosso caminho, agora pela aberta trilha do Paiolinho, seguindo os 3 km até a Fazenda Serra Fina em pouco menos de 1h, chegando no carro às 15h50, 7h50 depois da nossa saída do cume do 3 Estados.
No carro finalmente pudemos trocar as roupas molhadas por algo seco e então seguimos nosso caminho de volta à civilização, cansados mas felizes de termos completado este projeto que me atiçava há muitos anos.
No retorno uma pausa para calibrar os pneus antes de descer a serra (e já pensando no próximo projeto que será exatamente ali) e, já na Dutra, pausa para nosso almoço-janta em Roseira, em um restaurante que já estou bem acostumado de frequentar. De lá mais alguns longos quilômetros até Bom Jesus dos Perdões (ao lado de Atibaia), onde mora o Peter, mais pouco mais de uma hora até São Paulo e, umas 21h20, finalmente estava em casa para o merecido banho e descanso.
Este ano está sendo muito bom para meus projetos de montanha. Em Abril, com o Jonas e o Lucas abrimos a Travessia Davi-Parofes e, agora em Junho e Julho, com o Jonas, Alcides, Leandro e Peter foi a vez da Trilha da Panela. E os projetos do ano não acabaram. Espero, ainda este ano, completar pelo menos mais um deles, de uma montanha que tentei ano passado com o Mateus mas que não conseguimos completar. Que a temporada continue como está!
Tentando desenferrujar no pedal (afinal não tenho pedalado com a frequência que eu gostaria, principalmente na terra), no Sábado cedo busquei o Dom às 8h em sua casa e pegamos estrada rumo Jundiaí.
Apesar do seu atraso por causa de pneu vazio a viagem foi tranquila e só fizemos algumas breves pausas para eu fotografar o odômetro do carro, que completou 111111 km (coisa de fotógrafo nerd), chegando no "Sucos Rondon" às 9h35, onde o Alessandro, que vinha de Itu pedalando, tinha acabado de chegar.
Sem perder tempo tiramos as bikes do carro e logo começamos a pedalar, sentido Limoeiro. No caminho ultrapassamos uma procissão de carros, cavalos e carroças e, quando o Dom pensou que faríamos uma pausa para ele tomar algo, logo disse pra continuarmos (tive até que mentir para ele dizendo que não tinha dinheiro para emprestar para ele comprar um gatorade) ;-)
De volta ao pedal fomos seguindo o sobe-desce (agora mais desce) e, com 35 km de pedal saímos na Rondon, de onde o Alê segui direto para Itu completando seus 80_e_poucos km enquanto o Dom e eu seguíamos no sentido contrário para voltar onde o carro estava.
O cansaço já começava a bater, fizemos uma pausa para pegar água e alguns quilômetros depois, perto do pedágio, o pneu traseiro do Dom começou a esvaziar. Enchemos uma primeira vez na mão com a bomba, seguimos uns 200 metros e esvaziou novamente. Paramos em uma loja de pneu (onde vi que a válvula estava solta), enchemos novamente e mais uns 200 m e o pneu esvaziando. Nessa hora, como faltava menos de 10 km para terminar o pedal (e o Dom já estava morrendo), não compensava ficar procurando o furo pra consertar então decidimos que eu seguiria até o carro e voltaria para o resgate.
Com o resto da energia dei uma puxada no pedal e alguns km depois o Dom me ultrapassa, em uma caminhonete, com quem tinha conseguido uma carona! Mais animado em acabar logo, forcei de vez o final até chegar, morto, novamente no Sucos Rondon, onde o Dom já comia um Açaí e tinha acabado de pedir o meu (tinha mandado pra ele uma mensagem no cel falando que estava chegando).
Com as pernas ameaçando ter câimbras comemos sem pressa, guardamos a bike e seguimos de volta para São Paulo. No final foram 56,6 km de pedal (35 km em terra) com média de 16,6 km/h e 989 m de desnível acumulado. Apesar do sofrimento, era o que queríamos e serviu bem para mostrar que temos que treinar mais.
O resto do final de semana foi me recuperando do sono atrasado dos dias anteriores cuidando de mais um gato que resgatei e do cansaço do pedal. E hoje dia de estrada novamente para tentar completar um projeto de alguns anos e que comecei a executar no mês passado.
No final de semana que vem estarei de volta em São Paulo para guiar um grupo de fotógrafos em uma Saída fotográfica para a Vila Itororó. Ainda há vagas e dá tempo de participar! Algumas fotos que fiz neste local estão no link Vila Itororó.
Enviado por Tacio Philip às 14:48:56 de 21/07/2015