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20/08/2009 21:05:00 (#239) - Embarcando para a Bolívia daqui uma semana
Ontem à tarde, depois de alguns muitos minutos conversando com o Alcides por orkut e por fone acertamos as datas e compramos as passagens para embarcarmos para a Bolívia na próxima 4ª feira. Apesar de comprarmos as passagens tanto de ida quanto de volta para o mesmo dia não embarcaremos nos mesmos voos. Como o Alcides está morando na Argentina (está no Brasil por alguns dias apenas), saíremos de Guarulhos, ele na metade da tarde fazendo escala em Buenos Aires e eu no final da noite em vôo direto para Sta Cruz de la Sierra onde nós dois nos encontraremos e faremos uma conexão (avião para ônibus) rumo à La Paz. O ideal seria um voo direto para La Paz mas as promoções para Sta Cruz e os altos preços cobrados pela Aerosur para ir direto para La Paz fizeram a opção SP - Sta Cruz - La Paz mais atrativa. Além disso o retorno será semelhante, embarcamos no mesmo dia em Sta Cruz mas eu com destino São Paulo e o Alcides Buenos Aires (acho). Tirando esses detalhes técnicos, fazem alguns meses que conversamos sobre voltar para a Bolívia esse ano e felizmente deu certo (bem que só considero uma viagem dessa como confirmada quando estou dentro do avião). Minha primeira ida para a Bolívia foi em 2002, inclusive ano em que conheci o Alcides em La Paz. Depois disso voltamos juntos para subir algumas montanhas em 2004 e minha ida mais recente foi há 3 anos, em 2006, quando guiei um grupo de fotógrafos pelo altiplano boliviano em um safári fotográfico. O Alcides também retornou por lá várias vezes e, como eu, parece ser um dos que foi picado por algum inseto das montanhas que faz você sempre querer voltar. Diferente de outras viagens, nessa não temos nenhum roteito fixo e pré-definido, apenas um "quem sabe" que se resume em: chegar em La Paz, forçar a aclimatação no Chacaltaya (padrão), passar uma semana no acampamento base do Condoriri escalando algumas das montanhas ao seu redor e quem sabe escalar alguma montanha de 6000m antes do nosso retorno. Nada de preocupações e cronogramas, lá veremos como as coisas andam e onde o vento gelado dos andes nos leva. E aproveitando o tema, aqui no meu site estão algumas das fotografias de minhas 3 idas para a Bolívia: Bolívia 2002 Bolívia 2004 Bolívia 2006 E dentro de algumas semanas mais fotografias de La Paz e arredores, na medida do possível tentarei atualizar o blog e as galerias de fotos diretamente de La Paz.
Enviado por Tacio Philip às 21:05:00 de 20/08/2009
17/08/2009 18:07:00 (#238) - Travessia Petrópolis-Teresópolis
Depois de algumas horas de estrada com a Paula e o Victor e uma noite no Rio de Janeiro, no dia seguinte, 13 de Agosto - aniversário da Paulinha - seguimos de carro até Teresópolis nós 3 mais a Gerusa e o Beto. A subida para a entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PNSO) em Teresópolis foi tranquila em menos de 2hs estávamos preenchendo as fichas de entrada, pagando a taxa da travessia, deixando o carro estacionado próximo ao centro de visitantes e logo com as mochilas nas costas andando até a praça onde pegamos um ônibus que nos deixou a um quarteirão da rodoviária de Teresópolis onde compramos passagem para Itaipava com embarque às 15hs. Como ainda era cedo aproveitamos e fomos almoçar em um simples mas muito bom restaurante por quilo a um quarteirão da rodoviária. O tempo passou e logo embarcamos para Itaipava. Chegando no terminal não perdemos tempo e na sequência um ônibus para Corrêas descendo novamente no seu terminal. Lá alguns minutos de espera e finalmente o 4º e último ônibus, agora para Pinheiral, que nos deixou a pouco menos de 1km da entrada do PNSO sede Petrópolis. Na entrada do parque mostramos as entradas pré compradas em Teresópolis, pegamos nossas headlamps e às 18h10 começamos a caminhada rumo ao Açu. O início da caminhada foi bem tranquila, com o grupo indo em um ritmo leve mas constante bem unido mas com o tempo começamos a nos separar. Eu, a Paulinha e o Victor ganhávamos altura na frente enquanto a Ge e o Beto, ambos carregando muito peso (inútil) para a travessia ficavam cada vez mais para trás, fazendo com que tivéssesmos que parar para os esperar várias e várias vezes. Continuamos ganhando altura pela larga trilha, a temperatura ia caindo (alguns momentos chegou a marcar 6ºC) e quando chegamos nas lajes de pedra do platô final antes do Açu, único ponto onde seria possível se perder na trilha à noite por causa de outras trilhas, esperamos o Beto e a Gerusa chegarem até nós e então dissemos que por causa do frio seguiríamos no nosso ritmo até o final do primeiro dia e assim fizemos. Fomos seguindo e cada vez observávamos mais ao longe as lanternas dos dois até que contornamos o Açu e começamos a procurar a área de acampamento que só o Victor sabia onde ficava. Procuramos por alguns minutos e nada de achar, o vento estava forte e bem frio então decidimos acampar onde estávamos mesmo. Não era o melhor lugar do mundo mas cabia apertado duas barracas e foi o que fizemos. Rapidamente montamos o acampamento e estávamos dentro das barracas preparando nosso jantar e indo dormir. No dia seguinte acordamos preguiçosos e quando levantamos por volta das 8hs vimos que a Ge e o Beto não tinham chegado até onde estávamos. O Victor subiu até o cume do Açu e disse ter visto duas barracas amarelas, logo concluímos que seriam eles e com informação de outras pessoas que subiam soubemos que estavam a cerca de 30 min de nós. Tomamos nosso café-da-manhã, começamos a arrumar as coisas e, aproveitando que eu tinha me afastado um pouco do acampamento para usar o "banheiro", estiquei a caminhada indo até a barraca a mais de 30 min de onde estávamos onde acordei o Beto que me disse que estavam muito lentos (dãããã, com aquele peso também pudera) e que não seguiriam a travessia. Disse então que nós 3 seguiríamos e que nos encontraríamos (quem sabe) no final da travessia para descer para o Rio. Durante esse trecho extra de caminhada percebi que a noite tinha sido fria, em áreas com sombra ainda haviam poças de água com gelo que aguardavam o Sol para começar a derreter. Voltei para o acampamento, descansei por uns 5 minutos, acabamos de desmontar as barracas e arrumar as mochilas e logo começamos a caminhada. Nossa estratégia foi seguir o mais leve possível e como há vários pontos de água pelo caminho fizemos uma pausa bem próxima do acampamento para pegar só um pouco de água, menos de 1 litro, suficiente para seguirmos e por volta das 10h30 seguimos a trilha que descia rumo ao vale. Fomos seguindo e logo a primeira subida nos levou ao Morro do Marco (?). Continuamos a caminhada e começamos novamente a descer rumo ao vale da Luva onde acabamos saindo um pouco da trilha o que nos roubou um pouco de tempo e energia (além de molhar alguns pés e render algumas quedas e arranhões no meio do mato) mas logo estávamos subindo pela íngreme trilha que leva à laje de Pedra do Morro da Luva. Apesar de íngreme a subida foi rápida. Eu pensava que levaríamos pelo menos 1h mas depois de 30min chegamos ao seu final às 13hs. Fizemos então uma pausa para lanche e, aproveitando que estávamos em um bom ritmo e ainda era cedo, deixamos as mochilas e fomos leves pela curta trilha de 300m até o cume do Morro da Luva, 35º ponto mais alto do Brasil de acordo com o anuário estatístico do IBGE de 1998. Quase uma hora se passou e às 13h49 seguimos nosso caminho por mais uma descida em laja de pedra que nos levou até o vale onde fica um corrimão (que deve ser muito importante se chover) e a subida do "elevador", uma rampa de pedra infinita com diversos degraus de aço chumbados na rocha. Continuamos subindo e chegamos então ao lugar mais bonito da travessia. Diferente de quando eu estive por lá ano passado que estava completamente nublado (veja fotos e relato) o clima estava perfeito com um céu azul sem uma núvem sequer! De onde estávamos víamos para tras o Morro do Açu e Luva enquanto na nossa frente, iluminados por um Sol de tarde espetacular, todo o complexo da Serra dos Órgãos com a Pedra do Sino, Garrafão, Dedo de Deus e Escalavrado entre outras que não sei o nome. Continuamos seguindo nosso rumo fazendo algumas muitas pausas para fotografia e logo descemos então para o Vale das Antas onde fizemos mais uma pausa para lanche e para pegar mais um pouco de água já que seria a última até chegarmos ao acampamento 4. Com o final da tarde chegando, às 16h50 começamos a subida final às vezes colocando medo e às vezes tranquilizando a Paulinha sobre o lance do cavalinho até que, às 17hs, tínhamos passado por esse lendário e "assustador" lance que não é nada mais que subir em uma pedra tendo que montar sobre ela como se fosse um cavalo. De lá foram então poucos minutos até deixarmos as mochilas próximo do início da subida da Pedra do Sino e leves subirmos até seu cume para apreciar um lindo pôr-do-Sol. No cume, embaixo de muito vento, fizemos algumas fotos nossas, diversas fotos da paisagem e assim que o Sol desapareceu no horizonte começamos a descida para resgatar as mochilas e seguir até o acampamento 4 onde chegamos com as últimas luzes do dia às 18h10. Em um lugar gramado e razoavelmente protegido do vento armamos as barracas, fui até o riacho buscar água (lá encontrei alguém do parque com quem fiquei conversando enquanto ouvia no seu rádio outros funcionários perguntando sobre um Defender verde estacionado lá embaixo - depois percebi que era só para saber de quem era e depois que falaram a placa e confirmaram ser um grupo na travessia pude ficar tranquilo e parar de imaginar que o carro podia estar pegando fogo, tinha caído dentro da água etc.) e voltei para a barraca onde fiz o jantar e logo estávamos dentro dos sacos de dormir para uma longa noite de sono. A noite foi menos fria que a anterior, inclusive de madrugada acordei com muito calor tirando calça e meias (e aproveitando para comer uma bolacha já que também estava com fome) mas logo voltei a dormir só acordando novamente com o clarear do dia. Novamente acordamos bem preguiçosos, fizemos nosso café da manhã, desarmamos as barracas, arrumamos as mochilas, eu fiz uma pausa extra no banheiro do alojamento 4 e às 10h10 começamos nossa trilha de descida. Com a sugestão do Victor seguimos um pouco pela longa e tediosa trilha de descida e logo pegamos a trilha que nos levou até o mirante da Agulha do Diabo, onde chegamos às 11h40. Lá uma pausa para diversas fotos e então voltamos para o trecho com uma bifurcação onde tínhamos deixado as mochilas e começamos a descer por uma trilha alternativa que eu tinha marcado no GPS. O começo da trilha foi tranquilo mas logo chegamos a um trepa-pedra que nos levou ao cume do provavel Morro da Cruz (pelo que havia marcado no GPS) onde há uma antiga e amassada caixa de livro de cume vazia (se você conhece o lugar e não é esse nome por favor me informe!). Receoso com o caminho a seguir deixei a mochila no cume e desci cerca de 10 minutos para ver como seria sua continuação. No começo é tranquila mas depois começa a descer por rampas bem inclinadas de pedra e depois entraria novamente em mata mais fechada. Como estávamos com mochilas cargueiras achamos mais sensato voltar para a trilha normal do que arriscar nos metermos em roubada em uma trilha desconhecida, e foi o que fizemos, às 13h20 estávamos de volta à "avenida" que leva da Pedra do Sino até a barragem, último ponto do parque onde se chega de carro. Apesar de muito chata com infindáveis zig-zags nossa descida foi bem rápida. Fizemos só algumas breves pausas para fotografar, uma para lanche e às 15h25 estávamos fazendo fotos ao lado da placa do começo da trilha junto a barragem e dando baixa junto ao guarda parque que levava o termo com o nome dos participantes (e informando que os outros 2 do grupo haviam voltado porque não aguentaram concluir a travessia depois do primeiro dia). Continuamos descendo, agora por estrada calçada e às 16h05 estávamos no carro para finalmente tirar as mochilas das costas e calçar a papete. Sem pressa paramos no centro de visitantes para o Victor aliviar um pouco do seu peso, tomamos um Guaravita gelado e fomos então para Teresópolis comer um Açaí na mesma lanchonete que eu havia parado com o Osvaldo algumas semanas atrás quando voltávamos de Salinas. Alimentados pegamos novamente estrada com direito a outra pausa para fotografias no Mirante da entrada da cidade (o Sol tinha acabado de sumir e a silhueta do PNSO estava linda!). De lá mais estrada (com direito a trânsito) e logo estávamos no apto da Ge, onde vimos que eles ainda não tinham chegado, para um merecido banho e noite de sono. Alguns minutos se passaram, a Ge e o Beto chegaram queimados como camarões e de TPM dizendo ter feito a travessia (o que é impossível já que apareceram fotos na internet deles com a Pedra do Queijo de dia - e isso fica no caminho para a entrada de Petrópolis por onde tínhamos passado de noite) e além disso eles tinham resolvido subir carregando o máximo de peso inútil possível, o que os deixou muito lentos e cansados (na mochila deles devia ter desde secador de cabelo até gerador de eletricidade a diesel) então fomos dormir. No dia seguinte acordamos cedo e descansados, acabamos de arrumar as coisas e então eu, a Paulinha e o Victor saímos rumo à Barra da Tijuca onde encontramos na sorte (atras da autorizada land rio) uma lanchonete com café da manhã a quilo, realmente muito boa! Alimentados continuamos nosso passeio para mostrar, pelo menos um pouco, a cidade do Rio para a Paula que ainda não a conhecia. Passamos então por Copacabana, Urca (onde tentei ligar para o Vin e depois ele me disse que estava no Morro da Babilônia escalando), Botafogo, fomos no Mirante Estácio de Sá para umas últimas fotos e uma boa água de coco e então seguimos estrada rumo a Rod. Pres. Dutra. A volta para São Paulo foi tranquila, fizemos uma pausa para lanche onde aproveitei e já gravei em DVD as fotos para o Victor e depois viemos direto para SP, parando só em alguns trechos bem próximos por causa do trânsito. No começo da noite deixei o Victor em sua casa e logo eu e a Paula estávamos na minha jantando. A travessia Petrópolis-Teresópolis é uma travessia bem tradicional e deve ser umas das mais antigas do Brasil. Ela pode ser feita em um, dois ou três dias de caminhada e dessa vez optamos pela última opção, o que a faz ser bem tranquila. Além disso é realmente muito bonita e renderam muitas fotos! Em breve atualizarei os arquivos para GPS da travessia e do seu entorno e já estão no ar algumas das fotografias tiradas no link travessia petro-tere.
Enviado por Tacio Philip às 18:07:00 de 17/08/2009
10/08/2009 11:12:00 (#237) - Escalada da via Domingos Giobbi (4ºVI A2+) em São Bento do Sapucaí - 20 anos após sua conquista!
Semana passada, dia 3 de Agosto, arrumamos as malas e saímos de São Paulo o Victor e eu mais uma vez rumo a São Bento do Sapucaí. A viagem foi tranquila, sem pausas, e no começo da noite estávamos na praça central de SB comendo um lanche e depois um açaí com leite em pó e coco ralado (eu viciei nesse).
Saindo de lá fomos para o abrigo de montanha do Eliseu onde aproveitamos para pegar umas dicas sobre a via que queríamos escalar, nada mais nada menos que a via Domingos Giobbi (4ºIV A2+) na Pedra do Bau, um big wall quase que inteiramente em artificial conquistado há exatos 20 anos (Agosto/89).
Com as dicas na cabeça, croqui na mão e muito equipamento espalhado pelo chão resolvemos ir dormir e deixar para arrumar as tralhas no dia seguinte bem cedo, e foi o que fizemos. Na 3ª feira acordamos às 5hs da madrugada, pegamos as muitas garrafas d´água para os dois dias na parede, comida, saco de dormir, acabamos de separar os equipamentos que precisávamos para a escalada (uma infinidade de mosquetões, estribos, cliffs, friends, nuts, cordas etc. etc. etc), arrumamos tudo dentro dos dois haulbags, tomamos nosso café da manhã e antes das 6hs estávamos dentro do carro dirigindo até o estacionamento do Bauzinho.
Começamos a curta trilha até o Col (colo entre Bau e Bauzinho) com os mais de 20kg de cada haulbag nas costas e lá chegando logo encontramos a parada dupla do 1º rapel que nos levaria até a trilha para o começo da via. Começamos a descida, um rapel curto de uns 20 metros e na sequência mais outro, esse bem mais longo com cerca de 50m que nos deixou na trilha bem no meio da parede do Bau. Seguimos a trilha em direção aos tetos e logo estávamos conferindo no croqui se estávamos no começo da via.
Nos equipamos e logo comecei a guiar a primeira enfiada da via, a única em livre. No croqui diz ser um 4º grau mas o Eliseu mesmo nos disse ser um 6º e depois de escalar totalmente em móvel aquela espetacular fenda concordo com a segunda graduação, realmente um 6º grau. Na parada montei o sistema para içar os bags e logo o Victor começou também a escalada até o platô que seria o lugar do nosso bivaque.
Com os bags no platô comecei a guiar também a 1ª parte da 2ª enfiada da via. Para ganhar um pouco de tempo fiz a saída até a primeira chapeleta em livre (na metade do caminho pensava: porque não saí em artificial!?!?) mas logo que passei o mosquetão com os estribos nela pude relaxar e continuar a escalada alternando lances em móvel, cliff e algumas chapeletas até a parada tripla da 1ª meia enfiada. Lá fixei a corda para o Victor subir jumareando e assim que ele chegou segui a 2ª parte da enfiada até sua outra parada, também alternando lances protegidos com friends, chapeletas e sequência de cliff.
Como chegamos razoavelmente cedo nessa parada (2ª da via) e essa era nossa meta do dia: deixar as cordas fixas até a 2ª parada e continuar no dia seguinte, resolvemos tentar esticar mais um pouco, então o Victor começou a guiar a 3ª enfiada da via, uma bonita diagonal, quase uma travessia por baixo de um grande teto. Como as colocações eram mais delicadas acabamos demorando mais tempo que o esperado então o Victor foi só até a 2ª chapeleta da enfiada (metade dela) onde fixou corda, rapelou até onde eu dava a segurança e, agora com duas cordas fixas nós rapelamos com as últimas luzes do dia até o platô onde preparamos nosso jantar e logo fomos dormir olhando bem abaixo de nós as luzes de São Bento.
A noite foi bem tranquila e quente para o padrão de SB. Acordei algumas vezes para beber água, ir ao "banheiro" e sempre admirava ao fundo as luzes da cidade que no meio da madrugada foram encobertas com núvens e uma grande lua cheia que iluminava tudo.
No dia seguinte acordamos mais tarde do que devíamos, por volta das 6hs e esse foi nosso primeiro erro. Como tudo tinha corrido mais que bem no dia anterior estávamos confiantes mas não sabíamos o que nos esperava. Tomamos tranquilamente nosso café da manhã e às 8hs começamos a jumarear (subir pelas cordas fixas usando equipamentos blocantes). Subimos a primeira 1/2 enfiada, içamos os bags (a partir dessa hora não havia mais retorno, como a via é negativa e não é possível descer rapelando nossa saída agora seria só por cima), subimos a 2ª parte e, enquanto o Victor jumareava até a metade da 3ª enfiada onde ele havia fixado a corda eu içava novamente os bags até mim e logo estava com a 2ª parada organizada dando segurança para que ele seguisse até a 3ª parada, isso já eram 10hs da manhã.
O Victor continuou a escalada e depois de mais de 2 horas de uma escalada tensa com direito a quedas estava na 3ª parada da via fixando uma das cordas para que eu limpasse a enfiada (tirar as proteções colocadas) e jumareasse até lá enquanto ele içava os 2 haulbags. Cheguei na 3ª parada por volta das 13hs e como tínhamos fixado um prazo de tempo: caso não chegássemos na 4ª parada (ou próximo dela, onde está a única rota de fuga da via que leva para a via Normal do Bau) até as 14hs sairíamos pela Normal abandonando a via. E foi o que fizemos, mas não foi tão simples assim.
O Victor começou a guiar a 4ª enfiada e olhando o croqui vimos que ela saia em uma travessia para esquerda até uma chapeleta, depois descia até uma laca e então continuava a subida por uma fenda. O começo foi tranquilo, protegido com um grande Friend, uma sequência em buracos de cliff e logo o Victor estava na chapeleta onde fixou um mosquetão e eu comecei a descê-lo de baldinho para que procurasse a continuação da via. Aparentemente devíamos descer por ali mesmo já que haviam cordeletes abandonados na chapa indicando que alguém tinha rapelado por lá mas o Victor não conseguia se manter na fenda aberta que seguia em diagonal para a esquerda e quando se soltava acabava pendurado no vazio, tendo como única opção jumarear novamente até a chapeleta (ou próximo dela) para que fizéssemos outra tentativa.
Perdemos minutos preciosos (ou melhor horas) nisso então ele achou melhor eu também fazer uma tentativa para ver se enxergava algum caminho para saírmos dali (já devia ser por volta das 15hs e agora eu não estava mais preocupado em completar a via, mas sim sair de lá naquele dia e não ter que dormir na parede em uma noite que não seria nada confortável!). Com o Victor chegando de volta na 3ª parada peguei o rack com os equipamentos e fui então fazer minha tentativa. Primeiro tentei pelo mesmo caminho que ele havia feito, jumareando até a chapeleta e descendo de baldinho a procura de lugar para colocar proteções e progredir mas também não deu certo. Olhava e olhava para o lado em todas as alturas da parede (desde a chapa até a parede negativa) mas nada de buraco de cliff ou fenda para progredir e sair dali. Subi mais uma vez até a chapa e enquanto o Victor me descia mais uma vez de baldinho fui meio que escalando de lado, me segurando onde podia, até encontrar uma fenda onde pude proteger com duas peças, para o momento foi um grande avanço!
Continuei olhando, olhando, olhando, agora mais estável por causa das proteções que não me levariam de volta ao negativo e depois de umas tentativas frustradas de pendular para esquerda fui novamente escalando de lado segurando onde podia até chegar uma outra fenda onde coloquei mais duas proteções para evitar que eu pendulasse de volta para a direita e ficasse novamente pendurado no vazio. Novamente olhada a procura de uma sequência de buracos ou fenda mas nada! Desci um pouco mais e consegui então fixar mais dois micro-friends embaixo de uma laca e progredir mais alguns poucos, mas valiosos, metros para a esquerda. Mais uma vez não encontrava nada, nem uma fenda, nem um buraco, nem uma agarra, a parede era quase que completamente lisa! Continuei a procura então achei uma pequena saliencia que provavelmente seguraria um cliff, coloquei ele o melhor que pude, dei umas leves marteladas para fixá-lo bem no lugar e então subi nos estribos e ele segurou bem o peso, tinha conseguido ir mais uns 80cm para esquerda!
Novamente a procura de fenda, buraco ou o que quer que seja para sair dali e novamente uma parede quase lisa na minha frente. A esquerda, a uns outros 80cm a 1m de mim uma pequena agarra mais salientada mas com rocha podre era minha única opção. Novamente coloquei um cliff o melhor que pude e vi que ele ficou bem firme, agora a dúvida era: será que vai aguentar meu peso? Fui aos poucos transferindo o peso dos estribos onde estava para os estribos nessa agarrinha e quando eu menos esperada ouvi um estalo e quando vi já estava pendurado pela daysi-chain (fita de segurança usada na progreção) no cliff anterior, ou seja, a agarra realmente não me aguentou e o que segurou minha queda foi o cliff anterior!
Subi mais uma vez para próximo do cliff usando quase que seu último degrau (ou seria o primeiro o mais de cima?), a agarra arrancada havia deixado uma outra saliência e lá vou eu, mais uma tentativa. Novamente o cliff no lugar, novamente transferindo o peso aos poucos e novamente um estalo e eu pendurado pela daysi sendo seguro por um cliff.
Atrás de mim eu podia ver o Sol cor de laranja cada vez mais baixo no horizonte e eu não tinha opção, eu tinha que conseguir sair dali para que seguíssemos seguir para a Normal do Bau e voltar para SB. Vendo que a menos de 2 metros para minha esquerda, depois da agarra que insistiu em não me segurar, formava um platô inclinado e na esquerda havia um diedro onde era possível segurar em oposição (toscamente mas era) resolvi tentar então sair em livre e ver onde conseguia chegar. Subi bem nos estribos, abri a perna bem para a esquerda sobre o platô inclinado (como eu gostaria de estar de sapatilha naquela hora) e fui deixando o peso do corpo cair para esquerda usando o diedro em oposição e consegui ficar em pé.
Agora eu estava em uma posição mais estável e em uma parede escalável e pude então pedir pro Victor ir dando mais corda para que eu continuasse escalando até que eu encontrasse algo. Segui mais um metro para esquerda até um platô onde no passado havia uma parada (hoje só tem os dois furos) e acima de mim uma fenda perfeita para ser protegida em móvel. Subi mais 1 a 2 metros e finalmente um friend bem colocado me deu a certeza que não ficaria na parede aquela noite.
O Sol já havia desaparecido no horizonte e com as últimas luzes montei duas paradas à prova de bomba independentes. Uma delas, com 5 peças equalizadas em 2x3 usei para me ancorar e fixar a corda para que o Victor jumareasse até mim e na outra, com 4 peças em 2x2 montei o sistema para içar os haulbags. Achei muito mais seguro montar a parada dos bags separada porque a 3ª parada, onde o Victor estava com eles, estava mais alta do que eu então quando eles fossem soltos haveria um grande pêndulo e um pouco de impacto na mesma. Dessa maneira, se ela não aguentasse, não nos levaria junto.
Quase no escuro liberei a corda dos bags de mim, o Victor os liberou da parada e o sistema aguentou sem sequer se mexer. Comecei então a içá-los até mim e vieram sem problema algum, já era por volta das 19hs quando consegui pegar minha headlamp e voltar a enxergar.
Na parada esperei o Victor e logo que ele chegou eu já estava com sapatilha nos pés pronto para seguir a escalada. O local que estávamos para mim não era mais desconhecido. Olhando para cima eu via o teto do Bau e sabia que estava bem próximo da via Anormais que eu tinha escalado com o Pedro há alguns meses. Logo o Victor montou minha segurança então comecei a subir em diagonal para a esquerda (um 4º grau), protegi depois de uns 15 metros com um friend em uma grande fenda, continuei na diagonal e logo encontrei uma das chapeletas da Anormais. A partir dali foi só subir em linha reta para cima até chegar na parada dupla da via logo abaixo do teto e início da trilha final da via Normal do Bau.
De lá mais uma vez montei o sistema para içar os bags, fixei a outra corda para o Victor e enquanto eu puxava o equipamento o Victor jumareava/escalada ao seu lado ajudando a desenroscá-lo no caminho (a parede é positiva e cheia de agarras então os bags enroscavam a cada 2 metros!). Mas no final tudo correu bem, o tempo passou e logo o Victor estava na parada e então saímos da parede para um platô onde pudemos aliviados bebem água, comer alguma coisa e guardar os equipamentos nos haulbags.
Um pouco descansados e alimentados colocamos os bags nas costas e começamos então a subida pela trilha até o topo do Bau onde chegamos por volta das 23hs! No topo mais uns minutos de descanso e às 23h15 estávamos no começo da descida da face Sul. Apesar do cansaço a descida foi bem tranquila e com direito a algumas pausas para descanso na trilha final que nos levou de volta até o carro.
No carro mais uma breve pausa para beber água (nosso último gole tinha sido na pausa que fizemos próximo a trilha de subida para o col), bags no porta-malas e agora no conforto dos bancos do Defender (sem sequer se preocupar em tirar a cadeirinha) voltamos para o abrigo em São Bento.
No abrigo um merecido banho (sendo que a luz deve ter entrado em curto no final do banho fazendo com que eu o terminasse embaixo de água gelada), um miojo e bolachas para repor um pouco a energia e na sequência cama para uma merecida longa e pesada noite de sono.
Na 5ª feira dia 6 acordamos bem tarde, por volta das 11hs e fomos direto para a cidade almoçar. Do almoço um sorvete de sobremesa e voltamos para o abrigo para arrumar as coisas, jogar tudo no porta malas e pegar estrada de volta pra SP por volta das 15hs (com direito a mais uma pausa em SB pro Açaí com coco ralado e leite em pó!). O caminho foi tranquilo e umas 19h30 deixava o Victor em sua casa e 20hs estacionava na minha.
Esse foi o primeiro bigwall que entrei até hoje mas minha pretenção é que tenham muitos outros mais. Apesar de não concluirmos a via a escalada foi espetacular e em conversas pós escalada chegamos a uma conclusão: ninguém pode falar que não conseguimos nos virar e nossa logística funcionou! Não é a primeira vez que não termino uma via de escalada (e com certeza também não é a última) mas nós dois nos sentimos confiantes durante a escalada e em nenhum momento a situação ficou fora de controle.
Agora é só se recuperar, encher os haulbags e partir para a próxima!
As fotos da escalada (não tiramos muitas) estão no link Via Domingos Giobbi SBS.
Enviado por Tacio Philip às 11:12:00 de 10/08/2009
06/08/2009 23:37:00 (#236) - Subida de diversas montanhas do Parque Nacional do Itatiaia
Na Sexta-feira dia 31 de Julho saímos de casa no começo da noite a Paula e eu e, depois de pegar o Parofes, Edson e Victor pegamos estrada rumo ao Parque Nacional do Itatiaia. A viagem foi super tranquila com só uma breve pausa e depois de algumas horas estávamos no (LIXO) do Alsene armando nossas barracas e indo dormir.
No dia seguinte acordamos por volta das 7hs e logo subimos para o Parque onde depois de estacionar o carro ao lado do Abrigo Rebouças tomamos nosso café da manhã e começamos nossa caminhada para o primeiro objetivo do dia: a Asa de Hermes.
A início da caminhada para a Asa é o mesmo que para o Agulhas sendo que logo após a ponte pensil você segue para a esquerda em uma trilha entre a que segue para o Agulhas e outra subindo que leva à Pedra do Altar. Depois de um tempo ela atravessa o vale e começa então um longo trepa pedras pela direita da Asa a contornando e depois uma subida final até sua base. Algumas horas se passaram e por volta das 11hs estávamos na sua base suportando um forte vento mas felizes pela meta concluída.
Ficamos um bom tempo fotografando, assinando o livro de base (sim, o livro fica na base da Asa) e depois de ver o Edson e o Parofes animados subindo até o seu topo (mesmo sem saber como seria descer) eu e o Victor também nos animamos e escalamos até o seu topo (uma saída estilo boulder que deve dar um 5º/6º grau e depois uma rampa em canaleta de pedra).
Ficamos poucos minutos no minúsculo topo, a Paula que ficou na base tirou mais algumas fotos então começamos a descida. O único lance arriscado é a descida final, ou você desescala e tenta alcançar a base de uma pedra atras de você (com um belo buraco abaixo) ou pula direto para esse platô de pedra, e foi a nossa opção. Mesmo com o risco de torcer um pé com certeza é muito mais fácil que tentar desescalar nos métodos tradicionais e no final só me deixou com dor no tornozelo uns 2 dias.
Começamos a caminhada de volta ao Rebouças às 11h40 e como ainda era cedo decidimos ir direto a outra pedra que queríamos subir, a Pedra Assentada (ou Pedra Sentada). A caminhada até sua base é bem tranquila e segue como se fosse para o Prateleiras depois passando pela Pedra da Tartaruga, Maçã e finalmente sua base de onde segue praticamente em linha reta por um interminável trepa-pedras.
Mesmo chato e cansativo o trepa-pedras foi tranquilo, o único inconveniente que deu uma apimentada na subida foi a Paula derrubar minha câmera que ela estava usando (uma Canon G10) em um buraco entre algumas grandes pedras. Só ouvi ela falando algo e um barulho de algo batendo entre pedras e indo cada vez mais para o fundo no escuro. Quando ela disse que tinha sido a câmera não pensei duas vezes, chamei o Victor que estava alguns metros a frente com a corda e disse que tentaria descer até onde desse para tentar resgatá-la.
Coloquei a cadeirinha, armei uma parada onde fixei a corda em um bico de pedra, o Victor também colocou a cadeirinha para servir de backup caso o bico quebrasse e logo comecei o rapel apertado entre os blocos. Na metade do caminho o Edson jogou uma pequena pedra no mesmo vão para eu estimar para onde a câmera podia ter ido (lá embaixo formava um labirinto escuro de pedras empilhadas) e vendo o seu caminho continuei a descida e com a ajuda da headlamp comecei a procurar pela câmera.
Eu estava em uma base de rocha razoavelmente plana com diversos blocos com mais de 3 metros cada para todos os lados. Um pouco mais afastado de mim o buraco continuava descendo e minha esperança era que a câmera tivesse parado por ali. Depois de alguns poucos minutos olhando em todas as fendas consegui encontrá-la atras de um bloco o perto suficiente para poder vê-la mas longe o suficiente para conseguir alcançá-la. Sabendo onde ela estava restava conseguir puxá-la de volta e torcer que estivesse funcionando.
Fiquei alguns minutos tentando alcançá-la, uma idéia seria a puxar com algum galho ou bastão de caminhada mas não tínhamos nada por perto então descidi tentar dar a volta nesse bloco e a alcançar por outro lado e foi o que deu certo. Depois de me arrastar entre dois blocos onde eu só conseguia entrar deitado e de lado estiquei o braço por baixo da pedra e com a ponta dos dedos alcancei sua alça e a puxei até mim. Em seguida me arrastei como uma minhoca de volta para a base onde tinha ficado a corda e pude então analisar o estado da vítima resgatada.
Apesar de alguns ferimentos que deixaram algumas cicatrizes nos seus cantos ela parecia bem. Olhando ao redor vi que ela não tinha batido de frente (nas lentes) e o que parecia em estado pior era o LCD, totalmente trincado. Resolvi então tentar ligá-la e funcionou perfeitamente, coloquei para mostrar alguma imagem no LCD e percebi então que o mesmo estava intacto, o que estava completamente trincado e tinha absorvido todo o impacto o dissipando e impedindo que afetasse o LCD foi um simples protetor (creio eu que seja de policarbonato) que eu tinha comprado no eBay por cerca de US$7.00! Ou seja, graças a uma peça de apenas R$14 não tive um prejuízo muito maior!
Fiz algumas fotos onde eu estava para relatar o ocorrido (e continuar testando a câmera) e logo pedi para o Victor montar minha segurança que eu subiria escalando por entre as pedras até voltar a superfície. A subida foi bem tranquila e logo que cheguei fora do buraco medi quanto eu havia descido com a corda e chegamos a conclusão que tinha sido entre 15 e 17 metros! De volta a trilha seguimos mais um pouco pelo trepa-pedras até a base final da Pedra Assentada, uma grande pedra em uma platô. A Paula ficou fazendo algumas fotos enquanto o Victor, Edson, Parofes e eu subíamos até seu topo para assinar o livro de cume (é necessário descer uma rampa quase vertical desescalando e depois escalar por uma fenda e um bloco final para chegar ao topo, uma escalada de 3º Vsup).
No topo assinamos o livro e rapidamente fizemos o rapel até sua base e começamos a caminhada de volta às 17hs com o Sol desaparecendo no horizonte. Minha preocupação era passar pelo trepa-pedras ainda de dia e no final tudo deu certo, quando escureceu de vez chegamos na estrada e de lá foram só uns 30 minutos até o carro e de lá novamente até o Alsene para mais uma noite acampados.
No outro dia acordamos também por volta das 7hs e fomos então para a Pedra Furada, outra montanha bem próxima e de fácil acesso porém pouco visitada (20ª montanha mais alta do Brasil). Sua trilha começa com a mesma da travessia Serra Negra, um pouco abaixo do Alsene mas logo desvia para a esquerda seguindo uma provavel antiga estrada de acesso aos postes no caminho.
Começamos a caminhada às 8h50 e às 9h50 já estávamos em seu cume fazendo algumas fotos. Ficamos por lá pouco tempo e de volta ao Alsene fizemos um rápido lanche e fomos então subir o que achávamos ser o Morro do Massena, 16ª montanha mais alta do Brasil.
A trilha de subida fica a 250m de distância do Alsene sentido entrada do Parque e sobe quase que em linha reta até seu cume. A subida foi muito mais tranquila que imaginávamos e em 50 minutos estávamos no cume fazendo algumas fotos. Como ainda era cedo, por volta das 12h30, olhei para o Parofes e dei a idéia de irmos até outra montanha ao nosso lado já que não tínhamos certeza sobre qual delas era o Massena. Todos toparam na hora então começamos a descida e em seguida a subida até o seu cume onde chegamos às 13h20.
Agora sim estávamos no cume do Morro do Massena e depois na internet descobrimos que o primeiro cume que tínhamos subido é conhecido como Massena Noroeste, mas sem nenhum nome oficial pelo IBGE. Lá fizemos mais muitas fotos e, enquanto eu, o Parofes e o Edson íamos até o final de sua crista para fazer algumas fotos do Agulhas e outras montanhas o Victor e a Paula começaram a descida até a estrada do parque, caminho que fizemos logo em seguida saindo bem na portaria 3 do PNI (felizmente ninguém nos pertubou por termos aparecido por lá por esse caminho).
Bebemos um pouco de água, mais algumas fotos e começamos a descida para o Alsene. Para não perder viagem antes de ir embora subimos ainda outra montanha, o Morro do Camelo fazendo o que chamei de trans-camelônica, uma caminhada que começa por um lado da montanha e sai pelo outro.
De volta ao Alsene, pouco antes das 15hs pegamos o carro e de lá estrada de volta para casa. No caminho paramos na garganta do registro para um merecido milho verde, na parada do Pão de Queijo em Engenheiro-Passos e ainda diversas outras pausas para fotografia da mantiqueira na estrada de descida do parque e na Dutra.
Essa viagem foi muito compensadora e acho que a mais proveitosa no PNI até hoje. Subimos em dois dias a Asa de Hermes, Pedra Assentada (ou Pedra Sentada), Pedra Furada, Massena Noroeste, Morro do Massena e Morro do Camelo.
As fotos dessa viagem já estão no link diversas montanhas do PNI.
Enviado por Tacio Philip às 23:37:00 de 06/08/2009
29/07/2009 13:49:00 (#235) - Arquivos para GPS em formato gtm, gdb e agora também em kml para download
Há algum tempo coloco para download aqui no meu site pessoal arquivos para GPS captados em caminhadas de aproximação de escaladas em rocha, trilhas e travessias em montanhas ou apenas passeios interessantes que acho que valem a pena serem feitos.
Hoje, aproveitando o tempo chuvoso atualizei a página de arquivos e além de conter os tradicionais arquivos em formatos gtm para GPS TrackMaker e gdb para MapSource agora estão disponíveis também em formato kml para o Google Earth.
Dessa maneira quem ainda não está familiarizado com GPS e softwares relacionados poderá abrir os arquivos em um programa muito mais popular, o Google Earth, e visualizar os tracks e waypoints marcados.
E aproveitando o post, alguns links interessantes com textos já publicados aqui no blog para quem gostaria de ter o software MapSource mas ainda não tem um GPS:
- Software Garmin MapSource para download.
- Como instalar mapas atualizados no GPS Garmin usando o MapSource.
Agora é só esperar o tempo melhorar (nesse inverno está chovendo muito!) e arrumar as mochilas para subir mais montanhas e escalar. Se o clima colaborar em breve novidades!
Enviado por Tacio Philip às 13:49:00 de 29/07/2009
25/07/2009 19:58:00 (#234) - Escalada no Pico Maior e Morro do Gato em Salinas (PE 3 Picos)
Dia 22 de Julho, um dia reservado para descanso depois da roubada do dia anterior ( veja aqui o que aconteceu) eu e o Osvaldo pretendíamos ficar o dia todo sem fazer nada acabamos indo escalar no Morro do Gato com um pessoal do Rio de Janeiro que também estava alojado no refúgio do Sergio Tartari.
O Morro do gato é bem próximo e fomos todos andando até a base da via Bode da Tarde (D1 4o. IV E1 130m) onde ao chegar eu e o Osvaldo nos equipamos e logo comecei a subida. Como tínhamos levado só uma corda de 50 m pensei em esticar direto até a 2a. parada, de onde eu faria a segurança do Osvaldo e ele seguiria o resto. Fui subindo e logo ele me avisou que a corda estava no final. A parada ainda estava uns 10 metros acima e a última proteção que eu tinha passado a uns 8 metros abaixo. Em vez de desescalar falei pro Osvaldo e tocarmos a via à francesa, ou seja, cada um em uma ponta da corda e escalando simultaneamente, e foi o que fizemos.
Segui mais alguns bons metros passando por mais umas 3 proteções mas resolvi parar em uma delas porque o arrasto da corda estava muito grande. Montei então a segurança para o Osvaldo e logo que ele chegou seguiu direto até o final da via de onde fez minha segurança. Dessa maneira nossa subida foi muito rápida e levamos cerca de 45 minutos para escalar os 130 m da via.
No cume ficamos descansando, fazendo muitas fotos dos 3 Picos e depois e mais de uma hora por lá resolvemos descer. Na descida nos despedimos dos cariocas (que ficariam até de noite por lá) e voltamos para o alojamento, tomamos um banho, pegamos o carro e fomos até Nova Friburgo comer uma pizza. Depois foi só voltar para o alojamento, preparar a mochila para o dia seguinte e dormir.
No dia seguinte acordamos às 5 hs com o despertador, levantamos, tomamos nosso café da manhã e seguimos para o Pico Maior de Friburgo. Nossa meta do dia era escalar a via Décadance avec Élégance (D4 5o. VIIa (AO/VIIc) E2 700m).
Chegamos onde fica o carro, pegamos e mochila e começamos a trilha rumo ao Pico Maior. Fomos subindo apreciando um lindo nascer do Sol e logo estávamos na base da via Leste, uma via que eu escalei ano passado.
Voltamos um pouco pela trilha e meio que em trilha fechada e em alguns lances abrindo caminho no peito começamos a procura da Decadance. Fomos contornando a montanha e então às 8 hs, duas horas depois de começar a caminhada achamos uma base confortável que aparentava ser da via que íamos escalar. Nos equipamos e logo comecei a subir. De cara percebi que não estava na via porque não havia uma proteção sequer mas a Decadance devia estar próxima. Como a escalada era super tranquila, um 2o. grau, continuei subindo na esperança de enxergar algum P ou chapeleta e poder ir até ele e continuar.
Fui subindo, subindo, subindo e, em um ponto após uns 30 metros solando, consegui colocar uma proteção em uma fenda e continuei subindo, subindo até que o Osvaldo me avisa pelo rádio que a corda estava no fim. Falei para ele entrar direto e seguirmos à francesa até achar alguma coisa. Continuei a subida e quando cheguei em um platô confortável dei a segurança do Osvaldo até que ele chegou até mim. De lá ainda não víamos uma proteção sequer e pelo guia de escaladas vimos que estávamos no começo da via Paradoxo (D4 6o. VI+ E5 450m).
Pela foto com as vias víamos que a Decadance estava a nossa esquerda e para evitar a perda de tempo de rapelar (ou desescalar já que não havia proteções fixas) e procurar a sua base mais uma vez resolvi continuar escalando fazendo uma travessia até chegar na via. A travessia foi tranquila, passando por trechos de rocha e alguns entre algumas bromélias e logo achei uma parada onde esperei o Osvaldo chegar também.
Na parada mais uma vez olhando os croquis e percebemos então que já estávamos na 4a. parada da Decadance! De lá foi só alegria e continuar escalando seguindo o croqui.
Fomos subindo alternando a guiada e não tivemos problemas até a 13a. parada da via. Na 14a. enfiada o Osvaldo foi escalando e como havia mais chapeletas no caminho de outras vias que cruzam ou pelo menos passam perto da que seguíamos ele se enganou e seguiu errado até a base da chaminé da Leste à esquerda, sendo que a parada que procurávamos estava à direita.
Comecei a subir e a procurar o verdadeiro caminho para a 14a. parada. Depois do Osvaldo rapelar até um platô e eu seguir bem para a direita finalmente achei uma chapeleta e consegui ver o Bico de Pedra para onde tínhamos que ir. Fiz algumas tentativas de travessia, sempre com muito receio já que, se eu levasse uma queda, faria um belo de um pêndulo mas depois de algumas tentativas cheguei até o Bico de Pedra de onde dei a segurança do Osvaldo.
Com um atraso de pelo menos uma hora por causa desse erro e com o psicológico abalado por causa disso continuamos a escalada sendo que guiei a enfiada em articial (onde inclusive levei uma picada na mão de uma abelha solitária que passeava por lá), depois o Osvaldo guiou a 15a. enfiada, eu a 16a. que foi a primeira chaminé que eu gostei até hoje (movimentos muito bonitos em boas agarras e com boas oportunidades para proteger com peças móveis) e cheguei assim até o último "P" da via, o mesmo da via Leste. De lá o Osvaldo seguiu para o cume e eu logo em seguida, chegando por volta das 17h30 e observando os últimos raios de luz.
Diferente de dois dias atrás no Capacete a descida não seria problemática já que eu tinha marcado o ponto de rapel no GPS. Fomos então até o cume, assinamos o livro (que na verdade só tem umas flhas soltas por lá), fizemos algumas fotos e já no escuro partimos para a parada da via Sylvio Mendes, a mais recomendada (e usada) para rapelar do cume do Pico Maior.
Juntamos as duas cordas, passamos pelas proteções e logo comecei a descida. Nessa longa sequência de rapéis tudo correu muito bem, o único momento que desviei um pouco do caminho mas logo encontrei o lugar correto foi rapelando da 9a. parada da via para a 7a. (como estávamos com 2 cordas pudemos descer de 2 em duas paradas para ganhar tempo) onde entrei para a chaminé da esquerda em vez de seguir pelo pilar, mas logo me achei e continuamos então a longa descida.
Fomos descendo e logo chegamos na sequência de chaminés (onde tive que aproveitar para beber e pegar um pouco de água em uma poça d'água "meio parada" já que a minha tinha acabado), fizemos um trecho de trilha, mais um rapel longo, mais uma pausa para guardar uma das cordas, mais trilha, mais rapel, mais trilha e finalmente o último rapel que nos levou até o colo entre o Capacete e o Pico Maior.
Cansados mas aliviados pelo fato da corda não ter enroscado nenhuma vez durante os rapéis e tudo ter corrido bem nos desequipamos, guardamos tudo na mochila e novamente seguimos pela trilha até o carro e de lá para o alojamennto para o tão esperado macarrão com atul, cebola, linguiça calabresa e milho verde!
Depois disso foi só tomar um banho bem quente, um diclofenaco mais um dorflex e desmaiar na cama até o dia seguinte.
Hoje acordamos umas 8h30, arrumamos sem pressa alguma todas as tralhas e agora vamos almoçar. Na sequência partimos de Nova Friburgo e vamos procurar um Acaí em Teresópolis. Se o tempo estiver bom escalaremos alguma coisa pelo Rio, senão não sabemos se vamos para algum lado ou se antecipamos nossa volta para São Paulo.
Algumas fotos das escaladas aqui em Salinas estão no link Escaladas Salinas.
Enviado por Tacio Philip às 19:58:00 de 25/07/2009
24/07/2009 19:02:00 (#233) - Superando limites e aumentando o nível de conforto em Salinas
Alguns dias servem para superar nossos limites e aumentar nosso nível de conforto em determinada situação.
Na última 2a. feira saímos de São Paulo o Osvaldo e eu e, depois de umas 9 hs de estrada estávamos estacionando no começo da noite no Abrigo das Águas do Sérgio Tartari em Salinas.
No dia que chegamos só conhecemos algumas pessoas que estavam por aqui e logo fomos dormir para escalar cedo no dia seguinte. Nossa idéia era escalar a via CERJ (D3 5o. V (A0/VI+) E2) no Capacete e aproveitamos para pegar algumas dicas, principalmente do acesso e rapel, com outros escaladores que já tinham a escalado.
Na 3a. feira (21/07) acordamos cedo (mas sem madrugar) às 6 hs com o despertador e depois de um lento despertar tomamos nosso café da manhã, acabamos de arrumar as mochilas e por volta da 7h20 pegamos estrada rumo ao Capacete. A subida da estrada foi tranquila (pouco mais de 4,5 km) mas bem esburacada. Nessas horas estar de 4x4 faz diferença.
Deixamos o carro às 7h40 e começamos a subida da trilha. Eu nunca tinha escalado no Capacete mas tinha noção da direção da trilha por causa da minha escalada no Pico Maior ano passado já que, durante a descida fomos pela trilha no colo entre essas duas montanhas. Continuamos a subida e depois de passar a placa de acesso ao setor Rodolfo Chermont do Capacete usamos o guia do Tartari para nos orientar. Passamos então pelo portão de ferro, pela casa, fomos até o riacho e antes dele começamos a subir em direção à face Norte do Capacete (navegando por instinto já que em nenhum momento conseguíamos ver a montanha por causa de uma forte neblina).
Como haviam nos dito a trilha é bem fechada e em alguns momentos não da pra saber sequer se existe uma trilha mas continuamos a subida lembrando de algumas dicas do dia anterior e usando um pouco de instinto para chegar até a parede.
Fomos subindo por um vale de mato entre duas paredes e às 9 hs achamos que tínhamos achado a via. Nos equipamos e eu entrei então para ver se realmente era a CERJ. Escalei alguns poucos metros e logo percebi que estava na via Devaneios do Repouso (D3 5o. VI (A0/VIIb) E3) uma via que o próprio guia de escalada da região diz ser a mais exigentes do Capacete. Comecei escalando com cuidado e depois de alguns minutos de stress estava na primeira proteção da via. De lá fiquei feliz por enxergar a próxima então continuei a complicada e delicada subida até chegar na sua 3a. proteção fixa. Até onde eu estava a via ia positiva mas completamente sem agarras, só aderência. Em pouquíssimas situações eu encontrava alguma agarra para os dedos com 1/2 cm de tamanho e que só servia de ponto equilíbrio, se um pé escapasse não haveria como evitar uma boa queda - e como a via tem grau de exposição E3, quem escala sabe como é, eu escalei pelo menos uns 20 metros e só haviam 3 grampos "P" no caminho).
Pouco acima da 3a. proteção vendo que a continuação que o croqui indicava era ainda pior do que eu havia escalado (ainda protegido em móvel e não tinha certeza para onde seria a parada) resolvi desistir e procurar uma rota de fuga. O mais óbvio no momento era uma laca na minha esquerda onde eu poderia proteger em móvel antes de procurar a parada ou tentar montar um rapel e descer. Fiz uma travessia bem técnica em aderência com muito equilíbrio e logo depois de uma quase queda que me fez suar frio (eu cairia uns 20 metros até ser travado pela corda) cheguei na laca. Lá percebi que não tinha sido o único já que lá mesmo havia um cordelete abandonado laçando uma dessas lacas (usado para rapel). Fiquei alguns longos minutos pensando o que fazer e decidi que o melhor mesmo seria descer. Como estava com corda dupla o Osvaldo liberou uma delas e fez minha segurança enquanto eu rapelava com a outra corda até que eu chegasse no 3o. "P" da via onde montei o rapel que me levou até o chão.
A primeira parte do rapel foi muito estressante. O fato de fazer rapel em uma laca laçada com um cordelete não me assusta, mas quando você olha essa laca e percebe que ela esta solta e já mexeu no sentido que você pretende descer faz você realmente suar frio. Por isso fiz de lá um rapel só até a 3a. proteção - e com a segurança do osvaldo na outra corda caso a laca resolvesse cair de vez - e felizmente tudo correu bem. Às 11h20 já tinha descido, comido uma bolacha e me desequipado para descer a trilha.
Como ainda era cedo fomos então procurar a verdadeira base da via CERJ e marcá-la no GPS para que pudéssemos voltar no dia seguinte sem nenhum erro e perda de tempo. Fomos andando, contornando pedra, subindo pedra, olhando croqui, guardando croqui e logo vimos que estávamos no caminho certo. Subimos por outro vale entre rochas, alguns trepa pedras, uma pequena chaminé e às 12h20 estávamos realmente na base da via. Lá eu e o Osvaldo nos olhamos e mesmo o com horário mais avançado perguntamos um pro outro "vamos?". Como conhecemos o ritmo um do outro a resposta na hora foi "vamos!" então nos equipamos novamente e o Osvaldo começou guiando a primeira enfiada.
O começo da escalada foi perfeito e muito rápido. Mesmo usando algumas peças móveis em uma enfiada e com vários esticões em outras estávamos muito confiantes e escalando rápido. Cerca de 2 hs depois de começarmos a subida estávamos fazendo uma pausa para um lanche na 6a. parada da via mas ai na sequência começaram alguns imprevistos. Primeiro o Osvaldo escalou até uma 7a. parada altenativa sendo que ele não achou a parada real e parou em apenas um "P" após um primeiro lance em artificial (5 parafusos antigos) e que não era o artificial da CERJ. O Sérgio Tartari depois disse que provavelmente entramos em alguma tentativa da conquista original da via. Para piorar, ele mandou esse lance bem complicado (aderência) depois de um esticão com mais de 15 m da última proteção, levar uma queda não era uma opção que podia ser cogitada.
Subi de segundo até onde ele estava e começamos a estranhar a via. Um pouco abaixo de nós víamos um P que achávamos ser a verdadeira 7a. parada (mas faltavam outros para chegar até ela) e 5 parafusos do trecho em artificial. Até ai tudo bem, mas na continuação deviam haver 4 parafusos (ou chapeletas, ou qualquer outra coisa) e só haviam dois e para cima mais nenhuma proteção, mostrando que realmente tínhamos bobeado em algum lance e saído da via. O Osvaldo aproveitou que estava no pique daquele lance e então continuou a escalada até parar em uma parada dupla com duas chapeletas Bonier de uma via lateral à nossa. Subi em seguida até a parada e vimos então que também não havia mais proteções acima mas nossa única opção era continuar escalando. Subi então na sequência e protegendo em móvel onde dava (em uns 30 metros consegui colocar 2 friends) e como vi que estava chegando no topo e já era possível ir andando montei uma parada em móvel para que o Osvaldo se juntasse a mim e então continuassemos caminhando até o topo.
Com todo o atraso às 16h40 terminamos a via e chegamos no cume do Capacete. Fizemos uma pausa rápida para foto, guardar na mochila o equipamento que não usaríamos na descida e nossa maior preocupação no momento era: descer!
Com as últimas luzes do dia, que apresentaram um pôr-do-Sol espetacular sobre um mar de núvens (infelizmente sem fotos já que havia outra prioridade) usamos o GPS para indicar o lado que acreditávamos estar a via de descida (estava muito nublado e não era possível enxergar o Pico Maior) e começamos a procura. Ficamos rodando e rodando pelo cume até que em uma abertura de 10 segundos pudemos ver realmente onde estava o Pico Maior e encontrar alguns tótens que nos levaram até o topo da via que rapelaríamos. Já eram 18h05, o Sol tinha se posto há meia hora e estava completamente escuro.
Começamos então nossa descida e eu abri o primeiro rapel. Tirando alguns enroscos de corda no começo tudo parecia bem até que começou a ficar complicado de achar a parada. A via que estávamos descendo é apenas uma via para rapel, ou seja, só teria paradas duplas a cada 25 ou 30 metros (se quem a montou for bonzinho e pensar em quem escala usando só uma corda) ou, no pior dos casos, a cada 50 ou 60 m para quem faz o rapel com duas cordas. Em vias "normais" é mais fácil rapelar no escuro já que você vai seguindo as proteções. Em uma via que não tem proteções intermediárias para saber se a próxima esta bem abaixo, para a direita ou para a esquerda, e foi o que aconteceu. Depois de muitos minutos no primeiro rapel procurando a parada consegui a encontrar depois de 50 metros de rapel.
Na sequência o Osvaldo desceu até onde eu estava e, enquanto tirava a corda do freio deixou ele cair. O tempo estava muito frio e ventando o que afeta (e bastante) a sensibilidade dos dedos. Já estávamos tensos com o rapel no escuro e querendo terminar logo, agora perder um freio desanima mais ainda qualquer um. A primeira opção que ele deu foi rapelar usando nó UIAA, mas como são rapéis longos eu não queria que ele fizesse dessa maneira para não torcer a corda (depois é muito ruim de destorcer e nunca volta a fica como antes) então relembramos juntos como fazer um freio só usando mosquetões. Felizmente eu tinha alguns mosquetões ovais e eles ficaram perfeitos nisso.
O Osvaldo abriu o segundo rapel e depois de 25 metros achou uma parada dupla e parou. Desci até ele e começamos a achar que tudo continuaria bem e dentro de poucos minutos estaríamos no chão na trilha para o carro, mas não foi isso que aconteceu.
O Osvaldo começou o terceiro rapel e os minutos foram passando e passando e passando. O frio estava rigoroso e ainda ventava na parada que eu estava e eu tremia muito. Mas mal sabia eu que o Osvaldo estava em situação pior: Ele foi descendo procurando a próxima parada até que a corda acabou e não havia parada.
Depois de muitos minutos congelando a corda se afroxou um pouco e mal conseguindo entender o que ele falava entendi que era para eu descer e procurar as paradas da via e foi o que fiz. Comecei a descer devagar olhando para todos os lados - principalmente para o esquerdo já que tinha visto um P a uns 10 metros na diagonal da parada - e logo tinha descido uns 45 metros e nada de parada. Consegui falar com o Osvaldo e minha sugestão era irmos bem para a esquerda da parede já que eu tinha visto aquele P para a esquerda da parada e achava que encontraria algo para aquele lado. O problema é que o Osvaldo só tinha conseguido liberar um pouco a corda porque ele tinha entrado em um buraco na parede e esse buraco ainda estava bem para a direita e abaixo de uma parede negativa, ou seja, não era fácil ele voltar para a corda (mesmo ainda estando presa a ele) e "andar" pela parede para a esquerda.
A solução foi eu ficar parado onde estava enquanto o Osvaldo jumareava alguns metros pela corda até que conseguisse "andar" por ela. Fiquei parado aguardando e veio um belo susto. Eu estava mais para a esquerda da parada procurando pela próxima e o Osvaldo para a direita, foi ele colocar o peso na corda que eu levei uma queda pendulando que com certeza teve mais de 20 metros horizontais! O nível de adrenalina/stress que já era alto agora estava na estratosfera! Mas depois de estabilizar minha única opção era ficar parado esperando o Osvaldo subir um pouco (quando ele colocou peso na corda ele travou meu freio e não era possível eu subir ou descer, minha única opção era mesmo esperar).
Alguns minutos mais e o Osvaldo conseguiu subir pela corda até um ponto da parede mais positivo (essa descida foi toda muito vertical). Fomos então juntos andando pela parede para a esquerda e eu já pensava que, caso não encontrássemos a parada, a única saida seria ir para o buraco que o Osvaldo tinha achado e esperar até o dia seguinte quando clareasse para descer. Mas felizmente, quando estávamos bem para a esquerda achei a parada! Foi um momento de êxtase, a chance de termos que dormir na parede com frio e vento tinha caído (mas ainda não era nula e tínhamos que manter a atenção a cada movimento que fazíamos).
Como eu estava tendo mais sorte para encontrar as paradas eu fiz então esse rapel. Comecei a descer e depois de algum tempo achei uma parada. Medi quando ainda sobrava de corda e eu tinha descido só 25 metros, então resolvi continuar a descida. Como estava muito escuro e o alcance da minha lanterna é pequeno fui descendo, descendo até que finalmente cheguei ao chão firme depois de mais uns 50 metros de rapel.
O Osvaldo desceu então até onde eu estava, felizes nos cumprimentamos pela escalada e pela roubada que tinha sido descer de noite e respiramos aliviados por não ter que dormir no cume ou na parede, mas ainda não tinha acabado. Fomos puxar a corda e, como não podia deixar de ser, a lei universal de Murphy que diz: "se uma coisa pode dar errado ela vai dar errado" estava lá presente (ficou nos perseguindo boa parte do dia) e, ao puxar a corda, ela enroscou em uma árvore que fica em um platô a uns 15 metros acima de onde estávamos. Tentamos de toda maneira puxar colocando todo nosso peso na corda mas nada. O Osvaldo (que estava craque em jumarear) pediu o tibloc, fez um prussic com um cordelete e começou então a subida até a árvore para liberar a corda. Ao descer ele disse que a corda tinha feito um tipo de laço e se prendido a um galho, não importava o quanto puxássemos nunca iria soltar.
De volta ao chão, agora com as cordas puxadas e dentro das mochilas nos desequipamos e às 21h30 começamos a descida da trilha! Durante a descida tudo correu bem e descemos bem tranquilos e devagar para evitar qualquer imprevisto que pudesse acontecer. Às 22h40 chegamos no carro e viemos direto para o abrigo onde preparei um macarrão com molho de tomate com cebola, milho e atum! Não sei se era a fome, mas tanto eu quanto o Osvaldo achamos ótimo!
Agora são quase 1h30 e estou acabando de escrever o texto para postar depois. Cheguei inspirado e não quis esperar até outro dia já que alguns detalhes acabariam se perdendo.
E como eu comentei na primeira linha do texto, alguns dias servem para superar nossos limites e aumentar nosso nível de conforto em determinada situação. Hoje foi um típico dia que eu sei que está terminando comigo diferente do que começou (e o Osvaldo também). Desde o começo do dia com a procura da via, escalada de um pedaço de via errada, rapel muito arriscado (o mais arriscado que fiz até hoje e eu odeio rapel), escalada de uma via sem certeza do seu caminho quase no seu final e, para completar, a longa procura do ponto de rapel e descida à noite com direito a muito frio, não achar parada e corda enroscada para fechar, isso realmente faz você ver como as coisas acontecem e como é estressante em algumas situações lidar com elas, principalmente em uma situação que você sabe que, se errar você está morto.
Mas isso não é ruim, apesar de um pouco traumatizante (inclusive amanhã nem vamos escalar) serve para melhorar o seu raciocínio e ações em situações limite e no final aumenta o seu nível de conforto te deixando mais preparado para imprevistos.
Algumas fotos das escaladas aqui em Salinas estão no link Escaladas Salinas.
Enviado por Tacio Philip às 19:02:00 de 24/07/2009
19/07/2009 21:15:00 (#232) - Show do Paul Di´Anno no Manifesto Rock Bar
Ontem (18/07/09) foi a apresentação do Paul Di'Anno, ex-vocalista do Iron Maiden, no Manifesto Rock bar aqui em São Paulo.
Eu não esperava muita coisa já que ao meu ver ele é um punk revoltado que faz questão de falar mal do Iron Maiden mesmo depois de quase 30 anos que foi despedido pelo Steve Harris (e hipócrita já que consegue seu sustento tocando músicas dessa fase da banda já que pouquíssima pessoa conhece sua carreira solo). E mesmo assim a época que ele foi o voicalista (até 79-81) não é minha fase predileta da Donzela de Ferro.
Mesmo assim sai com a Paula e fomos no Manifesto no Sábado à noite. Por email me informaram que o local abriria às 18hs, banda de abertura 19hs e o show do Paul às 20hs então saímos de casa 19h15 e por volta das 19h40 já estávamos lá dentro tendo tempo de ainda ouvir algumas músicas com a banda Scelerata, banda Gaucha que além de abrir os shows do Paul está tocando com ele na turnê brasileira.
O show foi bom, a banda é bem afinada e por volta das 20h30, logo depois da banda tocar Ides of March o Paul Di'Anno desce as escadas do Manifesto e começa a cantar Wratchild. O show correu bem alternando algumas músicas da sua carreira solo e algumas do Iron Maiden. As músicas que eu mais esperava ouvir foram Remember Tomorrow e Phantom of The Opera e, mesmo sendo em um ritmo e vocal puxando muito mais para o punk rock (estilo que não me agrada) valeram por ter visto pela primeira vez o Paul Di'Anno ao vivo.
Apesar do show ter sido agitado é fato que mesmo quem é fã do Paul perceber que ele não tem mais o vocal de antes (é só ouvir os primeiros albuns do Iron ou o EP Maiden Japan de 81 para notar a diferença!). Além disso graças a um problema na perna (?) ele quase se arrastou para descer as escadas do Manifesto - mas isso não justifica o vocal, mas o cigarro entre as músicas e o whisky sim.
Mesmo não tendo sido o melhor show da minha vida valeu a pena, vi pela primeira vez o Di'Anno ao vivo em um ano repleto de Iron Maiden onde em Janeiro assisti o show do Blaze Bayley no Manifesto e em Março o Iron Maiden no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Algumas fotos que fiz durante o show já estão no link Show Paul Di'Anno SP.
Set List do show
Ides of March *
Wrathchild *
Prowler *
Marshall Lockjaw
Murders in the Rue Morgue *
The Beast Arises
Children of Madness
Remember Tomorrow *
Impaler
Faith Healer
A Song For You
Killers *
Phantom of the Opera *
Running Free *
Transylvania *
Mad Man in the Attic
Blitzkrieg Bop
(* Iron Maiden)
Enviado por Tacio Philip às 21:15:00 de 19/07/2009
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