Dia 22 de Julho, um dia reservado para descanso depois da roubada do dia anterior (
veja aqui o que aconteceu) eu e o Osvaldo pretendíamos ficar o dia todo sem fazer nada acabamos indo escalar no Morro do Gato com um pessoal do Rio de Janeiro que também estava alojado no refúgio do Sergio Tartari.
O Morro do gato é bem próximo e fomos todos andando até a base da via Bode da Tarde (D1 4o. IV E1 130m) onde ao chegar eu e o Osvaldo nos equipamos e logo comecei a subida. Como tínhamos levado só uma corda de 50 m pensei em esticar direto até a 2a. parada, de onde eu faria a segurança do Osvaldo e ele seguiria o resto. Fui subindo e logo ele me avisou que a corda estava no final. A parada ainda estava uns 10 metros acima e a última proteção que eu tinha passado a uns 8 metros abaixo. Em vez de desescalar falei pro Osvaldo e tocarmos a via à francesa, ou seja, cada um em uma ponta da corda e escalando simultaneamente, e foi o que fizemos.
Segui mais alguns bons metros passando por mais umas 3 proteções mas resolvi parar em uma delas porque o arrasto da corda estava muito grande. Montei então a segurança para o Osvaldo e logo que ele chegou seguiu direto até o final da via de onde fez minha segurança. Dessa maneira nossa subida foi muito rápida e levamos cerca de 45 minutos para escalar os 130 m da via.
No cume ficamos descansando, fazendo muitas fotos dos 3 Picos e depois e mais de uma hora por lá resolvemos descer. Na descida nos despedimos dos cariocas (que ficariam até de noite por lá) e voltamos para o alojamento, tomamos um banho, pegamos o carro e fomos até Nova Friburgo comer uma pizza. Depois foi só voltar para o alojamento, preparar a mochila para o dia seguinte e dormir.
No dia seguinte acordamos às 5 hs com o despertador, levantamos, tomamos nosso café da manhã e seguimos para o Pico Maior de Friburgo. Nossa meta do dia era escalar a via Décadance avec Élégance (D4 5o. VIIa (AO/VIIc) E2 700m).
Chegamos onde fica o carro, pegamos e mochila e começamos a trilha rumo ao Pico Maior. Fomos subindo apreciando um lindo nascer do Sol e logo estávamos na base da via Leste, uma via que eu escalei ano passado.
Voltamos um pouco pela trilha e meio que em trilha fechada e em alguns lances abrindo caminho no peito começamos a procura da Decadance. Fomos contornando a montanha e então às 8 hs, duas horas depois de começar a caminhada achamos uma base confortável que aparentava ser da via que íamos escalar. Nos equipamos e logo comecei a subir. De cara percebi que não estava na via porque não havia uma proteção sequer mas a Decadance devia estar próxima. Como a escalada era super tranquila, um 2o. grau, continuei subindo na esperança de enxergar algum P ou chapeleta e poder ir até ele e continuar.
Fui subindo, subindo, subindo e, em um ponto após uns 30 metros solando, consegui colocar uma proteção em uma fenda e continuei subindo, subindo até que o Osvaldo me avisa pelo rádio que a corda estava no fim. Falei para ele entrar direto e seguirmos à francesa até achar alguma coisa. Continuei a subida e quando cheguei em um platô confortável dei a segurança do Osvaldo até que ele chegou até mim. De lá ainda não víamos uma proteção sequer e pelo guia de escaladas vimos que estávamos no começo da via Paradoxo (D4 6o. VI+ E5 450m).
Pela foto com as vias víamos que a Decadance estava a nossa esquerda e para evitar a perda de tempo de rapelar (ou desescalar já que não havia proteções fixas) e procurar a sua base mais uma vez resolvi continuar escalando fazendo uma travessia até chegar na via. A travessia foi tranquila, passando por trechos de rocha e alguns entre algumas bromélias e logo achei uma parada onde esperei o Osvaldo chegar também.
Na parada mais uma vez olhando os croquis e percebemos então que já estávamos na 4a. parada da Decadance! De lá foi só alegria e continuar escalando seguindo o croqui.
Fomos subindo alternando a guiada e não tivemos problemas até a 13a. parada da via. Na 14a. enfiada o Osvaldo foi escalando e como havia mais chapeletas no caminho de outras vias que cruzam ou pelo menos passam perto da que seguíamos ele se enganou e seguiu errado até a base da chaminé da Leste à esquerda, sendo que a parada que procurávamos estava à direita.
Comecei a subir e a procurar o verdadeiro caminho para a 14a. parada. Depois do Osvaldo rapelar até um platô e eu seguir bem para a direita finalmente achei uma chapeleta e consegui ver o Bico de Pedra para onde tínhamos que ir. Fiz algumas tentativas de travessia, sempre com muito receio já que, se eu levasse uma queda, faria um belo de um pêndulo mas depois de algumas tentativas cheguei até o Bico de Pedra de onde dei a segurança do Osvaldo.
Com um atraso de pelo menos uma hora por causa desse erro e com o psicológico abalado por causa disso continuamos a escalada sendo que guiei a enfiada em articial (onde inclusive levei uma picada na mão de uma abelha solitária que passeava por lá), depois o Osvaldo guiou a 15a. enfiada, eu a 16a. que foi a primeira chaminé que eu gostei até hoje (movimentos muito bonitos em boas agarras e com boas oportunidades para proteger com peças móveis) e cheguei assim até o último "P" da via, o mesmo da via Leste. De lá o Osvaldo seguiu para o cume e eu logo em seguida, chegando por volta das 17h30 e observando os últimos raios de luz.
Diferente de dois dias atrás no Capacete a descida não seria problemática já que eu tinha marcado o ponto de rapel no GPS. Fomos então até o cume, assinamos o livro (que na verdade só tem umas flhas soltas por lá), fizemos algumas fotos e já no escuro partimos para a parada da via Sylvio Mendes, a mais recomendada (e usada) para rapelar do cume do Pico Maior.
Juntamos as duas cordas, passamos pelas proteções e logo comecei a descida. Nessa longa sequência de rapéis tudo correu muito bem, o único momento que desviei um pouco do caminho mas logo encontrei o lugar correto foi rapelando da 9a. parada da via para a 7a. (como estávamos com 2 cordas pudemos descer de 2 em duas paradas para ganhar tempo) onde entrei para a chaminé da esquerda em vez de seguir pelo pilar, mas logo me achei e continuamos então a longa descida.
Fomos descendo e logo chegamos na sequência de chaminés (onde tive que aproveitar para beber e pegar um pouco de água em uma poça d'água "meio parada" já que a minha tinha acabado), fizemos um trecho de trilha, mais um rapel longo, mais uma pausa para guardar uma das cordas, mais trilha, mais rapel, mais trilha e finalmente o último rapel que nos levou até o colo entre o Capacete e o Pico Maior.
Cansados mas aliviados pelo fato da corda não ter enroscado nenhuma vez durante os rapéis e tudo ter corrido bem nos desequipamos, guardamos tudo na mochila e novamente seguimos pela trilha até o carro e de lá para o alojamennto para o tão esperado macarrão com atul, cebola, linguiça calabresa e milho verde!
Depois disso foi só tomar um banho bem quente, um diclofenaco mais um dorflex e desmaiar na cama até o dia seguinte.
Hoje acordamos umas 8h30, arrumamos sem pressa alguma todas as tralhas e agora vamos almoçar. Na sequência partimos de Nova Friburgo e vamos procurar um Acaí em Teresópolis. Se o tempo estiver bom escalaremos alguma coisa pelo Rio, senão não sabemos se vamos para algum lado ou se antecipamos nossa volta para São Paulo.
Algumas fotos das escaladas aqui em Salinas estão no link Escaladas Salinas.
- enviado por Tacio Philip às 19:58:00 de 25/07/2009.
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