Ontem, dia 27/09, depois de quase 2 meses sem escalar em rocha fui escalar no Visual das Águas em Bragança Paulista com o Tiago, Eduardo, Camila e Paola.
Saímos de São Paulo pouco antes do almoço, às 10hs, e depois de uma pausa para comprar lanche na estrada entre Bragança e Piracaia antes das 13hs estacionamos o carro e fizemos os 5 min de caminhada até a base das vias do Visual.
Logo que chegamos entrei na via Liló (5ºsup) a deixando equipada em top para o Tiago, Camila e Paola que a escalaram em seguida. Enquanto eles escalavam equipei também a Só para tirar a zica (6a), uma via que fazia muito tempo que eu não escalava.
Saindo um pouco da Pedra da Sombra fomos então para a Parade do Visual onde o Tiago e a Camila guiaram a Água Mole (4º). Enquanto isso eu fiquei sentado quase dormindo na base da parede e depois entrei na Água que Passarinho Bebe (6a), via que foi depois escalada também guiando pelo Tiago.
Enquanto a Camila tentava também a Água que Passarinho Bebe e depois eu a escalei novamente para desequipá-la, o Tiago escalou a Domingo de Chuva (6a) e eu a Cucaracha Borracha (6a), outra via que eu não escalava há muito tempo!
No final do dia, já por volta das 18hs guardamos os equipamentos, descemos a trilha para o carro e depois de um lento trânsito ao lado do lago do Taboão em Bragança Paulista conseguimos comer um merecido açaí.
De Bragança mais estrada e chegando em São Paulo mais uma pausa para comida no Ragazzo e depois finalmente casa para um merecido banho e noite de sono.
Faziam quase 2 meses que eu não escalava em rocha e realmente isso fez diferença. Nas primeiras escaladas estava muito inseguro na parede (isso foi diminuindo na medida que escalava outras vias) e notei também que parte da resistência e força também se perderam. Hoje mesmo estou com dor nos braços, pernas, costas, dedos e onde mais é possível doer! Mas felizmente no final de semana fechei um plano trimestral na 90 graus e essa semana volto a treinar de verdade!
Enviado por Tacio Philip às 15:24:00 de 28/09/2009
Depois de 16 horas de ônibus entre La Paz e Sta Cruz de la Sierra, 16 hs aguardando o embarque no aeroporto de Viru-Viru em Sta Cruz e mais algumas horas voando, ontem cedo cheguei em São Paulo.
A viagem de retorno correu bem e como sempre com bolivianos que tentavam de um lado ou de outro tirar algum benefício próprio. Desde o ônibus que parou perto da rodoviária de La Paz para recarregar seus porta-malas e receber propinas para transporte de carga extra até eu tendo que pagar excesso de bagagem na viagem de ônibus e de avião para retorno ao Brasil - e com taxa por quilo extra inventada de acordo com a conveniência deles - sempre se tem que tomar cuidado. Mas no final tudo correu bem e estou em casa podendo colocar tudo em dia.
E por falar em colocar em dia, na minha segunda ida para o Condodiri aproveitei para fazer diversos vídeos da escalada, do trekking de aproximação e do próprio acampamento base. Esses vídeos já podem ser vistos no playlist abaixo.
Vou aproveitar que estou com um pouco de tempo (estou no aeroporto de Sta Cruz de la Sierra depois de 16 hs de ônibus vindo de La Paz e agora só faltam 16 hs para meu embarque para o Brasil) e escrever como foi a escalada do Pequeño Alpamayo no meu aniversário, último Domingo, dia 13/09/09.
No dia 12, Sábado, às 8hs da manhã deixei o hotel e fui para a frente da agência do Juan esperar o taxi que eu havia pedido no dia anterior para me levar a Tuni. Cheguei ao local 8h05 e não havia taxi, esperei um pouco, o tempo foi passando e por volta das 8h15 já falei com um taxista e vi quanto cobraria para me levar (na hora não aceitei, mesmo sendo mais barato que o outro que eu esperava). Mais alguns minutos se passaram e o mesmo taxista deu uma volta no quarteirão e voltou dizendo que me levaria pelo preço que eu tinha falado (Bs 120) então coloquei as mochilas no porta-malas e começamos a viagem.
A ida foi tranquila tirando o fato do motorista ter que parar na ida para colocar gasolina, ligar para a mulher falando onde estava indo e depois uma outra pausa para pagar uma multa ou propina para um guarda por tentar furar um pedágio, mas mesmo com tudo isso, depois de 2hs de viagem eu já estava em Tuni negociando com a Lucy (irmã do Rogélio) uma mula para levar minha bagagem ao acampamento base do condoriri.
Em Tuni, com um clima perfeito aguardei vir a mula e antes que ela acabasse de comer chegaram outros dois grupos, primeiro o guia Miguel com 3 Holandesas (e carregando praticamente um condomínio de equipamentos - dizer uma casa seria pouco) e depois 2 espanhóis, o Ernesto e o Dani. Como todos iriam para o mesmo local esperamos até que tudo estivesse pronto e fossemos todos nós com as 7 mulas até o base.
A caminhada foi bem tranquila e para não me desgastar fui no ritmo das mulas junto com os espanhois e a Lucy (a muleira). Só aceleramos um pouco ao chegar do lado da lagoa Chiar Kota porque o tempo estava ficando cada vez pior e ameaçando chover.
Logo que as mulas chegaram armei minha barraca próxima do acampamento do Miguel (minha única preocupação era com possíveis roubos que podiam acontecer enquanto eu estava escalando) e assim que comecei a descansar dentro da barraca o tempo fechou de vez e começou a nevar. Agora eram duas preocupações e o clima me preocupava bem mais.
Algum tempo se passou, fiz algumas fotos e vídeos e tão rápido quanto o tempo tinha piorado ele melhorou e todas as núvens sumiram do céu! Depois disso pude entrar de vez em minha barraca, preparar meu jantar e em seguida ir dormir muito animado com a escalada do dia seguinte.
O despertador tocou 1h da madrugada e depois de poucos minutos de preguiça comecei a me preparar para a escalada. Preparei meu couple noodles com mate de coca de café da manhã, acabei de arrumar a mochila que já estava pré arrumada e às 2h13 estava fora da barraca começando a caminhada até o glaciar. Fui em um ritmo tranquilo e 50 min depois estava na base do glaciar onde o Ernesto e o Dani, que também tinham decidido começar a escalada às 2hs, acabavam de se encordar, colocar os crampons e iniciavam a subida pelo glaciar.
Sem pressa também coloquei meus crampons, bebi um pouco de suco e depois de uns 15 minutos comecei a subida pelo glaciar em um ritmo tranquilo mas constante. Fui subindo e subindo, me assustando algumas vezes com estalos no gelo sob meus pés e logo pude ver mais acima a luz das headlamps dos espanhóis. Continuei no meu ritmo e em menos de 1h os tinha alcançado e resolvi então ir no mesmo ritmo que eles sem me forçar.
Continuamos a subida juntos, os dois preferiam ir zig-zagueando nas encostas mais inclinadas enquanto eu preferia ir direto para cima e logo estávamos acima dos 5000m de altitude chegando na maior greta do caminho. Nessa hora eu estava na frente abrindo caminho mas como eles estavam encordados deixei que passassem enquanto eu bebia um suco - se a ponte de gelo não caisse com o peso deles provavelmente não cairia também com o meu.
Os dois passaram pela ponte por um caminho diferente do que eu tinha feito com o Alcides há uma semana (mas este estava mais marcado agora) e em seguida também o passei, voltando a subir no meu ritmo até que às 6hs cheguei na crista do Tarija pouco antes do Ernesto, do Dani e do nascer do Sol.
Falei com eles e decidimos esperar alguns minutos e aproveitar o visual do nascer do Sol daquele lugar. Aproveitei para descansar, beber um suco, comer uma bolacha e é claro, fazer algumas fotos até que às 6h30 retomamos a caminhada rumo ao Pequeño Alpamayo.
Fomos seguindo, agora subindo até o cume do Tarija e descendo pela sua encosta oposta - uma desescalada em rocha tranquila mas diferente por não ter tirado os crampons - e logo estávamos no colo entre as duas montanhas onde decidimos deixar as mochilas para o ataque final ao cume.
Peguei apenas o necessário (piolets técnicos, GPS e câmera fotográfica) e às 7hs comecei a subida final da crista do Pequeño Alpamayo. O começo foi tranquilo mas quanto mais subíamos mais complicado ficava. Além disso, em alguns momentos ouvimos barulho de gelo se partindo sob nós, o que realmente nos deixava muito assustados e tensos.
Nesse trecho alternamos um pouco a frente eu e o Ernesto sendo que em alguns trechos, onde devia ter uma rampa de neve havia apenas uma rampa de gelo podre com cerca de 50 graus de inclinação onde tinhamos que cavar os degraus para prosseguir a escalada. Fomos subindo em um ritmo bem lento até que a uns 30 metros verticais do cume, bem ao lado de algumas rochas, o Dani disse ao Ernesto que era melhor descerem de onde estavam e então os dois abortaram a escalada.
Como eu me sentia bem e para favorecer estava com um par de piolets técnicos (eles estavam apenas com um piolet de marcha) decidi então continuar subindo. Esperei alguns poucos minutos até que o Ernesto desescalasse até onde eu estava (um ponto mais confortável onde dava para ficar em pé) e assim que ele começou a descer continuei a subida por esse último trecho mais inclinado com 130% de atenção e de lá mais 3 minutos em uma rampa tranquila até o cume da montanha, onde cheguei às 8h20.
No cume comemorei a chegada e o meu aniversário com uma pausa muito rápida apenas para fotos, filme e marcar no GPS o cume e às 8h30 já estava descendo a primeira encosta. Em seguida, em vez de desescalar o último trecho inclinado desci uns 20 metros pelas rochas e depois então voltei pelo camino que havia subido. O Ernesto e o Dani desciam a poucos metros na minha frente (tinham demorado mais porque montaram um sistema de segurança usando parafusos de gelo no trecho mais vertical) e assim que terminaram esse trecho foi minha vez de descer, um passo depois do outro, um piolet depois do outro e agora com 150% de atenção para não cometer nenhum erro (a queda podia não ser fatal, mas seria grave se algo desse errado e isso sequer passava pela minha cabeça para que eu me mantivesse totalmente focado na descida).
Fui descendo, descendo, em alguns trechos o gelo era muito podre com a mesma consistência do gelo dentro de um refrigerador e algumas vezes também soltava grandes lacas até que eu encontrasse, a uns 15 cm de profundidade, um gelo sólido para fixar meus piolets. Da mesma maneira foi para os pés, sendo que na medida do possível fui seguindo os meus passos cavados durante a subida.
A descida foi muito tensa, realmente a escalada mais técnica em gelo que fiz até hoje, mas correu tudo bem. Às 9h15 estava novamente no colo onde alcancei o Ernesto e o Dani então continuamos juntos o nosso retorno.
(obs) - pausa para carregar a bateria e comer uma pizza aqui no aeroporto, vamos ver se não vão me explusar porque puxei uma cadeira pro outro lado para ficar do lado de uma tomada...
O retorno foi pelo mesmo caminho da ida. Do colo escalamos o Tarija pelo seu lado rochoso até o seu cume, fomos para sua crista e então começamos a descida em direção ao glaciar (só desviei uns 5 min para ir até outro pequeno cume bem ao lado para fazer umas fotos). O último momento tenso da escalada foi atravessar a grande greta mas assim que a passei pude realmente relaxar e pensar que estava realmente seguro e agora era só continuar caminhando.
Continuamos a descida e exatamente às 11hs chegamos no final do glaciar onde estava o Miguel e as Holandesas (tinham subido só até o Tarija se não me engano) então tiramos nossos crampons, bebemos algo e depois de alguns minutos de descanso, às 11h20 voltamos a caminhar pela trilha entre as rochas até que ao meio-dia cheguei na minha barraca no acampamento base.
Logo que cheguei entrei na barraca e fui descansar um pouco. As 10 horas de caminhada realmente tinham me cansado e eu ainda tinha que comer, desmontar o acampamento e descer até Tuni para voltar para La Paz, o que realmente me desanimava muito.
Passei cerca de uma hora na barraca alternando entre descanso e beliscar alguma comida e às 13hs comecei a arrumar as coisas e desmontar o acampamento até que, às 13h45, comecei a descida para Tuni com toda minha bagagem em cima de um burrinho teimoso que ficava comendo os matos ao lado da trilha enquanto descia ou, no final da caminhada, ia me seguindo passo a passo.
O caminho de volta foi muito cansativo. Além das 10hs da escalada do Pequeño Alpamayo foram mais 2h15 até Tuni onde cheguei às 16hs. E para piorar eu tinha tratado com o taxista para que me buscasse às 17hs mas ele não apareceu.
Abandonado em Tuni falei então com a Lucy e pedi que chamasse algum outro taxista, o que ela fez prontamente mas o taxista só chegou alguns minutos antes das 19hs e, para piorar, não me levou até La Paz, mas até o começo da autopista em El Alto onde peguei outro taxi que me deixou no hotel em La Paz por volta das 20h30.
No hotel um merecido banho bem quente, 5 minutos no computador só pra avisar que eu estava vivo, cozinhei mais um miojo e em seguida capotei na cama para uma pesada noite de sono depois de uma excelente comemoração de aniversário nas montanhas (primeira vez que comemoro fora do Brasil e para completar em uma montanha fora do Brasil).
Ontem, 2a. feira acordei às 8hs com o despertador do celular, tomei meu café da manhã, comprei a passagem de ônibus para Sta Cruz de la Sierra e, depois de arrumar minhas coisas, me despedir do Juan e arrematar mais alguns equipamentos de escalada e livros na loja Tatoo em La Paz fui para a rodoviária onde despachei minhas mochilas, paguei um pouco de excesso de bagagem e às 18h30 o ônibus partiu (o horário era 18hs mas como sempre houve atraso).
A viagem foi tediosa, 16hs no ônibus em uma viagem que me disseram ter uns 850 km. Chegando no terminal bimodal (ônibus e trêm) em Sta Cruz peguei direto um taxi e estou agora no aeroporto de Viru Viru esperando pelo meu voo (mais 16hs de espera). Deixei minhas mochilas no guarda volume (vou ter que retirar às 22hs) e às 5hs embarco para São Paulo. Vai ser mais uma longa espera mas pelo menos tem internet wifi e de graça aqui.
Resumindo: a viagem toda foi muito boa, aproveitei muito bem os passeios e as escaladas fechando com chave de ouro, com a escalada do Pequeño Alpamayo no dia do meu aniversário.
Amanhã postarei o relato completo mas só para adiantar, hoje, dia 13 de Setembro de 2009 (meu aniversário de 32 anos) escalei em solo o Pequeño Alpamayo aqui na Bolívia.
Vou tentar postar o relato completo e as fotos amanhã, agora preciso dormir, são 21h48 em La Paz e estou acordado desde às 1h da madrugada.
Enviado por Tacio Philip às 22:24:00 de 13/09/2009
Ontem, dia 10/09, fui fazer o famoso downhill de mountain bike La Cumbre - Coroico pela Estrada da Morte, ou como dizem os Bolivianos: La carretera mas peligrosa del mundo, uma antiga estrada que interliga o altiplano com parte da selva boliviana (hoje só frequentada por turistas e mountain bikers).
Acordei cedo, peguei minha mochila com roupa extra que havia deixado pronta no dia anterior e às 7hs o Martin, guia boliviano, me buscou no hotel e me juntei a mais outros 3 participantes: Mathias (um suiço gente boa que mal sabia falar inglês!), Hayley (australiana que estava vivendo no Reino Unido) e Ian (Inglês que falava em um inglês muito enrolado e de tudo que ele falava eu só entendia uns 10%).
Do hotel fomos até a Sagarnaga na agencia do passeio (Pacha - não recomendo muito, no final do post falo os prós e contras) onde tomamos nosso café da manhã e em seguida partimos em uma van até o local chamado de La Cumbre (o cume), a 4635m de altitude onde vestimos as calças e blusas que teoricamente seriam impermeáveis, colocamos capacete, luva e depois de alguns ajustes e trocas pegamos as bicicletas para começar a descida às 10h10.
O começo da descida é por asfalto muito bom e logo que começamos a descer deixamos o Sol para tras e entramos em uma núvem que ficava mais forte a cada metro que descíamos. Continuamos descendo com uma boa inclinação e como levei o GPS no bolso pude ver que ao final desse trecho de 21 km tinha chego a 61 km/h, uma boa velocidade para um local que eu não conhecia, clima horrível com asfalto molhado e bicicleta desconhecida com pneu dianteiro quase careca.
No final desse trecho compramos os tiquetes para a descida (Bs 25) e seguimos agora por uns outros 20 km na van até que saímos a direita da nova estrada asfaltada para a antiga estrada de terra. Lá uma breve pausa e novamente estávamos em cima das bicicletas descendo mais uma vez, agora sim na parte divertida da estrada.
Desde o final do trecho de asfalto continuaram a descer de bicicleta só eu, o Mathias, o Ian e o guia Martin. A Hayley disse estar com muito frio e resolveu então continuar a descida dentro da van que nos seguia e isso até que não foi ruim, todos nós descíamos praticamente no mesmo ritmo, alternando a ordem e sempre colados no guia que fez questão de soltar os freios e descer muito rápido (no final ele mesmo disse que poucas vezes desceu com clientes tão rápido).
A descida é simplesmente ALUCINANTE! Mesmo com o tempo muito fechado, o que fez com que não pudessemos curtir o visual da estrada, valeu muito a pena! Depois de começar a descer um pouco ela se parece muito com estradas de cidades serranas do interior de MG, ou seja, estrada estreita onde na maioria dos casos só da para um carro e meio, chão de terra batida com muitas pedras, vegetação para todos os lados, parede de um lado com precipício do outro e, no nosso caso, muito úmida por causa da neblina e garôa que nos acompanhou todo o caminho. E tudo isso sem contar muitas descidas bem inclinadas que na maioria das vezes terminavam em curvas fechadas.
Nesse trecho não conseguimos a mesma velocidade que no asfalto mas mesmo assim a descida foi muito rápida. A máxima registrada foi 50 km/l (tendo atingido também 49 km/h em outra sessão) e em muitos casos mantendo velocidade acima de 40 km/h, o suficiente para ultrapassar alguns poucos carros e algumas pessoas de outros grupos de bicicleta.
Fomos continuando a descida, sempre colados no guia e fazendo poucas pausas para fotografia (afinal não tinha muito o que ver e todos queriam é soltar os freios e descer) e algumas para lanche e água. Quase no final do trajeto, por volta das 13h50 e logo depois de atravessar um rio onde lavamos um pouco os freios para que voltassem a funcionar fui sair pedalando e simplesmente dividi o câmbio traseiro em duas partes (veja foto)! Como a bicicleta que tinha aguentado todos os trancos durante boa parte do passeio agora estava inutilizada continuei com outra os poucos metros até um local com alguns bares onde terminava o passeio e de onde seguimos de van até um hotel para um merecido banho e almoço (posso dizer que fiz o passeio usando duas bicicletas).
Depois do banho e almoço ficamos um tempo descansando e vendo que haviam mesas reservadas para outros grupos que ainda não tinham chegado (como comentamos entre nós, estavam reservadas para os loosers (perdedores) que desciam de bike bonitinha mas nunca chegavam). O local é baixo, apenas 992 m de altitude e parece muito com interior do Brasil, inclusive com flores iguais. De lá saímos às 15hs (enquanto alguns retardatários ainda chegavam) e às 18hs estávamos em La Paz pegando nosso CD com fotos e camiseta.
E sobre o que comentei da agência, tudo tem seus prós e contras. A agência que eu fui é uma das baratas, existem outras que custam praticamente o dobro e a diferença principal que notei são as bicicletas e as pessoas que vão nelas. Enquanto algumas agências oferecem bike full-suspension de marca conhecida com freio a disco hidraulico e capacete fechado para downhill nós descemos em bikes genéricas apenas com suspensão dianteira (e no meu caso ela não tinha nem folga, ela tinha mesmo um feriado de tanto jogo), capacete normal, selins ruins e freios a disco com cabo de aço muito duros e mal regulados. Mas descer com eles teve também sua parte boa: como éramos um grupo bem pequeno (no final 4 com o guia em vez de grupos com 12 ou 15 pessoas) e todos queriam adrenalina descemos muuuuuuito mais rápido que os outros grupos. Inclusive em um momento ao passar um dos clientes com bike top ele tentou manter o nosso ritmo mas, mesmo estando muito melhor equipado (dava para ver que eles desciam muito mais suaves que nós) o deixamos bem para trás rapidamente. Para mim, como importava muito mais descer correndo do que fazer um passeio no parque com bicicleta confortável o passeio foi excelente! Mas se você não quer cansar as mãos, costas e pernas de tanto segurar trancos, vá com os gringos top de linha passear no parque :-)
De volta à La Paz ontem a noite nem saí para jantar (estava morto de cansaço e tinha almoçado muito bem) então fiquei no quarto, comi um pacote de bolachas e fui dormir. Hoje acordei e depois do café da manhã fui comprar chave de fenda pequena e bateria para o relógio e agora, depois de trocar 2 vezes percebi que é algum problema com o relógio. Ele deu tilt ontem a noite, só não sei se foi por causa da umidade (sua lente chegou a ficar embaçada por dentro) ou por causa do calor da lâmpada onde o coloquei para secar, mas no final o resultado é o mesmo, você coloca bateria nele e ele diz que estão velhas e depois de alguns minutos apaga de vez, vamos ver se volta a funcionar ou se está na hora de eu comprar um novo e só guardá-lo de recordação por marcar tantas temperaturas negativas pelas montanhas por ai comigo.
E amanhã irei novamente para o Condoriri, vamos ver o que vai dar.
E já estão no ar as poucas fotos que eu tirei (e algumas do guia Martin) durante a descida de bike no link downhill la cumbre - coroico.
Enviado por Tacio Philip às 17:10:00 de 11/09/2009
Ontem o dia foi totalmente proveitoso. Acordei, tomei café da manhã no hotel, voltei pro quarto pra não fazer nada, sai pra almoçar e dar uma volta pela cidade, voltei pro hotel pra continuar a não fazer nada (bem que acabei fazendo, na falta do que fazer arrumei as roupas, equipamentos e até organizei a comida por categoria) e no final da noite, antes de deitar pra descansar cozinhei aqui no quarto uma sopa de verduras de inverno com salame e provolone. Resumindo: Foi um tédio!
Hoje, dia 09/09/09 foi um pouco diferente, bem pouco. Acordei pouco antes das 9hs, o relógio despertou às 9hs e às 9:09:09 estava com o relógio e a câmera nas mãos pronto para fazer uma foto dessa data/hora com tantos 9 (isso me lembra até a musica 9 do Mercyful Fate - ouça aqui no youtube). Simples falta do que fazer!
Depois disso levantei, tomei meu mate de coca com pães e depois de dar uma olhada nos emails fui dar mais uma caminhada por La Paz. Sai pelo caminho tradicional descendo a Sagarnaga e a Mariscal Sta Cruz (que estava com 2 quarteirões fechados na altura dos correios por causa de manifestações e deixando o trânsito mais caótico que o normal) e continuei descendo até passar em frente a casa presidencial onde um soldado me pediu para atravessar a rua (não pode passar andando na frente da casa, já tinha passado por isso outras vezes) e aproveitei pra pedir que ele mandasse um abraço pro Evo.
De lá contornei a casa (ela fica no final de uma rua de onde o único caminho é contornar e descer) e acabei saindo na avenida que passa embaixo da Puente de las Americas. Continuei a caminhada, agora só para cima até que saí ao lado da universidade e depois fui almoçar um lanche no Dumbo (e por falar nisso, suco de Lima é uma Laranja azeda ou é um Limão mais fraco???).
Saindo do Dumbo pensei em pegar um taxi até o hotel mas como o trânsito estava completamente parado voltei andando e assim que cheguei pude dar uma descansada antes de ir até a agência do Juan e fechar para amanhã o downhill de bike até Coroico. Esse é um passeio bem tradicional aqui e eu ainda não o fiz, ele sai de um local chamado La Cumbre, a 4700m de altitude e desce, em 70km, até 1200m de altitude na cidade de Coroico por um lugar que costumam chamar de La Carretera Mas Peligrosa del Mundo (a estrada mais perigosa do mundo) por causa da quantidade de acidentes fatais que já aconteceram na época que não havia uma outra melhor para os veículos como há agora. Vamos ver o que vai dar, faz tempo que quero fazer esse caminho e para poder fazê-lo amanhã tive que agora no final da tarde comprar um tênis. Como vim para a Bolívia trazendo apenas botas e papete achei melhor pegar algo intermediário para poder descer um pouco mais confortável. Só espero que o tênis dure toda a descida já que ele me custou caros Bs 60 (equivalente a R$16).
E outra coisa que estou planejando é a minha volta ao condoriri e minha 2a. tentativa de escalar o Pequeño Alpamayo. Se der certo irei para lá no Sábado de manhã para atacar a montanha no Domingo de madrugada (bom modo de comemorar meu aniversário) e depois no final da tarde voltar direto para La Paz. Mas por enquanto são só planos, vamos ver se eu continuo bem até lá e se o clima também colabora.
Agora a noite devo cozinhar aqui no quarto assim como ontem, ainda tenho bastante comida e vou aproveitar para dormir cedo já que me buscarão aqui no hotel amanhã às 7hs.
Voltando do downhill conto como foi e posto as fotografias que devo fazer pelo caminho. E por falar em fotografias, coloquei mais algumas de La Paz no link Bolívia 2009 - La Paz (9a. pagina em diante).
Enviado por Tacio Philip às 18:19:00 de 09/09/2009
Alguns vídeos feitos durante o trekking ao campo base Condoriri e escalada do Tarija.
Vídeo do trekking para o acampamento base Condoriri.
Panorâmica 360º do cume do Tarija, clique na imagem e arraste para girar.
(pode ser necessária a instalação do plugin Apple QuickTime)
Se preferir clique aqui e baixe o arquivo .mov com a panorâmica (498kb).
No último dia 4, Sexta-feira, eu e o Alcides saímos cedo e fomos para o Condoriri. Depois de cerca de 2 hs de viagem de La Paz chegamos ao povoado de Tuni onde logo contratamos o serviço de mulas para levar nossos equipamentos e alimentos até o acampamento base.
Iniciamos a caminhada junto com as mulas e durante todo o caminho, cerca de 9 km, aproveitamos para muitas fotos e depois de 2h30 de caminhada em uma linda paisagem ao redor das represas de Tuni e do Condoriri estávamos ao lado da lagoa Chiar Khota no acampamento base montando nossa barraca.
Montamos nosso acampamento, buscamos água e logo fomos preparar nosso jantar. A temperatura já começava a cair e logo depois do nosso macarrão entramos nos sacos de dormir e fomos descansar. A noite foi tranquila e nós só tínhamos duas preocupações: acordar cedo para subir a montanha e tomar cuidado com nosso equipamento já que mais de uma pessoa havia nos precavido sobre roubos que tem acontecido em acampamentos base na Bolívia enquanto os escaladores sobem as montanhas (a Bolívia não é mais a mesma, além dessa preocupação ridícula no acampamento base na cidade de La Paz agora é fácil te oferecerem marijuana). É realmente lamentável, essa raça de fdp drogado está por toda parte!
No dia seguinte acordamos por volta das 3 hs e depois de um lento café da manhã e organizar as coisas iniciamos nossa caminhada às 5 hs da manhã com uma temperatura de -8 graus sem sequer precisar usar nossas headlamps por causa da lua cheia que iluminava todo o caminho. O início da caminhada foi bem tranquila e depois de 45 min estávamos na base do glaciar colocando nossos crampons e começando a sua subida (eu estava com saudades do som das pontas de aço dos crampons no gelo).
Continuamos subindo e subindo, depois de uns 30 min tive que fazer uma boa pausa para aquecer as mãos e descansar (durante a subida desse tipo de montanha vou concentrado na respiração e se começo a sentir muito frio nas mãos me desconcentro, perco o ritmo e me canso tendo que parar para me recuperar). Alguns minutos se passaram enquanto eu descansava sentado na neve e logo depois continuamos a subida enquanto víamos os primeiros raios de Sol iluminar o cume de algumas montanhas.
A subida é longa e constante e perdemos um pouco de tempo quando chegamos ao campo de gretas que se mostrava muito mais intimidador que da última vez que lá estivemos. Até esse momento não tinhamos sequer nos encordado, levando apenas a corda na mochila, mas como vimos que para atravessar uma grande greta teríamos que passar por uma ponte de gelo achamos melhor montar uma segurança e foi o que fizemos. O Alcides ficou pouco abaixo da ponte, em uma posição estável enquanto eu subia encordado atravessando aquela ponte e torcendo para que ela não caisse. Logo em seguida uma outra greta, essa mais tranquila e a uns 30 metros do Alcides montei uma parada usando os piolets e dei a segurança para que ele se juntasse a mim.
Fizemos mais uma longa parada para descansar, bebemos algo e depois mais um pouco de caminhada, agora uma das partes mais inclinadas que nos levou até a crista final do Tarija de onde pudemos mais uma vez admirar o Pequeño Alpamayo, a montanha mais bonita que vi até hoje!
Ficamos um bom tempo tirando fotos na crista e logo depois subimos seu lance final, quase todo em rocha, até o seu cume a 5366m de altitude. Lá mais uma longa pausa para fotos e para olhar a lagoa de onde saímos de madrugada bem ao fundo e em seguida voltamos para a crista nevada onde haviamos deixado as mochilas para um merecido lanche.
Mais alguns muitos minutos se passaram e mesmo nossa idéia inicial tendo sido escalar o Pequeño Alpamayo estávamos felizes por termos ido até o Tarija e quem sabe a outra montanha não fique para uma próxima tentativa. Mais algumas fotos e então começamos a longa descida de volta ao nosso acampamento às 11h30 da manhã.
A descida, como era de se esperar, foi muito mais rápida que a subida e por volta das 13hs estávamos sentados nas rochas no final do glaciar nos desequipando, comendo e descansando antes de terminar a caminhada até o acampamento onde depois de um bom descanso preparamos nosso jantar e fomos dormir.
A segunda noite no acampamento foi bem mais fria que a anterior. Durante a madrugada o relógio dentro da barraca chegou a marcar -4 graus (então fora deve ter chego a -15 mais ou menos) e quando acordamos havia uma boa camada de gelo nas suas paredes e teto. Nesse momento, como vimos que não estávamos nas melhores das condições e que não seria possível para nós dois escalarmos a Cabeza del Condor decidimos tentar voltar para La Paz nesse mesmo dia.
Saímos da barraca e logo fomos falar com os muleiros sobre a possibilidade de descermos para Tuni naquele dia. As primeiras conversas não foram animadoras mas logo nos disseram para ficarmos prontos ao meio dia que teriam mulas pra levar nosso equipamento para baixo.
Passamos a manhã arrumando lentamente as coisas, conversando, fazendo algumas fotos, almoçamos e por volta do meio dia deixamos parte da bagagem para ser levada pela mula (uma parte tivemos que carregar já que só havia uma mula disponível) e começamos a caminhada de volta a Tuni.
Nosso retorno levou o mesmo tempo que nossa subida - aproveitamos também para muitas fotos - e chegando em Tuni conseguimos direto um transporte com um guia que estava com um americano até La Paz onde chegamos no final da tarde ao hotel para um merecido banho, um merecido jantar e uma mais merecida ainda noite de sono em uma cama quente.
Hoje acordamos cedo e como o Alcides havia recebido ontem um email com uma proposta de emprego e que se ele quisesse ser entrevistado teria que estar na Argentina (onde ele mora atualmente) no máximo 6a. feira fomos na Aerolineas Argentinas onde, ao final da tarde depois de muito esperar, conseguiu trocar a passagem. Agora à noite jantamos e às 22hs ele foi para a rodoviária onde às 22h30 deve ter pego um ônibus para Cochabamba. Lá ele pegará outro para Sta Cruz, depois um voo para Buenos Aires, outro para Córdoba e ai sim um último ônibus para Carlos Paes, onde deve chegar na 4a. feira.
Meu voo de retorno para o Brasil esta marcado para semana que vem e não pretendo agradar a companhia aérea adiantando meu retorno (porque eles cobram taxas para mudar as datas) e ficarei aqui por La Paz mais alguns dias. Nos próximos dias estarei me recuperando da escalada no Condoriri (principalmente os lábios que estão muito rachados por causa do Sol e frio) e aproveitarei também para comprar passagem de La Paz para Sta Cruz, de onde sai meu voo para SP (não quero voltar em mais 16 hs de onibus).
Além disso, se o clima colaborar e eu me animar posso ir para alguma montanha, mas isso não é certeza nenhuma e só vou saber daqui uns dias.
Além de tudo hoje aproveitei também para ajustar e selecionar algumas fotografias aqui para o site. Se a conexão do hotel permitir elas logo estarão no ar no link Trekking Condoriri e subida do Tarija.
Enviado por Tacio Philip às 23:46:00 de 07/09/2009