É, hoje saiu notícia que o Adam Nergal Darski, vocalista do
Behemoth!, foi condenado (multa, com direito a recorrer) por blasfêmia, em um país que parece conseguir ser mais atrasado que o Brasil: a Polônia. Se você já percebeu, eu tenho um "vski" no meu sobrenome por causa da minha ascendência polonesa, mas digo atrasado em comparação ao Brasil por causa da pena de blasfêmia que, para quem não sabe, é crime por ofender alguma "divindade" (???)... mas é um crime que só existe em algumas poucas teocracias que ainda sobrevivem ao século XXI. Nem no Brasil blasfêmia é crime (da-lhe Europa e suas leis que sobrevivem até hoje).
Mas deixando de lado este fato, uma coisa que me surpreendeu e faz eu ter que deixar esse meu preconceito de lado, é ver comentários de "roqueiros" sobre o ocorrido. E quando digo meu preconceito, é de achar que só porque a pessoa curte rock ela é uma pessoa questionadora, aberta, consciente, um ser pensante, mas isso é só preconceito meu mesmo, nem todos são assim, muitos são "roqueiros conservadores", o deve fazer com que os criadores do rock, seja internacional ou não, com sua rebeldia, crítica, atitude etc. tenham apertos no estômago (sem contar os que já morreram e devem se revirar em seus túmulos). Tudo isso talvez por causa de uma nova geração que aprendeu a ouvir rock cantando "oh Ana Julia".
Além disso, outra coisa interessante (para não dizer "enojante") é como cristãos conservadores arregaçam suas manguinhas inquisitoras quando veem alguma notícia ofendendo seus seres imaginários. É só isso acontecer que logo aparecem dúzias (literalmente) deles comentando, de peito estufado e se vangloriando do que dizem, "que ele não faz isso com o Islã", sendo que a justificativa de seu orgulho é que seriam mortos por uma religião mais intolerante que a deles, ou seja, no fundo no fundo, cristão tem inveja de ter nascido em um país cristão onde não é comum cristãos matarem em nome de deus, como é comum em países árabes. E só pondo um parênteses, a crítica do Nergal ao catolicismo é porque ele vive em um país católico, mas para os inquisitores propensos a atitudes islâmicas, já teve banda condenada em país árabe só por tocar rock, isso que vocês defendem, né? Esse é o tipo de "roqueiro" de hoje, inclusive isso me faz lembrar também do Theodor Adorno e a Industria Cultural: Hoje é fácil comprar no shopping um pacote roqueiro, moldado certinho para os conservadores comprarem seus planos de música online, trocarem de celular (e capinha de banda de rock) e usarem camiseta preta de sua banda preferida, um pacote perfeito sem precisar gastar tempo com pensamento crítico já que estão "ocupados" demais nesse mundo frenético olhando propagandas, deixando joinhas e indo para a próxima publicação.
Ah! e só fechando o "textão" (é, para essa geração algo maior que um "tweet" é um "textão" - e duvido que lerão esse meu texto), blasfêmia é o crime antigo que defende os seres imaginários. Intolerância religiosa é o crime que os cristãos praticam ofendendo as pessoas que praticam blasfêmia, desejando suas mortes como seria se o alvo fosse Maomé.
Blasfêmia não é crime. Intolerância religiosa é.
Na imagem (só para ilustrar) "Satan I" de HR Giger.
- enviado por Tacio Philip às 20:44:13 de 17/02/2021.
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