Depois de alguns marca-desmarca e desencontros, finalmente, no dia 08 de Novembro, o Parofes, Aline e eu pegamos estrada rumo ao PNI.
Essa ida, assim como algumas outras, foi das que considero "imperdoáveis de serem desperdiçadas", ou seja, são as oportunidades de ir ao PNI e ficar no abrigo Rebouças, que havia sido reservado por um amigo do Parofes, outro Paulo. Assim, depois de buscar o Parofes em sua casa por volta das 15h, seguimos pelo rodoanel (no intuito de fugir do trânsito) e de lá via Carvalho Pinto e Dutra sentido RJ.
No caminho apenas uma boa pausa para jantar e, como teríamos o abrigo apenas para o dia seguinte, ao começarmos a subida da Garganta do Registro para a entrada do parque já ficamos de olho em possíveis pontos para dormir. Fizemos uma pausa para foto noturna da Serra Fina e logo em seguida, onde esperava esconder o carro e acampar até a manhã seguinte, vimos que agora o local está cercado com guard rails. Com esse leve imprevisto, foi hora de partir para o plano B, que na verdade não existia, mas passou a ser o plano de arrumar algum outro lugar para dormir.
Na estrada de subida em si, como a conheço há um bom tempo, sabia que não teríamos essa possibilidade. Assim, comecei então a descer a estrada que leva ao bairro Serra Negra, na busca de alguma área mais larga onde desse para estacionar o carro, sem atrapalhar a passagem, e ainda armar nossas barracas, o que encontramos depois de alguns quilômetros de descida. Com as barracas armadas e já tarde foi hora de nos recolhermos e dormir.
Na manhã seguinte, dia 09, depois de ouvir o barulho de um carro e algumas motos passando levantamos, desmontamos nosso acampamento e subimos para o parque. No caminho encontramos com o Paulo (que tinha reservado o abrigo), outro Paulo (que já conhecia o Parofes) e o Marcelo, que tinham bivacado no Alsene e seguimos para a entrada, onde além da reserva que tínhamos de Sábado para Domingo conseguimos outra para ficarmos até 2ª feira.
Dentro do parque seguimos até o abrigo, tomamos tranquilamente nosso café da manhã e logo os Paulos e Marcelo chegaram. Com todos "em casa" acabamos de nos arrumar e saímos então para a meta principal da viagem, uma pendência do Parofes, que é o Morro do Cristal, montanha pouco conhecida e muito menos visitada, vizinha da Pedra do Altar e vale do Aiuruoca.
Com o Parofes sofrendo com sua condição (veja aqui seu relato) fomos subindo calmamente, sem pressa alguma, parando para que descansasse e para diversas fotografias.
Fomos seguindo a trilha que leva ao Altar e, pouco depois de começarmos a descida para o vale, enquanto os Paulos e Marcelo seguiram para o cume do Altar nós fizemos uma pausa para um merecido lanche com salame e limão. De lá, olhando o Cristal quase de frente e a menos de 1 km de distância, pensei no caminho que tinha feito anteriormente para subir essa montanha em 2010, indo do vale do Aiuruoca, próximo ao rio, direto para seu cume. Olhando melhor, dessa vez vi que era possível sair da trilha ali mesmo onde estávamos e, depois de atravessar um mato que aparentemente seria meio fechado, seguir por lajes de pedra até seu cume, o que nos pouparia um bom desnível que ganharíamos tendo que descer ao vale.
Tentando achar o melhor caminho fui na frente, seguido pela Aline e pelo Parofes, atravessando a pequena mata com muito mais facilidade do que esperávamos (como o Parofes comentou em seu relato, depois de alguns que já passamos na borda Leste esse foi brincadeira mesmo). Com o mato atravessado e chegando ao col do Cristal começamos então a subida, passando por diversas lajes até a crista final que nos levou ao cume da montanha.
No cume uma longa pausa para fotografias e observar as muitas montanhas ao redor. Algum tempo depois, vendo que o resto do pessoal demorava a chegar a Aline foi procurá-los e tinham seguido o caminho errado, contornando a montanha depois do vara-mato. Com o cansaço só o Paulo fotógrafo subiu até o cume enquanto os outros dois começaram a retornar pelo mesmo caminho de ida.
Do cume do Cristal uma vista privilegiada para o Sino de Itatiaia e a Aline insistindo em irmos para lá, mesmo com o horário um pouco já avançado (era por volta das 14h). Me certifiquei que o Parofes estava bem e, como tinha mais gente para acompanhá-lo na volta (caso desse algum problema), segui então com a Aline para o Sino, descendo o cristal pela face oposta que havíamos subido, bem mais íngreme, que é a face pela qual havia subido na outra vez.
Chegando ao vale entramos novamente na trilha que leva às travessias Serra Negra e Rancho Caído, onde o ritmo conseguiu melhorar e depois de uma hora da nossa saída do Cristal chegamos na base dos Ovos de Galinha, onde fizemos uma breve pausa e logo começamos a subida ao cume do Sino.
No cume assinamos o livro e, desde que decidimos subi-lo, já estava com a ideia de tentar a volta por outro caminho para evitar os longos quilômetros da trilha "normal". Ao assinar o livro vi ainda assinatura do Igor Spanner dizendo que havia subido a montanha indo pela Asa de Hermes, isso foi o motivo para a decisão final de realmente tentar outro caminho: já que tinham passado de lá para cá, podemos passar daqui para lá!
Sem perder muito tempo, já era tarde (umas 15h30) começamos então a descer pela face Oeste da montanha, seguindo, onde encontrávamos, alguns totens deixados pelo Igor há menos de um mês. O começo foi fácil mas as coisas foram se complicando exponencialmente. Primeiro alguns trepa pedras e mata baixa para atravessar, depois muitos labirintos com pedras gigantes e mato fechado para atravessar, sendo que, em um trecho, conseguimos progredir passando por baixo de diversas pedras, em uma quase caverna (com saída super estreita onde era impossível passar com as mochilas).
Com o tempo voando e nós rastejando por aqueles caminhos o fim do dia foi chegando e a tensão aumentando. Eu não queria ter que passar a noite bivacando por ali, sem comida, para ter que continuar ou voltar no dia seguinte. Fomos seguindo o mais rápido que podíamos, o Sol se pôs atrás da Pedra do Altar e, com as últimas luzes do dia, passamos pelo último "crux", que foi achar o caminho para contornar e atravessar alguns enormes precipícios, que nos levou finalmente à base da Asa de Hermes.
Na base, já ficando bem escuro e frio, colocamos os anoraks, pegamos as lanternas e, depois de assinar seu livro, fomos procurar o caminho de retorno, uma trilha não muito aberta mas que sabia que existia e que eu já tinha feito há alguns anos.
Com a adrenalina ainda no sangue, de cara não consegui achar o caminho de volta, principalmente porque eu sabia que contornaria a Asa mas não lembrava para qual lado era. Depois de um descanso para voltar ao "normal" e com mais calma, fomos procurando o caminho e aos poucos o achamos, seguindo então até o col entre a Asa e o Agulhas e, de lá, pelos trepa pedras marcados com totens que nos levou até o riacho e, finalmente a trilha de retorno.
Nessa hora, devido a fome e cansaço, eu estava exausto. Liguei então o piloto automático e, passo a após passo, seguimos de volta ao abrigo, onde chegamos às 22h30, com o Parofes e Paulo quase saindo para ver se tinham sinais de nós nas montanhas.
No abrigo um descanso rápido e na sequência jantar o macarrão que o Paulo tinha preparado para nós (foi ótimo, eu não tinha condições de preparar a janta naquela hora). Depois disso foi só bate papo e finalmente fomos dormir.
Esse caminho que fizemos é muito mais curto que a volta que teríamos que dar pela trilha normal de acesso à Pedra do Sino. Em linha reta, do cume do Sino à Asa, são apenas 480 m em linha reta, o que levamos "apenas" 2h57 para atravessar! Ou seja, roubada total! Sem exageros acho que foi o trepa-pedra/labirinto pior que atravessei até hoje (mas valeu a pena!).
No dia seguinte, Domingo, acordamos sem pressa, tomamos café e ficamos algumas horas na varanda batendo papo e deixando as barracas secar. Na sequência encarei um banho, mais Sol na varanda (fiquei uns 15 min no Sol sem camisa e virei um pimentão), almoço e depois, já na metade da tarde, depois que um dos Paulos e Marcelo tinham ido embora (o outro Paulo tinha ido escalar de manhã com outro pessoal), o Parofes, Aline e eu seguimos pela estrada sentido Prateleiras para algumas fotos.
Ficamos parados batendo papo enquanto a câmera fazia fotos para um time lapse e depois, enquanto o Parofes voltava ao abrigo, a Aline e eu seguíamos rumo ao Prateleiras na esperança de fotografar o pôr-do-Sol.
Com o final da tarde chegamos seguimos a trilha até a base da Pedra da Tartaruga e Maçã, fazendo algumas fotos também da Pedra Assentada e então fomos para a base do Prateleiras, próximo a subida pela face Sul, onde aproveitei para algumas dezenas de fotografias das montanhas na direção Leste e o pôr-do-Sol no Oeste.
Logo que o Sol sumiu no horizonte guardamos as coisas e seguimos então nosso caminho de volta, parando apenas para mais algumas fotos e chegando no abrigo já no escuro.
No abrigo preparamos o jantar, ficamos mais um bom tempo batendo papo e depois fomos dormir.
No dia seguinte, 2ª feira, arrumamos as mochilas, demos uma geral no abrigo e antes das 9h estávamos no carro seguindo nosso caminho. O Paulo aproveitou carona até Engenheiro Passos (de onde voltaria para Resende) enquanto que nós três seguíamos para São Paulo, onde deixei o Parofes em sua casa por volta das 15h.
Como sempre, ir para Itatiaia é muito bom. Apesar de já ter feito muita montanha por lá, tem sempre o que se fazer a mais, as possibilidades são enormes. E, como disse no começo do texto, as oportunidades de ir para lá e ficar no abrigo não podem ser desperdiçadas! E como próximo plano para o parque, quero retornar por lá agora no verão, mas para fotografias, quando a fauna e a flora ficam bem diferentes da que estou mais acostumado a ver em minhas visitas no inverno.
E as fotos podem ser vistas no link Subida do Morro do Cristal e Travessia Pedra do Sino de Itatiaia - Asa de Hermes (PNI) .
- enviado por Tacio Philip às 13:54:38 de 25/11/2013.
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