Hoje à tarde saí para comprar ingressos para um show e, como não tenho paciência alguma para usar o carro em São Paulo, como sempre costumo fazer quando preciso sair para resolver algo pela cidade, fui de bike.
Saí de casa (região da Cursino) perto da 14h20, peguei a Miguel Stefano, um trecho da Bandeirantes, subi para a Indianópolis, desci e entrei na Ibirapuera, segui pela Vereador José Diniz e desci a João Dias até pegar umas quebradinhas (uns 3 quarteirões) e chegar no meu destino, o Citibank Hall. Esse trajeto deu 16.9 km e demorou pouco menos de 1h (uns 45 min de pedal, o resto foi parado em faróis).
Durante a ida não peguei 1 trecho sequer de ciclovia/rota/faixa/etc. - por opção e por não saber o que tem para aquele lado, acho que fazia uns 10 anos que não passava por lá e, inclusive, brotaram várias ruas novas e estações de metrô no caminho (tanto de ida quanto na volta).
Na volta segui pela João Dias, Sto Amaro, peguei um trecho de pouco mais de 1 km de ciclovia, na Hélio Pelegrini, até a República do Líbano, entrei no Parque Ibirapuera, dei uma volta completa, sai para a República do Líbano e Indianópolis, subi para a Jabaquara, peguei um trecho de ciclovia entre o metrô São Judas e Saúde, desci perto do metrô Saúde, Abraão de Moraes, entrada da Bandeirantes, Miguel Stefano e casa.
Agora as conclusões: por não saber se teriam ciclovias emendadas e, por não querer ficar fazendo zig-zag e levar 3 horas para chegar ao meu destino, eu optei por ir pelas avenidas principais, muitas que, eu mesmo considero "impedaláveis", como a Santo Amaro, João Dias, Ibirapuera etc., por causa da quantidade de carros e faixas estreitas. Entretanto, percebi algo estranho: durante quase todo o percurso, me senti apenas "invisível" (o que já é um avanço se comparado com se sentir um "alvo" que os motoristas querem acertar ou, pelo menos, xingar ou passar tirando fina para "te educar que rua é lugar de carro").
Com certeza, deve ter carro que passou do meu lado tirando fina (mas nem dei atenção já que eu tirei muito mais fina de carros enquanto passava pelo corredor, em trechos de trânsito totalmente parado - essas horas o guidão estreito da bike speed é muito bom) e, assombrosamente, não recebi (que eu tenha ouvido) nenhuma buzinada ou xingamento - mas, também não banquei o babaca: em trechos onde a faixa ficava estreita e o trânsito fluía eu puxava bem o ritmo, para não segurar quem estivesse atrás de mim - dei uns tiros que fizeram a perna queimar, principalmente na volta pela Santo Amaro!).
Não sei se, por estar andando em um ritmo forte, no meio dos carros e sem atrapalhar o trânsito (pelo menos na metade do pedalado eu andava no ritmo ou mais rápido que os carros) os motoristas simplesmente "não me viam" ou simplesmente ignoravam. Diferente de quando você está devagar, em ritmo de passeio, atrapalhando o trânsito ou até, quando você está em uma ciclovia na lateral da pista e o motorista te vê passando e olha com aquele olhar de ódio, provavelmente pensando que ele não estaria parado no trânsito se ali fosse mais uma faixa para carros.
Outra diferença que notei foi, certamente, causada pelo fato de eu já estar morando fora de São Paulo durante mais da metade da semana (e sempre pedalando pelo interior): sabe quando você sai para resolver algo pela cidade, de bike, e fica com aquela vontade de dar uma boa esticada no pedal só por lazer e aumentar a quilometragem? É, não senti essa vontade. Ta certo que estiquei um pouquinho, só para dar, pelo menos, 40 km (se eu só tivesse ido e voltado teria dado uns 36 km) mas, eu só vi esse pedal como "ir comprar ingresso e voltar", sem vontade alguma de "passear" pela cidade - essa cidade é realmente "anti-pessoas" se você não estiver escondido dentro de uma armadura.
Outra coisa interessante que notei foi, por não ir por ciclovias e ser um horário no "meio" da tarde, não cruzei com outros ciclistas (e certamente também pela minha escolha de caminho "ótimo" para pedalar). Tirando quando dei uma volta dentro do Parque do Ibirapuera (e logo fugi daquela natureza-artificial), não vi família pedalando, não vi bike courier passando, não vi gente de fixa desfilando, não vi hipster de dobrável ou elétrica indo/voltando do trabalho e nem maloqueiro empinando na contra-mão. Acho que, por isso, me senti também tão invisível (e ignorado) entre os carros - o que foi bom, nem taxista, nem motoboy tentaram me atropelar!
Mas foi interessante. Mais uma vez pedalei na cidade, pelas ruas - onde tenho todo o direito de estar - não fui morto, não matei ninguém, não furou nenhum pneu, fiz o que tinha que fazer sem ficar preso dentro de um carro e pronto. Tudo resolvido.
Ao final, foram 41.6 km, 1h57 de pedal (sem contar as paradas em farol, no total foram quase 3 horas na rua) e uma média de 21.3 km/h, boa para um pedal pela cidade (ah! e máxima de 51.7 km/h, ou seja, como não peguei nenhuma via expressa, ultrapassei a velocidade máxima permitida) :-P
- enviado por Tacio Philip às 18:27:30 de 13/12/2017.
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