Há algumas semanas organizei mais uma ida ao Pico dos Marins, local que considero meu inicio no montanhismo, tendo o subido pela primeira vez em 2000. A ideia desta vez era subir até seu cume, acampar, tentar um cume próximo (Pico Maria) e depois descer. Como novidade, além da Aline e eu iria também o Guilherme Omella para ter seu início no montanhismo em uma bela montanha.
Sendo assim, depois de algumas semanas onde o maior trabalho na organização foi orientar e ir com o Guilherme em lojas fazer compras, no dia 16 à tarde nos encontramos e pegamos estrada rumo a Piquete (onde chegamos pouco antes das 20h depois de só uma pausa na estrada para jantar e quase 2h de trânsito para sair de São Paulo).
Chegando ao Acampamento Base Marins logo arrumamos as mochilas, tirei do Guilherme e deixei no carro boa parte do excedente que ele tinha levado, colocamos as mochilas nas costas e começamos a subida para o Morro do Careca, onde chegamos depois de uns 50 minutos de caminhada. O clima estava agradável, com um mar de nuvens abaixo de nós, e o conjunto do Marins iluminado pela lua crescente. Logo achamos um local plano para montar a barraca, buscamos água e fomos dormir experimentando a barraca-mansão para 3 pessoas que eu tinha pego como Levi há algumas semanas (inclusive lembro que o conheci no dia que subi o Marins pela 1ª vez, estou ficando velho!).
No Sábado acordamos depois de ouvir algumas pessoas passando pelo Careca e, sem muita pressa, fizemos nosso café da manhã, desarmamos o acampamento e começamos a subida por volta das 9h. A subida foi tranquila, encontramos outros grupos subindo ou descendo, fizemos algumas pausas para lanche e outras poucas para foto (o clima não colaborava muito) até que chegamos ao cume do Pico dos Marins às 12h40.
No cume, onde já devia ter umas 8 barracas, procuramos um local para nossa mansão, a montamos e preparamos um ótimo miojo para dar uma energia extra depois da caminhada de subida. Algum tempo depois falei pra Aline e pro Guilherme para tentarmos o Pico Maria, cume vizinho ao Marins que me atraia há algum tempo.
Guardamos as coisas na barraca, pegamos apenas um pouco de água, lanche, câmera fotográfica e headlamp e começamos a tentar a descida para o vale entre os dois cumes por volta das 14h. O primeiro caminho que tentamos foi por algumas lajes de pedra e mar de gravatás mas achei que devia haver algo mais aberto, desistindo de tentar atravessar esse trecho varando mato no peito. Depois de algumas descidas e subidas infrutíferas fomos para mais próximo do cume, seguindo por um caminho que leva até um "banheiro" e que eu resolvi seguir por permitir, no seu trepa pedra, um bom avanço rumo ao vale.
Fomos indo, deixamos os bastões de caminhada em um platô (eles mais atrapalhavam que ajudavam) e continuamos a descida. Eu ia na frente procurando o caminho e quando achava algo com cara de "caminho" os chamava para se juntar a mim. Fomos descendo em um ritmo lento, passei em um trecho por baixo de uma pedra e cheguei a uma rampa de pedra. Olhando para baixo o caminho parecia óbvio mas se eu descesse esse trecho dificilmente teria como subi-lo sozinho. Confiando no "cheiro" do caminho desci me segurando e escorregando ao lado da chaminé offwidth até pisar no platô em sua frente, de onde claramente eu via um caminho por onde alguém já tinha passado (bem aberto!).
Avisei que podiam descer até mim, o Guilherme que estava cansado e meio adrenado resolveu voltar pro cume e logo a Aline chegou onde eu estava (lá eu já pensava como poderia laçar um bico de pedra com o cadarço da bota se ela não conseguisse descer).
Logo que a Aline chegou seguimos o caminho claramente aberto, passamos por um túnel de bambus no vale entre os cumes e logo chegamos ao platô de rocha na base do Maria. De lá até o cume seria um passeio, indo de platô para platô, chegando ao seu cume às 15h.
No cume, observando e fotografando o Guilherme e outras pessoas no cume do Marins, uma boa pausa para uma barrinha de cereal, marcar o ponto no GPS (2407m de altitude) e mais algumas fotografias nos poucos intervalos que as nuvens nos deixava ver alguma coisa.
Depois de muito enrolar, às 15h30 começamos a descida, retornando para o Marins pelo mesmo caminho que tínhamos seguido. O trecho da rampa de pedra pode ser facilmente passado quando subi na perna da Aline, alcançando assim uma boa agarra para as mãos e depois dando o braço para que ela subisse. Não é um trecho complicado, só não dá para errar por causa do abismo que estava nas nossas costas.
De volta ao acampamento encontramos o Gui na barraca, fomos até o cume para uma foto e depois algumas outras próximas da barraca, com o clima cada vez pior e agora com o cume da montanha com mais de 15 barracas (número que contei olhando da nossa!).
Com a proximidade da noite fizemos nosso jantar e logo fomos dormir, acordando algumas vezes devido o forte vento e principalmente por causa da chuva que começava a nos molhar dentro da barraca (o Levi tinha avisado que a impermeabilização do sobreteto estava bem vencida mas eu tinha que comprovar isso na prática...).
No dia seguinte acordamos ainda embaixo de vento e garôa forte. No cume alguns grupos começavam a se organizar para descer, tentando reunir um número maior de pessoas para uma maior segurança. Sabendo disso e sabendo mais ainda como era descer o Marins embaixo de garôa e sem enxergar mais de 15 metros, logo tomamos café, arrumamos nossas coisas e começamos a descer às 9h10, fugindo assim do trânsito que se formaria às 10h (horário programado de um grande grupo).
Apesar de lenta a descida não teve problemas. Mesmo com a neblina eu conhecia bem onde estava e, nas situações de dúvida, ainda apelava para uma ajuda do GPS, que foi útil em umas duas situações.
Na medida que descíamos o clima melhorava um pouco, encontramos um grupo meio perdido que disse que tinha começado a descida às 7h e de lá seguimos juntos pela travessia que leva à crista final de descida para o Careca, onde chegamos às 12h10. Lá uma breve pausa para uns biscoitos e mais um pouco de caminhada até o carro, onde finalmente pudemos tirar as mochilas das costas e as botas dos pés, às 12h50.
Na base encontramos o Milton, ficamos batendo papo alguns minutos e logo depois chega o outro grupo que estava atrás de nós. O tempo foi passando, a fome aumentando, então guardamos as coisas, nos despedimos e seguimos nosso caminho. Da estrada mal víamos o Marins e fomos parar só na entrada de Piquete, no restaurante para o merecido almoço.
De lá mais algumas horas de estrada até São Paulo com a satisfação de dever cumprido tanto por subir até o cume do Pico Maria, que eu ainda não conhecia, quanto por introduzir o Guilherme ao montanhismo em uma montanha que foi também meu início (inclusive com direito a perrengue com chuva de noite e descida molhada e com neblina, exatamente como foi comigo na minha primeira vez).
Algumas fotos da viagem já estão no link Pico dos Marins e Maria.
De volta à São Paulo a rotina de aula, trabalho e no Sábado, dia 24, fomos a Aline, Dom, Nathalia, Carlinho e eu até Atibaia para subir a Pedra Grande. Essa é uma subida que eu já fiz literalmente algumas dezenas de vezes e que acho muito gostosa.
A subida foi tranquila (pelo menos para quem ta acostumado com montanha, a Nathalia xingou um pouco) mas depois de um bom esforço todos chegamos ao seu cume. Lá montei um top rope nas vias de "agarrência" onde todos brincamos um pouco e depois a Aline, o Dom e eu fomos brigar com a "falange vermelha", via que tem um nome bem sugestivo.
Depois de esfolar os dedos a Aline ainda entrou em outra via próxima e logo em seguida começamos nossa descida, passando por alguns grupos que demarcavam a trilha para uma corrida de montanha que aconteceria no dia seguinte (espero não encontrar centenas de embalagens de carboidrato em gel na próxima vez que for para lá). A descida, com a ajuda da gravidade, foi bem mais rápida e logo estávamos no carro e seguindo para a merecida esfiha no Califa.
Ainda em Atibaia uma pausa para sorvete próximo da igreja matriz e depois estrada de volta para São Paulo.
Algumas fotografias desse bate-volta podem ser vistos no link Pedra Grande - Atibaia.
O restante da semana foi com a rotina pós e trabalho, só interrompida por uma palestra que dei na Photoimage Brasil sobre macrofotografia e close-up no dia 28 (4ª feira).
Para quem tem interesse no tema a palestra pode ser vista no youtube e, para quem quer aprender este tipo de fotografia, estou com inscrições abertas para uma turma do curso macrofotografia, assim como curso básico de escalada, ambos agora em Setembro.
- enviado por Tacio Philip às 00:12:04 de 03/09/2013.
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