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25/06/2013 15:16:06 (#477) - Saudades do meu pai - Elio Sansonovski de Oliveira

No dia 23/06 às 22h30 um maldito câncer que chegou sem dar sinais tirou meu pai de mim e da minha mãe. Há muito pouco tempo (acho que uns 2 ou 3 meses) apareceram alguns sinais que não preocupavam muito quem fazia muita atividade física, como tosse e dor na perna. Os sintomas não melhoravam, foram algumas idas a médicos para diversos exames que não concluíam nada até que, há pouco mais de um mês, meu pai foi internado para não sair mais.

Meu pai fazia exames de rotina como se fosse uma planilha de treino e sempre os médicos elogiavam por estar TUDO perfeito. Mas essa maldita doença chegou de mansinho para destruir tudo de vez e quando descobriram (fato que ele e minha mãe acham que conseguiam esconder de mim, mas não sou tão tonto :-P) o câncer já tinha pego o pulmão, coluna e estava em metástase.

No começo da semana passada o vi e conversamos pela última vez, deu tempo de mostrar um pdf de uma matéria minha que ainda vai sair em uma revista, assim como algumas fotos novas e um beijo que acabou sendo de despedida. Acho que mais deprimente que a perda era ver meu pai em uma cama sem poder sequer mexer as pernas (por causa de uma cirurgia na coluna). Como nós sempre gostamos de atividade física imagino como deve ter sido isso. Meu pai e eu fizemos MUITAS caminhadas, escaladas e saíamos muito juntos para resolver as coisas pela cidade (ou apenas para passear) a pé. Única coisa que não fiz muitas vezes junto com ele foi correr, porque nunca gostei, tendo feito só umas 2 x na época que ele corria "só" uns 6 ou 8 km, não quando estava na linha dos 14! Não era justo ele estar preso em uma merda de uma cama de hospital.

Depois desse dia melhorei um pouco mas tive uma boa recaída logo em seguida. Nesse tempo com meu pai internado mais de uma garrafa de vodka secou no meu quarto: uma Viking que eu tinha comprado há uns 8 anos por causa da garrafa, uma Grey Goose porque tinha ouvido falar que é uma das melhores do mundo e a última uma Absolut, que falam bem mas achei uma merda que só tem gosto e cheiro de álcool, que agora está um pouco abaixo da metade. Essa última teve quase metade seca no Domingo, o pior dia da minha vida. E só para dizer, quem me conhece sabe que não sou de beber, no máximo gosto de uma cerveja importada na janta, Stout ou Weiss, mas depois de uma boa pesquisa vi que era a droga legal para inibição do funcionamento cerebral de acesso mais fácil e "adequada" para a minha situação, eu não aguentava mais ter meu cérebro funcionando racionalmente como ele sempre foi.

No Domingo acordei de mais uma noite mal dormida, levei a Aline no metrô para fazer uma prova, dei uma andada pela região do São Judas e de tarde, depois de alguns goles da Absolut conversava pelo chat do FB com o Pedro e o Parofes, que foram os primeiros a saber o que estava acontecendo (além do Lucas que tem mãe médica). Nessa mesma hora, depois de quase meia garrafa e vendo o mundo girar o Osvaldo me ligou indignado por saber que tinham roubado a roda do meu carro no dia anterior e falei que não estava bem (e o problema não era o álcool). Ele mora aqui perto e estava ainda mais perto, no Plaza Sul, então passou aqui e me "sequestrou" para um café no Franz e para conversarmos.

Depois disso ainda fomos juntos buscar minha mãe no metrô Sta Cruz (ela tinha me ligado enquanto estava no café e tinha acabado de sair do hospital, onde o médico disse que estava tudo "bem" e que ela podia ir pra casa), a Aline no São Judas e nos deixou em casa.

Os minutos foram passando e pouco antes da meia noite ligaram do hospital falando que o médico pedia para irmos para lá. Lembro que a única coisa que falei foi: "que merda!". Já sabia o motivo. Chegando no hospital falaram o que já sabíamos, meu pai tinha falecido às 22h34. A médica disse que foi tranquilo, que não sentia dor, que estava calmo mas isso não tira o peso da perda. Poucos minutos depois liguei novamente para "pertubar" o Osvaldo, que ajudou a mim e minha mãe na parte burocrática.

De volta em casa, já no meio da madrugada, não consegui dormir um minuto sequer, avisei os amigos por email, postei uma mensagem no FB e no dia seguinte dar prosseguimento a tudo. Depois de atrasos na locomoção cheguei ao crematório onde pude encontrar muitos grande amigos (como sou filho único eles são como irmãos), os que não puderam ir sei que foi por motivos reais e meu parentes, inclusive uma irmã e sobrinha do meu pai que eu não conhecia (não são de SP).

O velório não foi "triste" como um velório padrão. Mesmo com muitos momentos baixos conseguiam me animar um pouco com conversas e até algumas piadas, exatamente como meu pai sempre foi, fazendo piada de tudo! Com certeza era o velório que ele esperava com família e amigos.

As pessoas tem mania de falar que um ateu muda sua crença quando um avião está caindo ou essa hora, mais um ponto negativo para eles (eu nunca estive um avião caindo mas também nunca soube de um que estava caindo planar por oração). Mesmo muito triste naquela hora eu estava bem menos deprimido que no dia anterior. Ser ateu e saber que o que restava ali era só um corpo, que por uma doença muito grave que faz com que células com mutação se multipliquem pelo corpo, tinha parado de funcionar, ou seja, a resposta mais lógica nessa linha do tempo que vivemos, me consolava. Meu pai fez o que sempre gostou, fizemos TUDO que sempre quisemos fazer juntos e é só. Não precisei, nem nessa hora, de uma "vida após a morte", de uma "alma" ou de algum "deus" com plano diabólico para inventar uma resposta que, para alguns, é mais fácil de engolir.

Às 15h30, horário marcado para a cremação, depois de meus parentes e minha mãe se despedir pedi para a Aline chamar meus amigos e com todos eles redor do meu pai dei meu último adeus, agradeci a presença de todos, fechamos o caixão (obs. meu pai de óculos, foi o único pedido dele) e com a mão em uma das alças carregamos meu pai até o carro funerário. Esse foi o auge daquele processo, senti muito, muito, muito orgulho de ver 5 grande amigos me dando literalmente uma força naquele momento.

Depois disso mais um pouco de burocracia e a escolha de músicas para a despedida. Inclusive as opções eram muito ruins mas no final acho que escolhi as certas, músicas que meu pai sempre gostou e no momento lembrava de ouvi-las no toca fitas quando íamos para Itanhaém de carro: La Vie en Rose, Perhaps Love e Love Story, todas instrumentais e essa última meu pai ainda me ouvia tocar quando estudava órgão, há mais de 25 anos.

No final acabei achando essa cerimônia final desnecessária, são só 10 minutos em um salão com a música ao fundo e o caixão aparecendo e desaparecendo sob o chão, mas mesmo assim me emocionei muito e no final demos uma última salva de palmas para meu pai. Eu achava que a cremação era na hora e só não entregavam as cinzas no dia por estar quente. Ou vai ver que eu achava que colocariam o caixão sobre uma pira em um barco de madeira, matavam alguma mulher voluntária para acompanhar meu pai nessa viagem e com o barco à deriva o víamos queimar em meio à montanhas, chuva e vento frio. Mas disso só teve a imaginação, chuva e vento frio!

Para meu grande pai Elio Sansonovski de Oliveira um beijo, um abraço e uma porrada por ter me enganado falando que viveria pelo menos 350 anos. Você me enganou nisso seu fdp! Sempre te amei.

Não há mais o que falar. Estou muito triste e sentirei muita falta do meu pai e companheiro. Mas a merda da vida não para, pelo menos pra mim não ainda.


Meu pai no cume da Ana Chata em uma de nossas caminhadas. Nesse dia subimos a Ana Chata e a Pedra do Bau.


Meu pai na crista final da Pedra Grande de Atibaia, local que subimos provavelmente uma dezena de vezes literalmente (inclusive meu melhor tempo foi com ele: carro-cume em 1h15).

- enviado por Tacio Philip às 15:16:06 de 25/06/2013.



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