Aproveitando o feriado prolongado e a folga do Victor, logo na 4ª feira por volta das 15h pegamos a longa estradas rumo a Teresópolis, RJ, onde, 500 km depois, chegamos no trailer que havíamos alugado, por volta das 23h.
No dia seguinte, dia 23, a ideia era fazer algumas escaladas de "aclimatação" para nos acostumarmos com a rocha, trilha, etc, ou seja, conhecer o ambiente (principalmente eu que só havia subido o Escalavrado na região). Acordamos cedo, arrumamos as tralhas e bem leves levando só o mínimo necessário (cadeirinha, freio, 4 costuras e uma corda de 8mm), depois de passar em uma padaria para o café da manhã, seguimos para a trilha que leva ao dedo de deus.
A trilha começa bem na estrada que sobe a serra do Rio para Teresópolis, bem ao lado do 3º bueiro de quem desce após o ponto chamado "santinha", e às 9h30 começávamos a subir por suas pirambeiras. A subida é bem inclinada e não dá trégua, mas mesmo assim nossa subida foi boa e depois de 40 min estávamos no trecho onde começa a subida por cabos de aço. Lá uma pausa para água, colocar as sapatilhas e então subir os longos e intermináveis trechos de cabo de aço até que, depois de outros 40 ou 50 minutos, chegamos em baixo de grande neblina, ao verdadeiro início da via Leste do Dedo de deus.
Como o Victor já havia feito essa escalada mais de uma vez ele seguiu guiando a primeira e logo em seguida foi minha vez, me unindo a ele na 1ª parada. De lá segui guiando pela Variante Maria Cebola preocupado com a neblina cada vez mais densa que deixava a rocha molhada e escorregadia.
Mesmo eu estando preocupado com o clima, cada vez mais úmido, como o Victor conhecia bem o caminho e disse que ainda estava "tranquilo" seguimos agora por suas chaminés, passando por um par de escaladores de Petrópolis, até que, pouco depois de 3h do começo da caminhada na estrada chegamos ao cume do dedo de deus, 4ª vez do Victor e primeira minha.
Cume do Dedo de Deus pela Leste (Maria Cebola)
No cume uma breve pausa para fotos, assinar livro de cume, dois videozinhos e, 15 minutos depois da chegada, começamos nossa descida, agora pela via Teixeira, que possui uma linha melhor para os rapéis.
Recado para o Alessandro no cume do Dedo de deus
O começo da descida foi tranquila até o último rapel da Teixeira, quando a corda se prendeu em um cabo de aço e o Victor logo se prontificou a subir um pouco para liberá-la. Tirando isso o restante foi tranquilo, quanto mais descíamos melhor ficava o clima, e aproveitando que estávamos ainda com um bom pique, depois de acabarmos de nos desequipar após o último rapel que nos deixou na base da parede do 1º cabo de aço da subida, resolvemos descer puxando o ritmo, fazendo o trecho que levamos 40 minutos para subir em apenas 16 minutos de descida, tendo completado assim, a subida e descida do dedo de deus (estrada-estrada) em menos de 6 horas (contando pausas, corda presa e a garôa forte que nos acompanhou boa parte do tempo).
De volta ao carro uma pausa para pastel, depois o merecido e longo banho quente (onde aproveitei para lavar a corda que estava imprestável de tão sujo, liberando água que parecia caldo de feijão) e, depois de uma Petra escura em um shoppingzinho fomos para um ótimo rodízio de massas, onde nos empanturramos e depois voltamos para o trailer para dormir.
Para o dia seguinte não apostamos em tempo bom e acordamos tarde, não sendo possível então fazer alguma escalada mais forte. Depois do nosso café da manhã resolvemos então subir o Dedo de Nsa Sra, montanha vizinha ao Dedo de deus, entre ele e o Escalavrado.
A subida foi muito tranquila e, mesmo com os trechos finais em artificial (A1), chegamos ao seu cume, dessa vez ensolarado, depois de 2h15 de caminhada da estrada. No cume algumas fotos, vídeo, assinar o livro de cume e, depois de alguns minutos, começamos nossa descida de volta ao carro, onde chegamos depois de menos de 4h do início da caminhada, parando mais uma vez para o pastel, depois um merecido açaí, antes de voltarmos para o merecido banho. De noite mais uma vez um rodízio de massas (depois também de uma cerveja Teresópolis escura em um restaurante japonês) e antes das 21h estávamos na cama, com os equipos prontos para o dia seguinte, nossa verdadeira meta para a viagem.
Cume do Dedo de Nsa Sra no PNSO
No dia seguinte, Sábado dia 26/07, acordamos 6h, preguiçosos levantamos às 6h30 e tivemos uma péssima surpresa: clima fechado, carro molhado, vegetação molhada e visibilidade zero! Como não seria possível escalar assim voltamos para a cama e fomos descansar, muito decepcionados já que o feriado estava acabando e o próximo dia seria nosso último por Teresópolis.
Sem muita pressa e desanimados saímos do trailer por volta das 10h, tomamos nosso café da manhã e resolvemos fazer então uma trilha. A idéia inicial era o Cabeça de Peixe, com trilha que começa na "Santinha", mas acabamos seguindo por outro leito de rio indo até a base do dedo de deus, onde acreditamos ter encontrado a base da via Os impermeáveis, um big wall com duração de 3 dias que pretendemos escalar dentro de algum tempo.
Mesmo sem nenhum cume esse dia foi cansativo, não existe uma trilha definida mas apenas uma sequência de totens que indicam mais ou menos por onde você deve seguir. Além disso os trechos finais são bem inclinados onde existe inclusive corda fixa para ajudar na progressão. E de uma coisa esse dia valeu: além do exercício físico, reconhecemos e marcamos o caminho para a base da via para um futuro retorno.
De volta ao carro, já no final do dia, depois de umas 5h de caminhada, mais pastel, mais açaí, mais banho e depois, um pouco cansados do rodízio de massas fomos então em um rodízio de pizzas! O jantar foi ótimo e, acompanhado de cervejas Teresópolis e St Gallen, por volta das 21h voltamos para a merecida noite de sono.
O dia seguinte seria nossa última chance para realmente escalar uma das vias para qual fomos para Teresópolis. Então, apostando nossa última ficha, mesmo com uma previsão de tempo informada pela Aline não muito animadora, fomos deitar com os equipos prontos e no dia seguinte subiríamos de qualquer maneira. Mas o relato dessa via merece uma página a parte, e virá nos próximos dias! ;-)